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Para entrar em forma

Malhar sozinho, com personal trainer, ir para a academia ou fazer esporte coletivo? Quais as vantagens e desvantagens de cada método?

Paloma Oliveto - Publicação:29/02/2016 13:05Atualização:29/02/2016 13:28
É hora de tirar a poeira do tênis, deixar a acomodação de lado e colocar em prática a resolução tomada ainda em 31 de dezembro: começar uma atividade física. Com uma academia para cada 4,7 mil habitantes, Brasília é, de acordo com uma pesquisa do Sebrae, a capital da malhação. Isso não quer dizer, porém, que todo mundo que se matricula frequenta, de fato, o estabelecimento. Passada a empolgação inicial, muita gente continua pagando mensalidade, sem pisar na esteira. Ou, no caso dos que contratam um personal trainer, desmarcando as aulas.

Nem sempre a culpa é da preguiça. O mais provável é que a escolha da modalidade tenha sido equivocada. Afinal, um tímido provavelmente se sente pouco à vontade em aulas coletivas, nas quais tem de interagir com os demais. Ao mesmo tempo, pessoas que adoram fazer amizade e precisam do estímulo dos colegas têm vontade de dormir se precisarem malhar sozinhas ou apenas na presença do instrutor. Daí a importância de considerar os gostos, as necessidades e as disponibilidades (inclusive financeiras) antes de escolher onde e como malhar.

Gustavo Alencastro gosta de 
se exercitar em ambientes 
movimentados: 'Muitas vezes 
estamos  cansado e os colegas 
nos animam' (Raimundo Sampaio/Encontro/D.A Press)
Gustavo Alencastro gosta de
se exercitar em ambientes
movimentados: "Muitas vezes
estamos cansado e os colegas
nos animam"
O coordenador da área de musculação da Cia Athletica de Brasília, Filipe Feijó, explica que quem opta por aulas coletivas em uma academia são pessoas que gostam de interagir e sentem necessidade do estímulo dos colegas para se exercitar. “Muitas vezes, os alunos marcam de ir com os amigos”, diz. A extensa lista de aulas diferentes que compõem a grade horária são outro atrativo, pois quem prefere a academia convencional paga apenas uma mensalidade e pode fazer diversas modalidades. Dependendo do estabelecimento, além das tradicionais turmas de ginástica localizada e spinning, há opções como dança de salão, MMA, vôlei, ioga, tecido e natação, entre outras.

A possibilidade de malhar e, ao mesmo tempo, interagir com muita gente é o que atrai às academias o advogado Gustavo Alencastro Veiga de Araújo, de 32 anos. Frequentador há 18 anos – 14 deles na Cia Atlhetica –, ele diz que se sente mais motivado e animado exercitando-se com outras pessoas. “Eu me identifico com ambientes movimentados. Inclusive, prefiro vir à academia no horário em que está mais cheia, mesmo tendo de revezar os aparelhos com outros alunos”, conta. Além de musculação, ele faz crossfit todos os dias, em dois horários: no intervalo do almoço e depois do trabalho. “Comecei há um ano. O que mais gosto é esse diferencial da animação da aula, é contagiante. É uma atividade mais dinâmica. Corremos, revezamos com colegas; muitas vezes estamos cansados, mas os colegas dão um empurrão e nos animam”, avalia.

O advogado chegou a fazer quatro anos de pilates, com um instrutor só para ele, como atividade extra. Embora tenha gostado da experiência, Gustavo prefere mesmo o clima agitado das aulas coletivas e da sala de musculação dividida com os outros alunos. “Quando tenho tempo, fico ali, batendo papo com os colegas. Conheço muita gente, falo com todo mundo”, diz.

De acordo com o professor Filipe Feijó, em uma academia há perfis diversos. Tem gente que prefere não participar das aulas coletivas por não gostar tanto de interagir com os outros frequentadores, optando por se concentrar nos aparelhos de ergometria e musculação. É um aluno com características semelhantes ao do que malha com personal trainer, mas que se matricula na academia ou porque não quer pagar mais caro ou porque preza pela liberdade de escolha do horário.
 
