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ENCONTRO KIDS | Alimentação »

Para a meninada comer bem

Dieta rica em produtos naturais deve começar desde a gestação

Geórgea Choucair - Publicação:24/10/2016 09:46
Com apenas 1,5 ano de idade, as gêmeas Bruna e Júlia batem pratadas de arroz, feijão, carne e muitos vegetais. De sobremesa, há sempre uma fruta. Caso contrário, não conseguem dormir. "Elas comem de tudo", orgulha-se a mãe, a advogada Michelle Buldrini Barbosa. Mas corrige: "Nunca experimentaram doce". Ela busca preparar as refeições das filhas sempre coloridas e de olho em grupos diferentes de alimentos: tubérculos, leguminosas, vegetais e proteínas.

Os cuidados de Michelle com a alimentação das gêmeas começou quando descobriu que estava grávida. "Cortei biscoitos, refrigerantes e passei a evitar doces, pizza e sanduíches na minha dieta", afirma. No lugar, passou a consumir mais frutas e água de coco. A cautela já trouxe resultados. "Minhas filhas não tiveram cólicas quando nasceram. E adoeceram só uma vez, de gripe", diz. Ela acredita que a saúde das crianças está associada à dieta mais natural.
As gêmeas Bruna e Júlia têm alimentação balanceada preparada pela mãe, Michelle Buldrini Barbosa: cuidado com a dieta desde a gestação (Pedro Nicoli)
As gêmeas Bruna e Júlia têm alimentação balanceada preparada pela mãe, Michelle Buldrini Barbosa: cuidado com a dieta desde a gestação

A preocupação de Michelle com a alimentação da família desde cedo é muito importante, segundo o pediatra e nutrólogo Joel Alves Lamounier, membro do Comitê de Nutrição da Sociedade Mineira de Pediatria. "Quanto maior a gordura corporal da mãe, maior vai ser a gordura da criança ao nascer", afirma. E mais: o bebê que nasce gordo tende a ser obeso quando crescer. Dados do IBGE mostram que há hoje número elevado de crianças acima do peso ou obesas no Brasil, principalmente na faixa etária entre 5 e 9 anos. Nas meninas, esse índice está em 43,8%. Entre os meninos, o número é bem maior, e chega a 51,4%. "A obesidade já é considerada uma epidemia mundial", alerta Antônio José das Chagas, endocrinologista pediátrico e vice-presidente do Comitê de Endocrinologia Pediátrica da Sociedade Mineira de Pediatria. Ele reforça a necessidade dos cuidados com a alimentação desde a infância, inclusive no período de amamentação.

A pequena Olívia, de 2 anos, mama no peito até hoje. "O leite materno tem os nutrientes completos", afirma a mãe, a professora Flávia Pellegrini. Ela também nunca comeu açúcar, a não ser da fruta. Assim como Olívia, a irmã Cecília, de 5 anos, recebeu boas dicas de alimentação desde bebê. Ela nunca experimentou refrigerante, biscoito recheado e evito que coma frituras. Os aniversários das filhas sempre são comemorados com piqueniques ao ar livre. No cardápio, frutas e sucos naturais.
A professora Flávia Pellegrini com as filhas Olívia e Cecília: piqueniques com frutas e sucos naturais fazem parte do lazer familiar (Paulo Marcio)
A professora Flávia Pellegrini com as filhas Olívia e Cecília: piqueniques com frutas e sucos naturais fazem parte do lazer familiar

A nutricionista Alice Carvalhais, especialista em nutrição materno-infantil, alerta que os cuidados com a alimentação na infância não devem levar em conta apenas o excesso de peso e a obesidade. "Hoje, a maioria dos pacientes no meu consultório são de crianças que comem mal ou são muito seletivas", afirma. Idealizadora do projeto Alice no País das Comidinhas, que ajuda as famílias a alimentar melhor suas crianças por meio de vídeos e posts na internet, Alice aborda outro aspecto que tem prejudicado muito a alimentação infantil: a mudança de comportamento. O lazer, na sua avaliação, está muito pré-moldado. "O corpo precisa se desenvolver para experiências e texturas diferentes", afirma.  A sobrecarga de atividades na infância também pode prejudicar a alimentação. "Como a criança não tem tempo para brincar, pode compensar na comida", diz.
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