Um novo cenário na Chapada
Distrito de São Jorge, visitado por muitos brasilienses e turistas de toda parte, receberá blocos de concreto nas ruas de terra batida. Mudança é festejada pelos moradores, mas eles se preocupam com o aumento de visitantes
Conforme as pessoas voltavam do feriado, o boato se espalhava – e aumentava. No início, muitos se posicionaram contra as interferências no visual da cidade. Pois estavam tomados pelo receio de afastar os turistas que buscam um roteiro rústico – afinal, a principal atividade econômica do local é o ecoturismo. Mas logo o medo foi substituído por satisfação. De uns anos para cá, aumentou o número de carros que circulam pelas estreitas ruas e, quando passam – normalmente em alta velocidade –, levantam a poeira. “Comer em um restaurante tornou-se terrível, pois a terra sobe e vem para cima do prato. Que visitante acha isso charmoso?”, avalia Marcos Brasil, há 20 anos morador do local e dono de uma loja de suvenires.
Na época de chuva, o cascalho jogado nas ruas, para segurar a poeira, cai dentro do córrego Preguiça, que margeia o distrito. O riacho está assoreando. E não é o único afetado. Os detritos estão desembocando nas águas que correm no Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros. “A obra virou uma questão de sobrevivência para a reserva natural”, avalia Carla Guaitanele, chefe do local. Por isso, a administração do parque tomou o importante papel de fiscalizar os acontecimentos.
Em fevereiro, eles notaram que os funcionários das empreiteiras se instalaram e em São Jorge. Começaram a produzir os bloquetes de cimento de 12 lados, fazer as obras de drenagem e também o asfalto na rodovia. Outdoors foram montados, espalhando as boas novas e causando uma pequena comoção nas ruelas. Cada uma das medidas, entretanto, foi licenciada para uma empresa diferente e, por isso, tomou uma velocidade diversa. No distrito, por enquanto, apenas construção do duto para a escoação da água está nos finalmentes. Mas, mesmo assim, ainda falta subir uma barragem para que não despenquem com as chuvas e piorem o asseoramento do corrégo Preguiça – se a edificação não for finalizada a tempo, a empresa corre o risco de ser multada pelo ICMBio, administrador do Parque Nacional.