Plantando tudo dá
Campeã em produtividade, Brasília tem solo fértil, condições climáticas adequadas e localização geográfica privilegiada para a produção de alimentos. Saiba de onde vem o que é servido à mesa do brasiliense
É do PAD-DF, perto de Planaltina, que vem o trigo mais saboroso do Brasil, de acordo com levantamento do Ministério da Agricultura. Mesmo com a menor área de cultivo de trigo do país, cerca de 1,5 mil hectares, o DF ocupa o primeiro lugar entre as regiões com maior produtividade de grãos no país, com quase seis toneladas por hectare, na safra de 2014/2015, segundo levantamento divulgado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). A média nacional é de 3,5 toneladas por hectare.
A qualidade e a boa produtividade do trigo levaram a Cooperativa Agropecuária da Região do Distrito Federal (Coopa-DF) a criar um moinho de farinha, em 1995. A farinha de trigo Buriti é usada para panificação em todo o DF e Entorno, além de ser vendida em Minas Gerais. Graças a ela o pão vendido no DF é considerado o mais saboroso do país. O que diferencia uma farinha da outra é o peso hectolitro (PH). A farinha brasiliense tem 85 PH. A média nacional é de 78 PH.
No PAD-DF, 25 produtores cultivam trigo. As vendas da farinha Buriti rendem à cooperativa R$ 1,2 milhão por mês, em média. O dinheiro é aplicado em tecnologia, manutenção e em outras despesas. “Em 2014, produzimos mais trigo do que a indústria do DF necessitava. Vendemos para outros estados”, comemora Malinski. O moinho tem capacidade para produzir 60 toneladas de farinha por dia, mas fabrica somente 40 toneladas. A dificuldade em distribuir o produto final em grandes supermercados não justifica a produção em volume máximo. A farinha Buriti é encontrada para venda em pacotes de 1 kg somente em pequenos mercados.
Cada região agrícola tem tradição de cultivo diferenciada. No Núcleo Rural Taquara, em Planaltina, o pimentão é o carro-chefe. Nos últimos cinco anos, a safra dessa hortaliça no DF aumentou em 67%. Em 2009, foram 10.979 toneladas. Já em 2013, a quantidade subiu para 18.342 toneladas. São cerca de 80 toneladas por hectare, enquanto no país a produção gira em torno de 50 a 60 toneladas por hectare. Um dos segredos, além da qualidade do solo e das condições climáticas, é a produção em estufa.
O produtor Maurício Severino de Rezende iniciou o plantio de pimentão em 1990. Dois anos depois, adotou a técnica das estufas. Começou a plantação com duas, hoje, tem 70. “A produtividade não cai, porque o pimentão está protegido da chuva e do sol. Consigo produzir até 400 toneladas por ano”, diz. O pimentão que nasce no solo do DF é exportado para outros estados, como Amazonas, Pará, Goiás e Tocantins. O agricultor tem oito funcionários para ajudar no plantio e na colheita. A produção cresce entre 15% e 20% ao ano. A previsão para 2015 é cultivar mais 20 mil plantas, em sete hectares de área coberta.
No Núcleo Rural Pipiripau, também em Planaltina, o maracujá é o destaque. Enquanto a média nacional é de 11 toneladas por hectare no plantio da fruta, no DF a quantidade é de 40 toneladas por hectare, segundo a Emater-DF. A explicação para o sucesso passa por diversos fatores. Em outros lugares, é comum enraizar 670 pés por hectare, enquanto a Emater-DF ensina aos agricultores a fixarem até 4 mil pés nessa mesma porção de terra. A produção em estufa, na qual o DF foi pioneiro, também ajuda a entender o bom rendimento. Esse método protege os frutos do sol e da chuva. O uso de tecnologia como irrigação e polinização manual é outro fator importante. “As mulheres são muito importantes nesse processo, pois são mais eficientes na polinização manual. Elas passam de flor em flor, fazendo esse trabalho. Temos muitas mulheres na produção de maracujá”, afirma o gerente da Emater no Pipiripau, Geraldo Magela Gontijo. O agricultor Gilberto Ribeiro cita as vantagens de cultivar o fruto. “Ele resiste à seca, não murcha fácil, exige menos irrigação, portanto, plantamos mais com menos água”, diz. Cerca de 20 sacos de 12 kg saem da chácara de Geraldo por semana.
Nos melhores momentos, são 70 sacos a cada 7 dias. O produto é vendido distante do núcleo rural, em regiões como Ceilândia e Samambaia. O quilo é vendido pelo produtor aR$ 2 ou R$ 2,50 para as redes varejistas. Nos grandes supermercados, podem custar até R$ 9 o quilo. Os bons frutos na área rural refletem-se à mesa, na área urbana.