O mercado do bem-estar
Brasília está entre as quatro capitais mais promissoras para o setor de spas. Além da preocupação estética, o que atrai a clientela é a necessidade de aliviar as tensões do dia a dia
Em todo o país, existem mil spas. Brasília figura entra as quatro cidades com maior procura. Embora tenha somente 30 estabelecimentos do tipo, é um dos mercados considerados promissores pelos especialistas no setor. São Paulo é o grande centro nacional dos SPAs, mas Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Brasília também têm sido grandes balizadoras desse mercado. Nesses locais, os clientes podem encontrar equipamentos de última geração e conhecer as novidades em procedimentos de ponta.
A capital brasileira segue uma tendência nacional de mercado. A maioria das empresas é de pequeno e médio porte, com faturamento mensal entre R$ 20 mil e R$ 40 mil. Investir em profissionais qualificados, em técnicas novas e na decoração são os principais diferenciais das empresas que começam a ir além da média nacional. “Esse mercado cresce em um ritmo bom, mas não como ocorreu entre 2009 e 2012, especialmente pela desaceleração econômica. Apostamos no próximo ano”, ressalta Gustavo Albanesi, presidente do conselho da ABC Spas.
De acordo com o presidente, as principais dificuldades enfrentadas no segmento são a falta de mão-de -obra qualificada e a rotina ainda pouco frequente das pessoas em spas. “É preciso trabalhar de forma qualificada para atender o cliente com certo padrão e fidelizá-lo”, explica. Albanesi é dono da rede Buddha Spa e atua no segmento desde 2001. Hoje, são 18 estabelecimentos em vários estados, o que torna a rede a maior do país. “Ainda acho que esse mercado está em fase de desenvolvimento. Houve, sim, uma evolução, mas há muito o que crescer ainda”, conclui.
Ciente da necessidade do mercado de serviços de qualidade, Pedro Pinto Vasco e a esposa, Gizelle Monteiro, decidiram aumentar os investimentos no setor. Proprietários da marca Spa & Cia há quase dois anos, tinham duas unidades no DF com o nome: uma no Shopping Pier 21 e outra no Condomínio Living Park Sul. Resolveram alterar a marca dos estabelecimentos para facilitar o início de uma rede de franquias. Transformaram os espaços existentes em Eliá Spa. Abriram ainda uma nova unidade no Terraço Shopping e já têm outros contratos em vista.
O objetivo é abrir spas em lugares diferentes para atender públicos nos mais diversos ambientes. “Vamos ter um spa em um condomínio, dentro de uma academia, em um shopping e já estamos fechando um contrato com um hotel-fazenda, com outro conceito, o de programas de emagrecimento”, revela o sócio majoritário da rede Eliá, Pedro Pinto Vasco.
Cliente do novo espaço, localizado no Pier 21, a advogada e professora Betina Gunther não abre mão de ir ao spa duas vezes por semana. Em um dia, opta pelo relaxamento; no outro, por tratamentos estéticos. “É qualidade de vida, nós nos sentimos melhor. Antes, tinha muita dor nas costas, devido à tensão do dia a dia. Melhorei muito, não vivo sem o spa. Já a drenagem ajuda a desinchar, reduz a celulite”, diz.
A advogada tem uma tática para não pesar no bolso. “Geralmente, faço dois planos, que duram dois meses. Quando acaba uma prestação, já faço outra. O resultado é como o de um tratamento mesmo, vem com o tempo e a assiduidade”, enfatiza Betina, que não hesita em indicar as massagens para amigos e familiares. “Sempre com o retorno de satisfação”, garante.
Há três anos no mercado brasiliense, a empresária e fisioterapeuta Fernanda Gomes da Silva percebe maior procura pelo mercado de relaxamento. Para conseguir atender à demanda, ela precisou abrir um novo espaço em 2013. Inovou. Iniciou uma proposta para atender noivas. “Cada vez mais, as pessoas despertam a consciência de que precisam cuidar do corpo e da mente. A procura aumentou consideravelmente de uns oito anos para cá”, afirma.
