A inteligência brasiliense
A capital federal detém os maiores índices de escolaridade do país. Conheça quem são e o que planejam os reitores das maiores instituições de ensino privadas do Distrito Federal, responsáveis por 82% das matrículas no ensino superior
O DF ainda se destaca na educação como o detentor da maior densidade de mestres e doutores. São 18 mestres e 5,44 doutores a cada grupo de mil habitantes. Esses dados são da organização não governamental Centro de Gestão e Estudos Estratégicos, divulgados em 2013. Em segundo lugar nesse ranking está o Rio de Janeiro, com cerca de metade da quantidade de mestres daqui. De doutores, o Rio tem 3,58 a cada grupo de mil.
Na nossa unidade da federação há apenas nove instituições com cursos de mestrado e doutorado reconhecidos pela Fundação Capes. O Centro Universitário do Distrito Federal (UDF), criado em 1967, pretende neste ano mudar essa realidade e entrar para o seleto grupo. A reitora Beatriz Maria Eckert Hoff assumiu o cargo há cerca de um mês e conta que melhorias na instituição já estão planejadas para 2015. “Uma delas, que eu posso destacar, é a implementação do mestrado. Outra grande meta é a ampliação da estrutura física e o aumento do número de cursos existentes, tanto de graduação como de pós-graduação.”
Em outro foco, Beatriz cita o avanço do Centro Universitário em pesquisa com um programa institucional de iniciação científica com bolsas Pibic no CNPq. Essas foram algumas das melhorias que ajudou a implementar enquanto pró-reitora.
Agora à frente do cargo mais alto da instituição, afirma que o plano de gestão da instituição está praticamente finalizado. “O foco é dar continuidade ao trabalho que vinha sendo feito”, explica. “Focar nesta tríade: pesquisa, ensino e extensão. Melhorando cada vez mais o ensino, ampliando os programas de extensão, os de pesquisa e a iniciação científica.”
Nesse cenário de diplomados, as instituições de ensino superior (IES) privadas têm grande participação. Sozinhas, absorvem 82,3% das matrículas, de acordo com a publicação Números do Ensino Privado, estudo lançado em 2013 pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) com colaboração da Federação Nacional das Escolas Particulares (Fenep). E não é à toa. No DF há, de acordo com a Sinopse da Educação Superior 2013, do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira, 63 IES. Dessas, 59 são privadas, divididas entre universidades, centros universitários, faculdades e institutos, e juntas concentraram mais de 170 mil matrículas.
Eda aponta outro motivo para o crescimento na quantidade de estudantes nas instituições particulares. “Se fizer uma administração benfeita, faculdade dá lucro sim. Agora, esse lucro tem de ser reinvestido. São esses investimentos que trazem novos alunos.” De acordo com Eda, sem o lucro o empresário desse ramo não constrói nada, não melhora os laboratórios, não paga os docentes. “Eu sou reitora aqui, mas fico detrás ajudando em tudo que posso para melhorar o ensino. Se o professor é ruim eu tiro. Procuro contratar bons docentes, trazer inovação.”
Uma das últimas conquistas da instituição é a internacionalização. Os alunos já foram para China, México e Estados Unidos. E há cerca de 40 estudantes estrangeiros fazendo intercâmbio na instituição.
Entre os 10 maiores Índices Gerais de Cursos (IGC) no DF, figuram oito instituições particulares. Dessas, quatro – Iesb, UCB, UDF e Upis – agruparam quase 55 mil do total de estudantes de universidades privadas da cidade. Todas elas obtiveram IGC médio 3 e cada uma busca se destacar no cenário educacional e atrair alunos. Para isso, apoiam-se em tradição, metodologias de ensino, criação de novos cursos, investimento em pós-graduação e visão de futuro.
Outra vantagem apontada sobre a instituição que dirige é o fato de ser, de acordo com Vicente, uma das pouquíssimas no Brasil em que todos os cursos têm, no primeiro semestre, processo decisório e criatividade. “Em resumo, nosso diferencial é formar pessoas que aprendam a pensar e utilizem o conhecimento em sua profissão da melhor maneira possível em benefício da sociedade.”
Um ponto que tem sido muito atraente para as IES e têm levado a grandes investimentos na área é a educação a distância. No estudo Números do Ensino Privado, inclusive, é explicado que essa modalidade tem sido particularmente procurada por estudantes que já estão no mercado de trabalho, mas querem investir em qualificação ou reciclagem. No DF, as universidades particulares somam 33 polos de ensino a distância, totalizando mais de 95% dos ingressos totais nessa modalidade.
Apenas na Universidade Católica de Brasília (UCB), há 16 cursos de graduação a distância, 34 de pós-graduação na mesma modalidade e 39 de extensão. Além dos 37 cursos de graduação presencial, nove de mestrado e cinco de doutorado. O novo reitor da Universidade Católica de Brasília, Gilberto Garcia, conta que encontrou uma instituição muito boa ao assumir o cargo. Ele cita como um dos melhores pontos da Universidade a saúde acadêmica. “Uma história de pesquisa bastante reconhecida, corpo docente qualificado. Por isso, eu também atribuo aos gestores que me antecederam todo esse legado.”
Reitor com mais tempo de experiência, Getúlio Américo dirige o Centro Universitário de Brasília (UniCEUB) e já pode citar algumas conquistas da gestão. Ele cita como uma delas, que considera excepcional, a implantação do curso de medicina. Na área institucional, a ampliação e a abertura do novo campus de Taguatinga. Além disso, a instituição que dirige é, de acordo com o gestor, o único centro universitário do Brasil a receber o selo OAB Recomenda em todas as quatro edições do programa.
Para Getúlio, o reconhecimento do trabalho ao longo dos anos aconteceu por meio de premiações. “Somos ganhadores de prêmios como o Spark Awards de Melhor Universidade para Empreendedores”, exemplifica. O UniCEUB também foi vencedor de cinco edições do Prêmio Opera Prima de Arquitetura e Urbanismo, foi premiado no XIX Congresso de Iniciação Científica da UnB e no X Congresso de Iniciação Científica do DF. Recebeu ainda o Prêmio Nacional de Gestão Educacional, conferido pela Confederação Nacional dos Estabelecimentos de Ensino e Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES).
Um ponto de investimento que as instituições têm em comum é a presença de uma liderança forte. Entre reitores e diretores-presidentes, esses são os cargos ocupados por aqueles que serão responsáveis pelo bom funcionamento e crescimento das IES.