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Tal mãe, tal filha

Histórias e segredos de mulheres cuja beleza e jovialidade de mães as aproximam - mais do que o imaginável - das filhas

Publicação:24/02/2016 10:35Atualização:25/02/2016 08:22

Pode até não parecer. Porém, elas são, sim, mães e filhas. Se parar e prestar bastante atenção, será possível enxergar um ou outro traço genético para não restar dúvida sobre o parentesco. Porém, a beleza e jovialidade de algumas mães as aproximam tanto das filhas que fica difícil mesmo acreditar. Quase sempre com pouca diferença de idade, elas acabam se tornando mães-irmãs, mães-amigas ou verdadeiras “irmães”. Com tanta semelhança, compartilham roupas, sapatos, viagens, baladas, segredos e histórias para toda uma vida. Mas, não se engane: na hora da bronca, o lado materno também fala alto. Por fim, entre as satisfeitas com a parecença e as nem tanto assim, tudo se resolve com uma boa dose diária de amor e carinho.

 

A sintonia entre mãe e filha pode causar, inclusive, confusão sobre quem é quem, a depender do grau de proximidade das duas. E estar ao lado da estudante Manuella Fonseca Ribeiro Lacerda de Camargo, de 25 anos, e da pedagoga Teka Kazantzi, de 43, demanda atenção. Vez ou outra é impossível saber quem tem mais cara de mãe e quem tem mais jeito de filha. Para começar, as duas moram com uma terceira amiga em um apartamento na Asa Norte. Dividem a casa perfeitamente, assim como compartilham roteiros de viagem, posam de forma divertida para fotos e somam centenas de histórias impublicáveis. Tudo isso juntas. A diferença de menos de 20 anos é uma das explicações para toda essa parceria.

'Minha mãe  tem o espírito jovem. Está sempre feliz e é assim: muito moleca', diz Manuella (à frente) (Raimundo Sampaio/Encontro/D.A Press)
"Minha mãe tem o espírito jovem. Está sempre feliz e é assim: muito moleca", diz Manuella (à frente)

Juventude, beleza e tanta cumplicidade não poderiam render histórias mais divertidas do que as duas têm para contar. “Uma vez viajamos para São Paulo e fomos a uma balada. O combinado era não dizer que éramos mãe e filha. Chegamos e nos comportamos como amigas. Ninguém poderia dizer o contrário. Assim começamos a inventar histórias, falamos que éramos primas e não houve desconfiança. Foi divertido”, lembra Manuella. Esse caso foi há quatro anos, mas o que não faltam são episódios. Há um mês, aproximadamente, em uma loja de sapatos, as duas foram interrogadas sobre o parentesco. “Como a diferença de idade é pouca, as pessoas se assustam. Quando Manu me chama de mãe ou eu a chamo de filha, logo questionam: ‘meu Deus, não parece nunca’”, comenta Teka.

 

Além da questão da idade, as duas surpreendem no comportamento. Teka faz o estilo garota. Os cabelos curtos, levemente desalinhados, o jeito de vestir, quase sempre de jeans e tênis, além das tatuagens à mostra, que dão o tom da jovialidade. É despojada até no jeito de falar. Se fosse para apostar diante dessa descrição, Teka seria apontada facilmente como a filha da relação. Totalmente ao contrário disso, Manuella é mais séria, gosta de maquiagem e salto alto. Conserva as unhas bem feitas e o cabelo, mesmo moderno, é menos ousado do que o da mãe. Tem horas em que elas próprias se confundem. “Parecemos irmãs, mas somos mãe e filha. E tem horas que o bicho pega. Nunca me esqueço da minha responsabilidade”, afirma Teka. “Ela manda e eu obedeço. Mas acaba que às vezes misturamos mesmo. Eu mando, ela obedece. O fato é que sou mais séria e minha mãe mais moleca”, justifica Manuella.