Foi um atestado médico que levou a bancária Patrícia de Castro Passos ao spa. A psicóloga indicou como terapia alternativa. Desde março, ela frequenta o Aquamarine Day Spa, uma vez por semana. “Todo mundo precisa disso. Melhorou meu sono e proporcionou o autoconhecimento sobre meu corpo. Antes, perdia até quatro horas de sono por noite”, afirma.
A administradora Helena Mazzaro Peres descobriu a paixão por massagem há dois anos, quando conheceu a técnica com o pai, um frequentador. Hoje, ela vai ao spa ao menos uma vez por mês. Arrisca-se a testar novos relaxamentos, mas o preferido é a ayurvédica. “Para mim, não é futilidade. A massagem faz parte da minha vida. É uma válvula de escape para o estresse. Desligo-me de tudo, relaxo, paro de sentir dores no corpo”, conta.
A empresária Estela Boner é uma das responsáveis por fazer Helena Peres se encantar com as técnicas. Dona do Nuwa Spa, com quatro espaços no DF, Estela é formada em análise de sistemas. Decidiu abrir a primeira loja com o objetivo de cuidar das pessoas. Para isso, paralelo aos estudos da Universidade de Brasília (UnB), lia muito sobre alimentação saudável, meditação e técnicas de massagens. “Fiquei um ano pensando e planejando tudo, até que abri a primeira loja em 2007. Sempre gostei de receber as pessoas de que gosto e trouxe isso para os spas. Receber um toque tem vários reflexos, tira o que não é bom e nutre a pessoa de boas energias”, conta a empresária, que também faz massagens nos clientes.
O Nuwa tem 45 funcionários e atende aproximadamente 1,5 mil clientes por mês. O nome foi escolhido depois de Estela ler um livro . “Vi a palavra e achei interessante. Significa uma deusa da mitologia chinesa. Fiquei com aquilo na cabeça e decidi que seria o nome do spa”, conta. O sucesso do Nuwa é tanto que, recentemente, a maior loja mudou para o Royal Tulip, com vista para o lago Paranoá.
O investimento com a mudança foi feito para agradar à clientela brasiliense e oferecer mais conforto. “Em sete anos, o mercado dos spas mudou muito, cresceu. O brasileiro não tinha muita tradição de frequentar. Hoje, a procura é boa, tem muitos eventos voltados para essa área. Também gosto de estar sempre aprendendo e me especializando. Aqui, sou eu que escolho o som, os aromas. Cuido de tudo”, explica Estela.
MASSAGENS MAIS PROCURADAS
Ayurvédica
A técnica foi desenvolvida na Índia há mais de 5 mil anos. Consiste numa massagem profunda de toda a massa muscular, com manobras de tração e alongamentos, estimulação de pontos e orgãos vitais, reequilibrando totalmente o corpo, as emoções e a mente. Ajuda a alinhar a coluna vertebral, corrigindo a postura corporal, aumenta a capacidade respiratória, estimula a circulação sanguínea e linfática. Nela, são usados óleos vegetais e essenciais, preparados com ervas medicinais.
Shiatsu
A técnica é japonesa e tem raízes na medicina tradicional chinesa. Atua por meio de pressões realizadas nos pontos meridianos de acupuntura, com polegares, dedos, palmas das mãos, cotovelos e pés, equilibrando e aumentando o fluxo energético do organismo. É eficaz no tratamento de dores musculares e relaxamento corporal.
Com ervas quentes
É inspirada nas tradições tailandesa e indiana, com o uso de ervas medicinais
e aromáticas e óleos vegetais, preparados em pequenos pacotinhos, aquecidos
e aplicados em manobras ritmadas e suaves. Com propriedades relaxante, desintoxicante e terapêutica, a técnica alivia dores musculares, inflamações
e desintoxica, sendo um rico complemento aos demais tratamentos corporais.
Drenagem linfática
A técnica estimula a circulação linfática, promovendo a eliminação dos líquidos
e resíduos metabólicos do organismo, com manobras suaves e ritmadas nas vias linfáticas. É muito recomendada para o pré e o pós-operatório de cirurgias plásticas. Também estimula e regeneração dos tecidos e tem aplicação no tratamento da celulite e gorduras localizadas, devido à eliminação de líquidos, além de relaxar.