Uma blitz nos museus
O acesso à arte na capital federal melhorou, mas a falta de acervo permanente e relevante nos espaços culturais persiste. Encontro Brasília fez um tour pelos principais espaços para mostrar como está o funcionamento
O estudante Sormani Vasconcelos é frequentador assíduo dos museus de arte de Brasília. Encontra variedade e boa estrutura no Museu Correios e na Caixa Cultural, apesar de o acesso durante a semana ser mais difícil para ele. Sormani também gosta muito do Museu Nacional do Conjunto Cultural da República, mesmo sentindo que a construção prioriza a beleza em detrimento do espaço adequado para exposições. Acima de tudo, admira a efervescência da arte em Brasília. Os cariocas Filipi Dias, que é designer, e Yane Cabral, estudante, se encantaram com o Centro Cultural Banco do Brasil da capital federal. Os espaços amplos da área externa, com muito verde, quase ofuscam a dificuldade de acesso por conta da distância do centro. Sobre os museus brasilienses que puderam visitar – Filipi também conheceu o Museu Nacional –, alegam apenas sentirem falta de um local que tenha peças ícones, que chamem a atenção e que marquem a identidade da capital federal.
Achar pessoas as mais diversas em visita aos seis museus de arte de Brasília é tarefa fácil. São muitos os frequentadores. O Instituto Brasileiro de Museus (Ibram) pretende lançar em breve o resultado de pesquisa finalizada em abril deste ano, mas é possível ter ideia do volume de visitantes. É de Brasília um dos recordes mundiais de visitação do ano passado. O Centro Cultural Banco do Brasil daqui recebeu mais de 470 mil pessoas para a exposição Obsessão Infinita, de Yayoi Kusama, o 38º maior número do mundo em 2014. Se o feito não foi repetido em outras ocasiões, o alto fluxo é percebido por quem procura um dos museus nos dias finais de exposição. Longas filas, falta de estacionamento e lotação plena são comuns nesses períodos em qualquer um dos museus da cidade.
Além do CCBB, Brasília conta com o Museu Correios, o Museu Nacional do Conjunto Cultural da República, a Caixa Cultural, o Museu da Cidade e o Espaço Cultural Marcantonio Vilaça. Estão todos listados como museus de artes plásticas em lista fornecida pelo Ibram. Além deles, há dois espaços que se encontram fechados atualmente. O Espaço Cultural Contemporâneo (Ecco), com previsão de rearbetura em dezembro deste ano, e o Museu de Arte de Brasília, que está fechado e sem previsão de abertura.
O resultado da grande frequência da população em museus é o aumento do nível de exigência, segundo explica a professora da Universidade de Brasília e historiadora de arte Elisa de Souza Martinez. Com cada vez maior acesso à arte, visitantes dos museus de Brasília formam critérios de avaliação baseados em tudo o que vivenciam, principalmente naquilo que é relevante à sua realidade. Eles querem a arte que desperte ainda mais a curiosidade afiada. Querem também encontrar a si mesmos. Pretendem ainda ser surpreendidos. E tudo isso sob condições excelentes de estrutura.
A falta de maior acervo permanente e relevante na cidade esbarra ainda no paradoxo da existência de obras de grande valor histórico e patrimonial instaladas em prédios públicos de acesso restrito. Tribunais, ministérios e Congresso, bem como prédios do governo distrital, têm acervo importante, mas que não pode ser visitado livremente por qualquer pessoa. Há algumas que podem ser apreciadas em visitas guiadas pelos locais. Outras, nem isso. Ficam em salas privadas e só são vistas por autoridades e funcionários. “Hoje, questiona-se o papel dos museus como detentores de uma leitura universal da arte, mas continua sendo inegável seu papel como lugar de confluência para os debates em torno do que denominamos ‘histórias da arte’”, ressalta Elisa Martinez.
“Mas ainda acho que poderia haver melhor divulgação de projetos como esse e também das opções de acesso aos museus”, diz Vanusa.
Um importante passo para a universalização do acesso e grande vantagem dos museus da cidade é a gratuidade. Todos os seis museus mencionados têm livre acesso às exposições, e o fato deve ser celebrado. A melhor forma de a população honrar o privilégio é mantendo a alta frequência aos locais. Em troca, espera-se que esses lugares mantenham o compromisso de fornecer espaços de expressão, reconhecimento e crescimento. “O papel do museu é tornar o que é exposto familiar, necessário”, diz a pesquisadora Elisa Martinez.
Informações:
Museu Nacional do Conjunto Cultural da República
Endereço: Setor Cultural Sul, lote 2, próximo à Rodoviária do Plano Piloto
Horário de funcionamento: de terça a domingo, das 9h às 18h30
Telefones: (61) 3325-5220 e 3325-6410
Site: sc.df.gov.br
Caixa Cultural
Endereço: SBS Quadra 4, Lotes 3 e 4, Asa Sul
Horário de funcionamento: De terça a domingo, das 9h às 21h
Telefones: (61) 3206-9450 e (61) 3206-9449
Site: caixa.gov.br/caixacultural
Espaço Cultural Marcantonio Vilaça
Endereço: Setor de Administração Federal Sul, Quadra 4, Lote 1, Térreo do edifício-sede.
Horário de funcionamento: de segunda a sexta, das 9h às 19h, e aos sábados, das 14h às 18h
Telefone: (61) 3316-5221
Site: tcu.gov.br/espacocultural
Centro Cultural Banco do Brasil
Endereço: SCES, Trecho 02, lote 22
Horário de funcionamento: de quarta a segunda, das 9h às 21h
Telefones: (61) 3108-7600 /
Agendamento do Programa Educativo: (61) 3108-7623/7624
Site: culturabancodobrasil.com.br
Museu Correios
Endereço: Setor Comercial Sul, Quadra 4, bloco A, nº 256
Horário de funcionamento: de terça a sexta, das 10h às 19h. Sábados, domingos e feriados, das 12h às 18h
Telefone: (61) 3213-5076
Museu da Cidade
Endereço: Praça dos Três Poderes - Centro Cívico
Horário de funcionamento: De segunda a domingo, das 9h às 17h
Telefones: 3325-6163 e 3325-6244
Site: sc.df.gov.br