“Nunca fui de fazer aula coletiva”, conta a bancária Daniela Corda Honesko, de 29 anos, que malha há 12. Para ela, uma das grandes vantagens da musculação em academia é poder ir a hora que quiser. “Além disso, o custo do personal é muito alto. Para quem é iniciante, é bastante válido porque a pessoa pode se lesionar ao malhar errado. Mas não sinto essa necessidade, já que me exercito há muito tempo, as pessoas até pensam que sou personal”, diz. O maior estímulo de Daniela são os resultados da atividade física, que esculpiu seu corpo. “Eu tenho facilidade para emagrecer e os exercícios me deixam com mais massa muscular”, diz. Por isso, ela não precisa de ninguém para dar uma força a mais: todos os dias, religiosamente, a bancária dedica 1h30 ao treino.
'Para iniciantes, personal trainer é melhor porque a pessoa pode se lesionar ao malhar errado. Mas não sinto essa necessidade, já que me exercito há muito tempo', diz  (Andre Violatti/Esp. Encontro/D.A. Press.)
"Para iniciantes, personal trainer é melhor porque a pessoa pode se lesionar ao malhar errado. Mas não sinto essa necessidade, já que me exercito há muito tempo", diz

Depois de trabalhar 12 anos em academia, o educador físico Marcelo Queiroz passou a dar aulas no Studio Free Move, onde cada aluno tem seu próprio instrutor. Ele reconhece que, no estabelecimento convencional, a mensalidade é mais baixa e o fluxo intenso de pessoas serve de atrativo para quem gosta de interagir. “Normalmente, as academias também oferecem aulas como ginástica, natação, step e jump”, lembra. Contudo, Marcelo também vê algumas desvantagens. “O aluno faz o exercício sem uma observação mais detalhada, aumentando o risco de uma lesão. Muitas vezes, os alunos chegam com séries montadas por blogueiras e começam a executar o treino por conta própria. Claro que existem exceções, com academias e profissionais excelentes. Mas o grande fluxo de alunos dificulta muito o trabalho dos professores”, observa.

O instrutor diz que, no geral, quem procura um estúdio está em busca de treinos individualizados e diferenciados, que podem ser adaptados de acordo com a situação. “No caso de imprevisto, se o aluno chega com uma dor de cabeça ou estressado por causa do trabalho, o profissional altera o treino, fazendo alongamento ou relaxamento, pois o personal tem uma visão de longo prazo dos benefícios do exercício”, conta. Ele recomenda que pessoas mais velhas optem pelas aulas individuais para evitar problemas musculares ou cardiovasculares.
Daniel Heyden Boczar nunca foi fã de academia: a saída encontrada foi malhar com o personal Marcelo Queiroz (Andre Violatti/Esp. Encontro/D.A. Press.)
Daniel Heyden Boczar nunca foi fã de academia: a saída encontrada foi malhar com o personal Marcelo Queiroz
Há três anos e meio, o alarme de Daniel Heyden Boczar, de 40 anos, soou. Até então sedentário, resolveu começar a nadar. Contudo, o fôlego não acompanhava a vontade de chegar ao outro lado da piscina. Os músculos também não tinham força suficiente para o movimento vigoroso exigido pela água. Como é médico, sabe que é fácil o aluno se lesionar quando não tem prática. Além disso, Daniel nunca foi fã de academia. Ele, então, optou por malhar com o personal Marcelo Queiroz. No início, fazia duas vezes por semana. Os resultados positivos – eliminou gordura corporal e ganhou definição e condicionamento – o motivaram a aumentar a frequência. Desde novembro, o médico se exercita no estúdio cinco vezes por semana. “No sábado e no domingo, sinto até falta”, diz, orgulhoso de, agora, nadar 2 km com tranquilidade. Ele diz que não troca o personal trainer por nenhuma academia. “Quero fazer tudo certo”, afirma.
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