 

Teka não vive mais com o pai de Manuella, mas conta que a relação deles, enquanto casal, sempre foi de muita proximidade com os filhos. Conversas, saídas, confidências, tudo foi sempre tratado da forma mais íntima possível e o resumo da vida até agora é bem claro para mãe e filha: a relação não poderia ser melhor. “É muito bom, não temos problema com nada disso, com essa semelhança e parceria. Sempre que precisa, o lado mãe aparece”, conta Manu.

 

'Conversamos muito e sobre tudo. Às 
 vezes, até o que não deve. É quando
 lembro que ela é minha mãe einterrompo: ah, mãe, não precisa de 
detalhes', conta Priscila (à dir.). Andréia  corre pelo menos 5 km por dia e bebe
muita água pela manhã:  sem 
procedimentos estéticos ou cremes
caros, mas cuidados regulares 
 com a beleza. (Raimundo Sampaio/Encontro/D.A Press)
"Conversamos muito e sobre tudo. Às
vezes, até o que não deve. É quando
lembro que ela é minha mãe e
interrompo: ah, mãe, não precisa de
detalhes", conta Priscila (à dir.). Andréia
corre pelo menos 5 km por dia e bebe
muita água pela manhã: sem
procedimentos estéticos ou cremes
caros, mas cuidados regulares
com a beleza.
Os cabelos loiros e lisos e os sorrisos largos da mãe Andréia Martins Rafael e Silva, de 41 anos, e da filha Priscilla Martins Rafael Barros e Silva, de 24, também não deixam dúvidas sobre o parentesco. As duas também já se acostumaram com as perguntas “vocês são amigas?” “Irmãs?” E a resposta, às vezes, parece até brincadeira: “Não, ela é minha mãe”, diz Priscilla. A jovem veterinária lida com esse tipo de questionamento desde os 15 anos de idade. Amadureceu muito cedo, criou corpo e, em pouco tempo, estava muito parecida com a mãe. Andréia, por sua vez, sempre muito jovial. “Sempre a mesma frase e espanto quando estamos na rua, em um shopping, por exemplo, e ela me chama de mãe”, conta Andréia.

 

Acostumadas a dividir roupas, sapatos e bijuterias, Priscilla e Andréia não perdem a oportunidade de irem juntas às compras. Uma opina na escolha da outra, incentiva a adquirir uma determinada saia ou vestido, até porque sabem que usarão uma as coisas da outra. “Quando eu falo para as vendedoras chamarem minha mãe, elas sempre arregalam os olhos. Já sei o que vão falar. Sim, sim, somos mãe e filha”, responde, de imediato, a menina. As duas são tão parecidas que os mais desatentos podem ser pegos de surpresa. Histórias curiosas não faltam na memória. “Um vizinho nosso, um senhor de idade, me viu chegando de carro. Assim que parei, ele veio perguntar se papai e mamãe estavam bem. Eu ri e disse: sim, estão, obrigada. Ele achava que eu era a Pri”, comenta Andréia.

 

Segredo para tanta jovialidade, segundo ela, não tem. Pelo menos nada milagroso. Os cuidados com a beleza sempre foram regulares, nada em exagero, sem procedimentos estéticos ou cremes caros para o rosto ou o corpo. Andréia corre pelo menos 5 km por dia e bebe muita água pela manhã. Priscilla, nos últimos tempos, tem dedicado toda atenção a uma clínica veterinária recém-montada. O tempo virou artigo de luxo, mas para as duas é preciso pouco. “A gente se fala pelo olhar”, resume Priscila. E se há parceria na hora de escolher e dividir as roupas e os acessórios, de sair para as baladas sertanejas, na hora do trabalho não é diferente. Andréia deixou o serviço há pouco tempo, depois de atuar durante anos na parte administrativa de unidades de ensino, e, agora, está à disposição da filha para tocar o novo negócio.

Para mãe e filha, tanta semelhança física e comportamental nunca foi problema. “Não tem um lado negativo. Isso nos fez ser muito parceiras. Criamos um companheirismo. Conversamos muito e sobre tudo. Às vezes, até o que não deve. É quando lembro que ela é minha mãe e interrompo, e digo: ah, mãe, não precisa de detalhes”, sorri Priscila.

