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Eu também preciso me vacinar?

Pouca gente sabe, mas adultos têm um cartão para manter atualizado se quiserem se proteger de doenças infecciosas. Encontro Brasília ouviu especialistas para responder às dúvidas mais comuns sobre o tema

Publicação:01/03/2016 16:50Atualização:01/03/2016 18:06
 (Divulgação)
Na infância, aquela caderneta cheia de carimbos costuma provocar calafrios. Está associada à choradeira e à “picadinha de mosquito”, que não dói nada, mas assusta mesmo assim. O que muita gente não sabe é que, mesmo depois de crescidos, todos devem manter em dia o cartão de vacinação. Apesar de a maioria das imunizações, de fato, serem feitas durante os primeiros anos de vida, jovens, adultos e idosos não podem se descuidar. Necessidade de reforçar as doses, surgimento de doenças emergentes e desenvolvimento de novas substâncias que protegem contra enfermidades infecciosas exigem atenção ao calendário de vacinas.
'Deveria ser um hábito verificar a carteira de vacinas quando se faz o checape', defende a infectologista Ana Rosa Santos (Ana Rayssa/ Esp.CB/ DA Press)
"Deveria ser um hábito verificar a carteira de vacinas quando se faz o checape", defende a infectologista Ana Rosa Santos
“As primeiras imunizações foram desenvolvidas para crianças, para conter os elevados índices de mortalidade infantil. Ao lado da oferta de água potável, nenhuma outra iniciativa aumentou tanto a expectativa de vida e salvou tanta gente quanto a vacina. Mas ela vai muito mais além do público infantil”, esclarece o médico Renato Kfouri, presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (Sbim). “Hoje, nós sabemos que a vacinação é importante em qualquer etapa da vida, mas há uma falta de cultura geral da população, dos serviços e dos profissionais de saúde”, lamenta.
A infectologista Ana Rosa Santos, integrante da diretoria da regional DF da Sbim e gerente médica do Sabin Vacinas, conta que, no geral, adultos só costumam se lembrar das vacinas quando precisam viajar para algum local que exija determinadas imunizações ou quando há surtos de doenças. “Deveria ser um hábito verificar a carteira anualmente, quando as pessoas fazem o checape”, defende. Ela lembra que, ao manter o cartão atualizado, os adultos estão protegendo seus filhos, pois evitam passar para eles doenças infecciosas. A médica também esclarece que, exceto pela vacina contra gripe, os mais velhos não precisam tomar vacinas todos os anos. Contudo, é importante levar a carteira nas consultas de rotina, pois, assim, o médico pode verificar se há alguma pendência.
Alguns públicos devem ficar ainda mais atentos. Idosos têm a imunidade diminuída e ficam mais suscetíveis a complicações associadas a vírus, como os da influenza e do herpes zoster, que podem evoluir, respectivamente, para pneumonia e varicela. Gestantes também não devem se descuidar em hipótese alguma; caso contrário, a saúde do feto é colocada em risco. Determinadas profissões, como bombeiros, enfermeiros, cuidadores de animais e manicures, entre outros, também têm protocolos de imunização diferenciados. O calendário por ocupação pode ser consultado no site da Sbim.
O diretor científico da Sociedade de Cardiologia do Estado do Rio de Janeiro (Socerj), Wolney de Andrade Martins, ressalta a importância de cardiopatas manterem sempre em dia a caderneta de vacinação. De acordo com ele, no Brasil a taxa de vacinação contra influenza de pessoa com doenças cardiovasculares é muito baixa: 29,7%, segundo um estudo internacional do qual o país participou, divulgado no ano passado. “Países como a Holanda e a Grã-Bretanha têm taxas de vacinação de 77,5% e 77,2%, respectivamente”, compara. O grande problema é que complicações da gripe podem ser muito perigosas nesse público.
“A gripe funciona como um gatilho para agravar todas as cardiopatias preexistentes e leva à descompensação das doenças cardiovasculares”, afirma Martin. “O paciente com insuficiência cardíaca encontra-se sob maior risco. Ele acumula líquido nos pulmões e isso facilita a pneumonia após um quadro gripal. As estatísticas mostram que as infecções respiratórias são a segunda ou terceira causa de descompensação dos pacientes com insuficiência cardíaca”, observa.
 
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