O velho formato é a nova opção
Pequenos varejistas ganham espaço e avançam na consolidação dos mercadinhos em regiões administrativas e bairros do DF. O atendimento personalizado, a qualidade dos produtos e a praticidade do serviço conquistam consumidores
Até o final de 2012, data do último registro, o DF tinha 2.954 minimercados, mercearias ou armazéns cadastrados. São 105,9 mercadinhos a cada 100 mil habitantes, quatro vezes mais que os hiper e supermercados (quantificados em 22,6/100 mil habitantes). Para a coordenadora Nacional da Carteira de Minimercados do Sebrae, Fabianni Melo, a expansão dos mercados de bairro por aqui ocorre em razão da mudança de comportamento do consumidor, que prioriza a comodidade, proximidade e praticidade. “O modelo minimercado proporciona a conveniência que o cliente precisa quanto a proximidade e rapidez; ele escolhe e compra o produto perto de casa e sem grandes filas, geralmente encontradas em hipermercados”, explica.
A funcionária pública Denise Balduino faz a opção por minimercados há mais de sete anos. Ela mora na região administrativa do Guará e justifica por que prefere as pequenas lojas aos supermercados: “Eu valorizo o meu tempo. Sou conhecida como ‘piolho’ dos mercadinhos pela minha família, porque pulo de uma promoção à outra”, diz. Ela observa que alguns produtos são mais baratos em grandes mercados, “porém, quando analiso a distância, o gasto de combustível e o tempo na fila do caixa, eu acabo optando por aquele que está mais próximo da minha casa ou do trabalho”, conta.
Tanaka acredita que o diferencial do seu mercado é o bom relacionamento com a freguesia. “Eu estou presente na mercearia a maior parte do tempo, mostrando aos clientes as novidades, promoções e dando orientações sobre os produtos. Quando não estou por aqui, os funcionários já sabem que é para seguir o mesmo roteiro”, conta.
Hermes Almeida é colaborador da mercearia há 15 anos e diz que a principal procura é por frutas e verduras. “Vendemos de tudo, mas a maioria da clientela enche o carrinho de compras mesmo é no setor de hortifrúti”, conta. Eles oferecem também o serviço de tele-entrega: “Geralmente o freguês liga, eu separo os produtos listados – selecionando sempre os melhores – e entregamos em casa. É muito mais cômodo”, destaca.
A pesquisa de minimercados do Sebrae aponta ainda outra forte característica dos mercadinhos: o fato de serem provedores de pequenas compras emergenciais, como é o caso do Mercado da Erivanda, tradicional no Guará. A loja não trabalha com o setor de hortifrúti, porém, comercializa itens da cesta básica do consumidor. Arroz, feijão, óleo, manteiga, queijo, açúcar, café, além de produtos de limpeza e higiene, como detergente, sabão e papel higiênico, estão entre os artigos mais procurados pela freguesia. “Tenho clientes fiéis que me acompanham há mais de 25 anos. A maioria vem atrás de produtos que faltam para complementar a compra mensal ou que acabam de última hora em casa”, diz Erivanda Farias Pimenta.
Ainda de acordo com a pesquisa, os principais clientes são pessoas do bairro, que, geralmente, frequentam a loja uma ou duas vezes na semana, gastando pouco tempo e pouco dinheiro.
Vindo de uma família de tios, avós e pais comerciantes, o administrador de empresas Wesley Jacome apostou na rentabilidade do negócio e decidiu investir em um minimercado na região norte de Taguatinga. No Avelar, o empresário já tem uma boa carta de clientes, mas oferece alguns diferenciais para despertar o interesse das pessoas que moram na região. “Eu acredito que a prestação de serviços tem de ser o diferencial. No meu açougue, por exemplo, fazemos cortes específicos e separamos em porções. Manuseamos frutas descascando e fatiando o abacaxi e melancia, além de entregarmos garrafão de água, já higienizado, para os clientes”, explica.
O grande desafio para os mercadinhos, conforme pontua o Sebrae, é a profissionalização do pequeno varejista e seus funcionários. “Geralmente, as lojas são pequenas e familiares e há necessidade constante da presença do proprietário no estabelecimento – o que dificulta o comprometimento e a participação em treinamentos, capacitações e demais ações de conhecimento”, diz Fabianni Melo. Para ela, o pequeno varejo está literalmente com o queijo e a faca nas mãos, porém, é preciso investir na melhoria do negócio (infraestutura), na qualificação dos colaboradores, na administração do estoque e no planejamento de compras, na gestão das perdas e na capacitação empresarial. Fica aí a dica para quem se interessa em investir na área.
Dicas
O Sebrae lista itens para serem conferidos antes de se investir em minimercados (aqueles que têm até quatro caixas de atendimento):
- Conhecer o segmento, as dificuldades, desafios e perspectivas do negócio
- Mapear a localidade onde se pretende estabelecer a loja
- Conhecer os concorrentes, a operação de uma loja de minimercados e os fornecedores
- Entender e conhecer as necessidades do consumidor local para a composição de um mix adequado de produtos
- Desenvolver um plano de negócios, acessando pesquisas de mercado e ter a clareza do público-alvo
- Ter determinação, persistência e espírito empreendedor