Uma das consequências da afinidade entre mães e filhas é a aproximação das gerações. Elas entram uma no mundo da outra. Não faltam exemplos na mídia com esse perfil: jovens, bonitas e muito parecidas. Os holofotes, atualmente, estão voltados para a musa fitness Gabriela Pugliesi, de 30 anos, e a mãe dela, Vera Minelli, que com 51 anos passa facilmente por irmã da musa. Basta uma das duas postar fotos nas redes sociais para chover comentários sobre o inacreditável fato de serem mãe e filha. Com o sucesso de Gabriela, que reúne mais de 2 milhões de seguidores no Instagram atrás de dicas de malhação, Vera também passou a ganhar seguidores e chegou a falar que também se dedicará a um blog para ajudar mulheres com mais de 35 anos a chegarem à terceira idade parecendo mais jovens.

Segundo especialistas, a fórmula para isso não tem muito segredo. Uma injeção de botox ali, um tratamento para celulite lá, atividade física, clareamento dos dentes e um bom cuidado com a pele. Não tem jeito. Mesmo que a genética ajude é importante contar com alguns auxílios para conseguir manter a jovialidade e a beleza em dia. “Acreditamos na genética, como uma herança, mas os tratamentos estão aí para potencializar. Sem esquecer do hábito saudável, que faz toda a diferença. Comer alimentos gordurosos, tomar muito refrigerante e exagerar nos fast foods acaba com tudo”, indica a empresária e cirurgiã dentista Rita Trindade. No spa médico odontológico que leva seu nome, localizado no Lago Sul, ela está acostumada a atender mulheres nesse perfil. “Hoje em dia não são casos isolados. Muitas mulheres têm dedicado tempo para se cuidar. Estão malhando, cuidando do corpo e da pele”, afirma. No entanto, fica a dica: “Não adianta cuidar só por fora. As pessoas que vivem reclamando da vida e de mau humor ficam mais feias, assim como as pessoas mais leves ficam mais bonitas. É importante ter um bom estado de espírito também. Cuidar por dentro e por fora”, aconselha Rita Trindade.

Quem vê Andrea Brilhante e Nathália Brilhante Barbosa provavelmente não apostará que são mãe e filha. Andrea esbanja beleza no auge dos seus 45 anos. Os olhos verdes e os cabelos cacheados realçam a jovialidade e é, justamente, esse detalhe que entrega o jogo da maternidade precoce, que trouxe Nathália, de 24 anos, ao mundo. Olhos e sobrancelhas muito parecidas, as duas passariam por amigas, se não fosse tanta semelhança no conjunto como um todo. São detalhes que as tornam quase idênticas, mas ficam apenas na imagem. Enquanto Andrea rabisca os salões de dança de salão de Brasília, em bailes de samba e bolero, Nathália prefere pesquisar passagens aéreas para ir a um baile de funk no Rio de Janeiro. Semelhanças e diferenças equilibradas com dois sentimentos: amor e respeito.

'Ela é uma mulher forte, decidida, inteligente, de coração enorme. A filha que pedi a Deus', relata Andrea (à esq.) (Raimundo Sampaio/Encontro/D.A Press)
"Ela é uma mulher forte, decidida, inteligente, de coração enorme. A filha que pedi a Deus", relata Andrea (à esq.)

A percepção de que são tão diferentes na personalidade talvez nem as deixe perceberem o quanto são parceiras. Nathália, de fato, mais forte, firme e decidida. Já Andrea, sempre adoçada. Mesmo certa das palavras, tem mais meiguice. No entanto, há cumplicidade sempre. Os questionamentos sobre serem mãe e filha começaram em um período difícil da vida da Nathália, a adolescência, com 16 anos. Talvez por isso, no começo, tal questão trouxe um breve conflito. “Até pessoas que não me conheciam olhavam para mim e diziam: você é filha da Andrea, não é? Isso era em todos os lugares que conheciam minha mãe. Eu tinha muito medo de que as pessoas esperassem que eu trabalhasse como ela, falasse como ela, ou seja, que eu fosse como ela. Mas ninguém é como ninguém, somos únicos”, afirma a jovem.

