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"Chances de medalha em 2016 são remotas"

A 'rainha do basquete' Hortência falou a Encontro sobre sua carreira e sobre as chances de conquista do basquete brasileiro nas Olimpíadas do Rio no próximo ano

Marcelo Fraga - Publicação:27/02/2015 20:27Atualização:02/03/2015 10:54

Embaixadora das Olimpíadas do Rio de 2016, Hortência Marcari é considerada uma das maiores jogadoras de basquetebol de todos os tempos (Divulgação)
Embaixadora das Olimpíadas do Rio de 2016, Hortência Marcari é considerada uma das maiores jogadoras de basquetebol de todos os tempos
Ícone do basquete brasileiro, a jogadora Hortência Marcari é a maior pontuadora da história da seleção brasileira, com mais de três mil pontos marcados em 127 partidas oficiais. A atleta, que comandou várias conquistas importantes do Brasil, como as medalhas de ouro nos jogos Pan-Americanos de Havana, em 1991, e no mundial da Austrália, em 1994, é lembrada também por seus "suspiros" ao se concentrar para tentar converter os lances livres. Hortência, durante a carreira, sempre esteve ao lado da jogadora 'magic' Paula, outro ícone da seleção brasileira feminina de basquete.

A 'rainha' Hortência esteve em Belo Horizonte para compromissos relacionados às Olimpíadas de 2016 e concedeu entrevista a equipe da Encontro na capital mineira. Confira abaixo:

ENCONTRO – Em 1991, você conquistou com a seleção brasileira a medalha de ouro no Pan-Americano de Havana. Durante a cerimônia de premiação, Fidel Castro fez questão de cumprimentar a equipe. Como foi esse encontro?
HORTÊNCIA – Fidel é uma das figuras políticas mais importantes da história. Então, foi uma honra estar frente a frente com ele, em um evento transmitido ao vivo para o Brasil e para todo o mundo. A conquista do título se tornou ainda mais emocionante com uma presença tão ilustre durante a entrega das medalhas. Ele fez questão de entregar os prêmios e até brincou, dizendo que fizemos muitos pontos porque tínhamos uma 'mira laser' nas mãos. Tenho certeza de que esse título do Pan ficou marcado na mente de todos os brasileiros.

No mundial da Austrália, em 1994, a seleção brasileira eliminou os Estados Unidos na semi-final, e conquistou o título sobre a China. Qual foi a sensação de derrotar uma potência do basquete mundial?
Foi um jogo muito disputado. Para muitos, foi uma surpresa termos vencido aquela partida, mas, para o nosso time, não foi tão surpreendente assim. Sabíamos que estávamos muito concentradas e prontas para ganhar o jogo. Normalmente, nenhuma seleção quer enfrentar os americanos, mas, nós não tivemos medo e nos unimos para derrotá-las. A final, contra a China, também foi um desafio porque perdemos para elas na primeira fase, então, foi uma espécie de revanche.

É impossível falar sobre basquete feminino e não lembrar da parceria com a 'magic' Paula na seleção. Qual foi a importância do entrosamento entre vocês para alcançarem tantos resultados?
A Paula foi uma grande companheira e nos entedíamos muito bem na quadra. Pensávamos na mesma velocidade. Ela, como armadora, e eu, como lateral, formamos uma bela dupla. Eu precisava dos passes geniais dela, e ela precisava das minhas finalizações. A Paula foi uma peça fundamental na minha carreira.

 

É verdade que o apelido "rainha do basquete" foi criado pelos norte-americanos?
Sim. Essa história é interessante porque eu nem sabia se iria disputar as Olímpíadas de Los Angeles, em 1984, e alguns jornalistas americanos vieram ao Brasil, para fazer uma matéria comigo sobre os jogos olímpicos. No fim das contas, o Brasil nem se classificou para os jogos, mas a reportagem deles ocupou três páginas na revista oficial das Olímpiadas e o título era "The Queen" [a rainha, em inglês].

A atacante fez parte da seleção brasileira que conquistou a medalha de ouro nos jogos Pan-Americanos de Havana, em 1991, e recebeu o prêmio das mães de Fidel Castro
 (Márcio Arruda / CB / DA Press)
A atacante fez parte da seleção brasileira que conquistou a medalha de ouro nos jogos Pan-Americanos de Havana, em 1991, e recebeu o prêmio das mães de Fidel Castro
Qual é a sensação de ser a única jogadora brasileira no hall da fama do basquete?
Sem dúvidas é uma honra. Criei uma grande expectativa na primeira vez em que fui indicada, mas acabei não entrando. Já na segunda indicação, deu tudo certo, e tenho essa alegria em minha carreira.

Você acha que o basquete brasileiro está bem organizado, atualmente?
Infelizmente, não. Principalmente o feminino. Vejo o basquete masculino um pouco mais estruturado. Estou sempre na torcida para que a situação melhore e os títulos voltem a aparecer. Mas, ainda precisamos evoluir muito.

Como você vê o preconceito em relação às modalidades esportivas femininas?
Quando você faz o que gosta, e se diverte com isso, não precisa se preocupar com o que os outros pensam. Na minha época, havia muito mais preconceito, mas, eu nunca me importei. Sabia que eu não estava fazendo nada ilegal. Então, por que se importar?

O basquete brasileiro tem chance de conquistar alguma medalha nas Olimpíadas de 2016? Afinal, jogaremos em casa.
Mesmo em nossa casa, não estou muito otimista. Acho que o basquete masculino tem uma grande equipe, e pode até faturar uma medalha. Mas, no feminino, as chances são remotas, porque não temos um time que seja capaz de alcançar um lugar no pódio.

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