Em tempos de grande preocupação com o futuro, e de como o viveremos, nosso campo de visão se amplia para diferentes áreas. De questões ambientais à qualidade da vida, as discussões têm crescido e ganhado sustentação. Conhecida por ser uma cidade com amplas áreas verdes, Brasília tem muitos pontos a seu favor nesses quesitos e não fica atrás também nos cuidados que seus habitantes têm com a saúde. A procura por consultórios que cuidam de planos alimentares e taxas corpóreas equilibradas salta aos olhos, enquanto a fila de espera por uma vaga nas agendas é acirrada. Atrás das mesas, profissionais jovens e cada vez mais capacitados têm em comum um trabalho de conscientização e a busca pelo envelhecimento sadio de seus pacientes. Adeptos de diferentes métodos e filosofias, são eles que têm cuidado dos corpos - cada vez mais belos - dos brasilienses e ajudado a capital a se manter no topo dos bons parâmetros sobre hábitos saudáveis.
Para o nutrólogo e médico do esporte Leandro Vaz, a tendência é mundial. Formado em Barcelona, na Espanha, e pós-graduado em medicina ortomolecular e antienvelhecimento na Bélgica, o especialista avalia que a busca pela prevenção e cuidado com a saúde é tão grande aqui quanto lá fora. Há 13 anos clinicando em Brasília, o profissional conquistou uma gama de pacientes por aliar tratamento hormonal, alimentação balanceada e programa de exercícios com base no estudo detalhado do metabolismo. Os exames laboratoriais que ele pede para isso mostram, por exemplo, em que período do dia a pessoa tem maior queima de calorias e de quanto em quanto tempo ela precisa se alimentar. Novas consultas requerem check-ups completos e testes de esforço, entre outros tipos de rastreamentos. Segundo ele, esses são apenas os pontos iniciais da pirâmide que sustentará um programa completo de plano alimentar, atividade física e suplementação necessária. "Vitaminas, antioxidantes, hormônios, tudo para corrigir as deficiências ou excessos que detectamos no exame de sangue", lista o médico sobre os itens que sustentam a filosofia ortomolecular.
Segundo Leandro Vaz, a medicina em que se especializou é simples e engloba uma série de outras áreas médicas. "É basicamente o uso de nutrientes da maneira mais ajustada possível para cada paciente", define. "Inclusive para auxiliar o tratamento psiquiátrico. Tem nutrientes que ajudam a controlar a ansiedade, antes de precisar entrar com a medicação controlada", exemplifica.
Responsável, desde novembro, pela rotina alimentar e física do piloto de corrida brasiliense Felipe Nasr, o nutrólogo se divide entre viagens internacionais, para acompanhar os principais circuitos de velocidade, e a agenda de consultas, que chega a dois meses de lotação. Um dos segredos da alta procura recai sobre o cuidado individual. "Se não se personaliza o tratamento, o paciente não terá resultado", acredita.
O jovem Pedro Leão segue um caminho profissional parecido. Médico pós-graduado em endocrinologia, ele vem se destacando na cena médica da cidade ao encabeçar o corpo clínico da MedCorpus, em funcionamento desde 2013. Com equipe multidisciplinar que conta também com nutricionista, psicólogo e personal trainer, a clínica se propõe a tratar o paciente como um todo: "Acreditamos que ninguém envelhece de forma saudável estando acima do peso, sedentário, comendo besteira. E se a queixa inclui queda de cabelo ou impotência sexual, nós tentamos resolver também", frisa o especialista.
Com posicionamento contrário ao uso de medicamentos sintéticos "ao máximo", o profissional sustenta os tratamentos em prescrições de fitoterápicos, enquanto a suplementação alimentar fica por conta do representante da nutrição. "Nós não prescrevemos remédios para pressão, para colesterol, poucos para diabetes, por exemplo, porque conseguimos controlar quase todas essas doenças mudando a alimentação e o estilo de vida do paciente", explica.
Dono de uma personalidade espontânea, o médico é conhecido pelo carisma e pela relação mais humanizada com o paciente. "O tempo médio de uma consulta no Brasil é de 4 minutos e 54 segundos, não dá para saber nem o nome do paciente", diz. Nas 12 horas por dia em que passa dentro do consultório - uma, em média, para cada pessoa -, Pedro Leão ressalta a importância do contato frequente, mantido inclusive depois, por redes sociais. "Eu não deixo meu paciente na mão de jeito nenhum", garante, orgulhoso por ter agenda cheia praticamente desde o terceiro mês de funcionamento da clínica.