Desde pequena, Nathália já dizia que seu sonho de consumo era trabalhar e morar sozinha. Há um ano e meio, ela conseguiu realizá-lo depois que passou em um concurso federal para trabalhar com licitações. Andrea também trabalha na área de licitações, mas como consultora de eventos, fora do serviço público. “Na personalidade, o que temos de parecido mesmo são só duas coisas: a persistência na vida, que faz a gente ter foco no que quer e ir atrás, e a ansiedade”, diz Andrea. “Ah, nem tanto, sou ansiosa só no trabalho”, retruca Nathália. E as tais diferenças que já foram problema no passado, hoje, servem para reforçar a admiração que uma tem pela outra. Vão se esforçando dia após dia para encaixar um horário na agenda e não deixarem de se ver, pelo menos uma vez na semana, no horário de almoço. “Claro que eu sempre achei lindo dizerem que ela é a minha cara. É amor em primeiro lugar. Ela é uma mulher forte, decidida, inteligente, de coração enorme, a filha que pedi a Deus”, garante Andrea. “Minha mãe é guerreira. Passou muita coisa e cresceu muito como mulher e como mãe. Admiro mais do que tudo”, complementa Nathália.

Com Rachel Camargo, de 38 anos, e Lays Camargo da Costa, de 18, as semelhanças incluíram até a gravidez precoce. As duas foram mães aos 16 anos. As duas são estudantes e as duas não acham de tudo legal serem tão parecidas. Rachel teve Lays com 19 anos. A segunda filha de um casal que teve, ao todo, três meninas. Todas lembram a mãe, no entanto, por conta da atual idade, Lays é a mais parecida. Para alguns, a cópia. Cabelo, boca, olhos, tudo igual. “As pessoas comentam muito. Postei uma foto no ano novo e muita gente curtiu e disse que estamos, realmente, iguais”, conta Rachel. Na rua, no comércio, no shopping, também não tem erro. É sempre a mesma coisa. Poucos acreditam que Rachel, tão jovem e bonita, é mãe da Lays, que faz o estilo “mulherão”. “Para minha mãe é bom porque ela sai como nova. Mas eu fico como a velha. Me sinto velha assim. E também tenho ciúmes dela, claro”, reclama a jovem.

'Tem horas que ela esquece que  eu sou a  mãe e fica difícil me levar a sério, então, tenho de lembrá-la', brinca Rachel (à esq.)
 (Raimundo Sampaio/Encontro/D.A Press)
"Tem horas que ela esquece que eu sou a
mãe e fica difícil me levar a sério, então,
tenho de lembrá-la", brinca Rachel (à esq.)
Os problemas da maternidade ainda jovem vão além dos conflitos entre mãe e filha. Para Rachel, existe um preconceito velado sobre esse perfil de mãe. “As pessoas, muitas vezes, falam: nossa, você é a mãe? Mas nem sempre é de forma positiva, pela beleza. Acham que porque sou nova não cuido direito. Não é abertamente, mas você sente que a pessoa está duvidando por isso também. Essa é uma das partes chatas”, comenta. O outro lado é a relação com a filha. Rachel recorda que em algumas situações Lays deixou prevalecer o lado amiga da mãe. “O momento pra ela está difícil, jovem, e as pessoas entram muito nesse ponto de que parecemos mais amigas. Ela acaba acreditando nisso e tem horas que esquece que sou a mãe. Por vezes fica difícil me levar a sério, então, tenho que lembrá-la”, brinca Rachel.


Lays ouve bastante dos amigos sobre a parecença com a mãe. Porém, discorda. “Meu sorriso é diferente, minha sobrancelha é mais grossa, nariz e olhos também não parecem”, frisa. As fotos podem tirar qualquer dúvida. “Tá, sei que somos mesmo parecidas. E a única parte boa é que eu a acho bonita. Então se sou a cara dela, sou bonita também”, alivia a menina.

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