Vozes femininas no samba
Veteranas, novatas, intérpretes ou compositoras: qualquer que seja sua preferência, não faltam talentos para bem representar as sambistas brasilienses
Uma influência comum para grande parte das cantoras do ritmo é a familiar. De origem carioca, ou de lares com aficionados pelo ritmo, são integrantes de casas onde pai, mãe, avós e outros parentes usam o samba como forma de comemoração e distração. Esse é o caso de Cris Pereira. A brasiliense de família carioca-capixaba teve “no berço” o primeiro contato com o estilo. A profissionalização na música, no entanto, aconteceu na adolescência, participando de corais. “Gostava muito do coral e, de lá, surgiram outros horizontes. Comecei a acompanhar muitas rodas de choro e samba que dialogavam muito aqui nessa época, no começo dos anos 2000”, conta. Sua primeira banda foi a Batucada de Samba, e a carreira solo começou em 2005.
Kris Maciel, também cantora, não compartilha totalmente as ideias da xará. “Concordo com Cris, sim, quando ela diz que há essa amplitude, mas quanto à união, acho que poderia ser um pouco mais.” Segundo a sambista, Brasília é muito musical e acredita que a cidade tem cantoras belíssimas trazendo de tudo um pouco dentro do samba. “O cenário musical daqui está crescendo, recebendo várias pessoas. Os novos artistas que estão chegando são muito bons e quando junta todo mundo nessas grandes rodas dá para perceber a junção dessas características. Fica superbacana”, diz.
Uma das grandes revelações do samba em Brasília, na opinião de Kris, é Carol Nogueira. A carioca de origem, mas brasiliense desde os 6 anos de idade, teve seu primeiro contato com a música quando cantava junto ao grupo jovem da igreja São Camilo, na adolescência. Mais tarde passou a frequentar sambas e há cinco anos começou a cantar profissionalmente em bares pela cidade. Houve uma época em que deixou a música um pouco de lado para se dedicar à faculdade de direito, mas ficou apenas no diploma. Hoje sua profissão é cantar, tendo projeto financiado por meio do Fundo de Apoio à Cultura (FAC).
Uma representante das compositoras entre as cantoras é Ana Reis. A criação de músicas começou quando foi contemplada no FAC para gravar um disco. O produtor do projeto, João Ferreira, foi quem deu um empurrãozinho para que ela começasse a compor. “Ele foi meu maior incentivador”, conta ela. Assim como Carol Nogueira, Ana começou a tocar em bares em 2005. Antes disso, cantava em igrejas. Foi um amigo que a apresentou ao mundo do samba, a Noel Rosa e a Cartola.
Ana compõe letras e seu estilo é o samba-canção, parecido com o de Paulinho da Viola. Por não fazer a parte musical, sempre acaba recorrendo a parcerias para seus projetos. Inclusive, já tocou projetos com Cris Pereira. Formada em farmácia, vive a complicada rotina de combinar as duas profissões. “É difícil. Sempre convivi nessa encruzilhada”, conta. Atualmente, não toca mais em bares. Está se dedicando ao DVD que vai gravar no ano que vem. Fora isso, só eventos fechados. Os bares ficaram para trás.