O bancário Alexandre Machado já havia procurado diferentes nutricionistas isoladamente quando chegou à MedCorpus. "Eu era sedentário, vivia cansado, estava sempre indisposto", lembra, sobre a rotina estressante que levava antes da intervenção, que já dura dois anos. "Ele estava muito abaixo do peso, tinha várias queixas, imunidade baixa, trabalhava demais, não dormia bem", recorda Pedro Leão, que enxerga em Alexandre a disciplina que falta na maioria dos pacientes. "É para a vida toda", enfatiza o médico, sobre os cuidados que precisam ser mantidos, mesmo quando se consegue chegar ao ponto ideal. "A parte mais difícil é o que o paciente tem de fazer depois, quando sai da consulta."
Após ganhar 15 kg de massa magra com dieta, vitaminas e se tornar ativo por meio de uma rotina de musculação, Alexandre aponta o trabalho em conjunto do médico como causa para ter alcançado bons resultados. "Ele analisou minha saúde e viu onde estavam as deficiências. Hoje me sinto um garoto de 20 anos, e tenho 40", comemora.
Atuando há 20 anos, Clayton Camargos é um dos profissionais mais conhecidos entre os brasilienses quando o assunto é dieta. Graduado também em educação física, o nutricionista fundou a clínica Metafísicos, que defende a alimentação natural e as atividades físicas como partes orgânicas de um mesmo trabalho. O paciente que enfrenta a espera por uma vaga na agenda do nutricionista já chega até ele com um raio-x corporal completo. Realizado pela equipe de antropometria da clínica, uma anamnese é feita, seguida por uma coleta da história clínica e dos propósitos do paciente. "A partir desse objetivo, nós desenvolvemos todo o restante do raciocínio", explica Clayton, que tem em sua sala um mostruário de réplicas de alimentos e colheres de medidas, para deixar mais clara a prescrição nutricional. Apesar do boom fitness envolvendo atividades de alta intensidade e frequência nas academias, o especialista alerta que a dieta é 70% do tratamento. "Os 30% restantes compreendem genética, padrão de descanso e atividade física", esclarece.
O nutricionista diz que, na medida do possível, tenta contemplar gostos, costumes e hábitos que o paciente tem, deixando mais confortável a intervenção. Mas pondera que é importante compreender o que é impulso, ou só desejo. "O paciente é um indivíduo que demanda nutrientes, um corpo vivo, que tem de se abastecer da maneira correta", ressalta. Outro ponto que destaca em suas consultas é a necessidade de seguir à risca a quantidade prescrita no plano alimentar. Ele reconhece que, no início, pesar os alimentos pode parecer algo metódico, mas que a longo prazo traz mais benefícios. "Estudos comprovam que o indivíduo que segue uma dieta baseada na gramatura, na pesagem, comparado ao que segue medidas caseiras ou subjetivas, tem uma diferença de 40% no resultado", diz.
Para o representante comercial Vinícius Barros, a metodologia exigente de Clayton Camargos o levou a resultados que não tinha alcançado com nenhum outro profissional. Com 1,69 m%u2028de altura, estava com 94 quilos e 27% de gordura quando resolveu levar a sério a dieta prescrita pelo badalado nutricionista. "Hoje ele é atleta de crossfit de alta performance", conta o responsável, que o convidou para participar da última edição de um calendário que lança todos os anos, com fotos de pacientes escolhidos a dedo.
Atualmente com 78 kg e apenas 6% de massa gorda, Vinícius reconhece a diferença de ter uma alimentação voltada para seu biotipo e metabolismo. "Não é exagero. Às vezes eu me matava a semana inteira na academia, corria 10, 12, 15 km, e chegava no fim de semana, bebia cerveja, comia errado e não evoluía", lembra. "Seguindo a dieta, a mudança é notória", garante o paciente, que tem duas refeições livres por semana para comer o que gosta.
À frente da clínica Pediatria Brasília há cinco anos, Fernanda Monteiro decidiu especializar-se em nutrição infantil, depois de oito anos de formada. Mãe de dois, ela percebeu a falta de informação - e a grande quantidade de dúvidas -' sobre a alimentação dos pequenos. Então optou pela formação direcionada e criou um perfil no Instagram para dividir dicas com outras mulheres, o que a tornou uma das principais referências quando o assunto é comida para crianças na capital.
Segundo ela, a premissa de que os pequenos são nosso futuro não deixa de funcionar para hábitos alimentares. "Pesquisas comprovam que o que a mãe come durante a gravidez reflete nos hábitos alimentares da criança", explica. "E nós vamos construindo o paladar ao longo da infância." Assim, começar o contato do bebê por bons ingredientes ajuda a diminuir o consumo errado, acredita a nutricionista. "Fora algumas doenças que podem ser prevenidas desde a infância, como diabetes e dislipidemia."
O equilíbrio, mais do que na fase adulta, na etapa infantil se torna primordial. Fernanda recomenda cuidado aos pais que decidem excluir grupos alimentares da rotina do filho, a exemplo do glúten, sem alergia detectada. "Isso é colocar a criança em uma bolha", lamenta, afirmando que a ação pode trazer sérias consequências futuras, a exemplo de distúrbios alimentares como anorexia, bulimia ou até obesidade. "A criança precisa ter vida social, conviver em uma festa de aniversário", diz. "É deixar a criança ser criança, mas sem o abuso do açúcar, da gordura e do industrializado." De acordo com ela, o bom hábito facilmente se perpetua. "Muitos pais acabam por aderir às recomendações prescritas para os filhos no consultório e começam uma transformação dentro de casa", relata.
Em outra frente, Flávio Cadegiani, especialista em endocrinologia, está também na lista dos profissionais mais requisitados da cidade. Com atendimento voltado para pacientes obesos que já tentaram emagrecer sem sucesso, ele criou a clínica Corpometria para não cometer os erros que via como "tradicionais" para tratar a obesidade. "Acontecia muito de um paciente querer tratar perda de peso comigo e procurar outro endocrinologista para tratar a tireoide", lembra. "É preciso deixar de fazer de conta que as escolhas são meramente racionais e perceber o componente químico e emocional relacionado a comer", instiga Cadegiani, sobre a enfermidade considerada epidemia global pela Organização Mundial de Saúde (OMS). "É uma doença química, a abstinência existe", insiste.
Para o endócrino, que costuma prescrever remédios controlados como parte do tratamento, assim como toda patologia crônica deve ser tratada de forma crônica, a doença do sobrepeso, a longo prazo, também deve ser vista desta maneira. O ponto, segundo ele, é que esta última acaba sendo negligenciada por outras áreas da medicina.
Foi para tratar a questão que Cadegiani reuniu na Corpometria um trabalho de detalhamento do corpo com máquinas de última geração, nutrição, psicologia e performance corporal. Para os pacientes que não se sentem confortáveis em academias comuns, um estúdio completo de musculação e aparelhos aeróbicos é disponibilizado ao custo de 45 reais por sessão, com acompanhamento de personal trainer. "Nós fizemos uma fórmula para que o custo não ficasse inviável para o paciente", diz. Uma vantagem é a equipe poder acompanhar de perto a evolução e o cumprimento do programa pelo orientando. "A observação e a vigilância têm de ser contínuas. Tratamento de obesidade não é perder peso. É manter."
Entre as tecnologias de ponta que o médico utiliza nas consultas está o Bod pod, um aparelho de pletismógrafo, único a registrar percentual e quilos de gordura com 100% de precisão, independentemente do percentual de gordura do paciente. No Brasil, a clínica de Cadegiani tem exclusividade (entre as particulares) sobre a máquina, fato que o impulsionou a receber o prêmio de empresa brasileira do ano em inovação pelo Latin American Quality Institute (LAQI) em 2015. Os 30 trabalhos apresentados no último Congresso Americano de Obesidade, que aconteceu em novembro em Los Angeles, também mostram o engajamento do profissional. "O nosso objetivo é evitar o reganho de peso. Nós não queremos ser mais um, queremos ser o último no tratamento do paciente", diz.
Com 12 anos de experiência clínica, o nutricionista esportivo Rodrigo Horta defende que sem atividade física não há qualidade de vida. "Trabalha força, potência, condicionamento aeróbio", lista, entre as vantagens. O especialista em fisiologia do exercício pondera, porém, o caminho que a nutrição esportiva vem tomando nos últimos anos. "Hoje, muitas pessoas buscam corpos inatingíveis", diz, chamando a atenção para questões como genética e biótipo, que devem ser consideradas. "Eu sempre acreditei que a nutrição pode melhorar a vida das pessoas, trabalho com gente comum, nada fora do normal", observa.
Praticante da nutrição funcional, ramo que considera o paciente o centro dinâmico de tudo aquilo que tem abrangência no tratamento, Rodrigo Horta se baseia no detalhamento bioquímico do indivíduo para sugerir elementos permitidos à nutrição. Fitoterápicos como garcinia cambogia e extrato de laranja moura, que têm função termogênica e ajudam na queima de gordura, respectivamente, costumam fazer parte das prescrições naturais do nutricionista, que lança mão de suplementos esportivos quando necessário. "São de grande ajuda se o profissional tiver conhecimento da condição metabólica do paciente", avalia.
Sem radicalismos, Michele Amorim, de 35 anos, é uma das pacientes que o nutricionista gosta de citar como exemplo. Com filho, viagens frequentes e rotina agitada, ela procurou o especialista depois de perceber que os treinos na academia poderiam ter resultados melhores aliados a uma alimentação ajustada. E teve. Desde a primeira consulta, em outubro do ano passado, a paciente, que estava no limite do percentual de gordura saudável, viu seu peso cair de 63,5 kg para 58 kg, além de adquirir 3 kg de massa magra. "Eu como muito mais do que eu comia antes", conta Michelle, satisfeita por ter chegado bem próximo ao que buscava e de forma equilibrada, sem grandes restrições.