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COLUNA »

Gente da Capital

Zuleika de Souza - Publicação:24/11/2016 09:47Atualização:24/11/2016 10:10
EMOÇÃO EM CENA

Sérgio Maggio deixou Salvador há quase 20 anos e veio para a capital escrever sobre arte no Correio Braziliense. Paralelamente, foi fazendo um caminho em direção ao teatro, fez formação em direção teatral na Faculdade de Artes Dulcina de Moraes e mestrado em comunicação-crítica na UnB. Aos poucos acabou deixando a redação pelas coxias. Seu livro Conversas de Cafetinas ganhou o Prêmio Jabuti de Reportagem e ele o adaptou para os palcos. Em 2014, o musical Eu Vou Tirar Você Desse Lugar, que escreveu e dirigiu, com as músicas de Odair José, lotou as salas de todos os CCBBs e foi muito elogiado pela crítica do eixo Rio-São Paulo. Um espetáculo desconcertante e contagiante em que o público deixava as salas cantando A Noite Mais Linda do Mundo. Eros Impuro, peça com a temática do abuso sexual, é mais um trabalho de Maggio com o seu companheiro Jones de Abreu, que também recebeu prêmios e rodou o Brasil discutindo e expondo a questão. E a nova peça do escritor, Duas Gotas de Lágrimas no Frasco de Perfume, está levando às lágrimas o público do CCBB, por expor os horrores da ditadura a partir da visão de quem ficou em casa esperando os parentes que nunca voltaram. A montagem reúne várias gerações de artistas da cidade e segue para Ceilândia e Taguatinga em dezembro. Uma vida longa ao teatro questionador %u2028e emocionante de Maggio!
 (Zuleika de Souza/Encontro/DA Press)

ARTISTA DA MADEIRA


Angelo Bonolo Neto é farmacêutico de formação, mas passou sua vida profissional no Banco do Brasil. Foi criado em uma fazenda em Minas Gerais, onde o pai tinha uma marcenaria e fabricava com madeira tudo de que precisava. O bancário construiu uma casa no Condomínio Verde preservando o cerrado e fazendo interagir a arquitetura com a natureza. Seguindo a tradição familiar, ele fez grande parte dos móveis na oficina que montou no local. Depois que se aposentou, passa grande parte do tempo na casa que é como uma galeria de arte, com obras em madeira do mundo inteiro. Na marcenaria que montou, transforma troncos secos que encontra no cerrado, de madeiras de demolição, sucatas até ossos de animais da fazenda em Minas. Tem feito esculturas e um mobiliário surpreendente. O artista mistura suas criações com seu acervo, nunca mostrou seu trabalho para nenhum galerista e não pensa em fazer exposições. Angelo diz que se contenta no fazer. Uma pena. Seu trabalho merece ser visto por muitos.

UNIR COM ARTE

Morando nos Alpes Franceses há mais de 15 anos, a artista plástica Regina Trindade está com um projeto para diminuir a distância de 8.600 km entre a cidade de Grenoble e Brasília. Nascida na capital, nunca perdeu o vínculo com a cidade. Estudou na UnB, fez mestrado em Grenoble e só falta defender sua tese para ser doutora em arte. Durante o mês de novembro, vai desembarcar por aqui com artistas de Grenoble para uma experiência brasiliense, com apoio de entidades culturais de Grenoble e da Aliança Francesa. O grupo multidisciplinar vai apresentar, na Sala Funarte, a peça Tierra Efímera, do coletivo francês Terrón, e vai interagir com moradores da Serrinha do Paranoá, junto com o grupo LTC, coordenado pela artista e professora da UnB Sonia Paiva. Em 2017, Regina vai recepcionar o mesmo grupo brasiliense no Vale do Isére, onde fica Grenoble, para conhecer e trocar experiências com a cultura local. Esse primeiro intercâmbio vai ser com o teatro, mas a artista pretende fazer outros trabalhos com fotografia, música e artes plásticas. Outro projeto é de guia de brasileiros aos museus de arte da França e aos festivais de música, que acontecem durante o verão europeu, além do seu trabalho pessoal que tem um diálogo com a ciência.
 (Zuleika de Souza/Encontro/DA Press)

UMA MALA DE HISTÓRIAS

 (Zuleika de Souza/Encontro/DA Press)
O mato-grossense de Três Lagoas Maurício Leite é um promotor de leitura. Em uma mala azul ele carrega uma seleção de livros para encantar e cooptar novos leitores. Maurício diz que “o papel de toda mala é guardar coisas e viajar pelo mundo e que a sua não poderia ser diferente”. Na parte de fora da mala, ele cola adesivos dos lugares por onde já passou. Além de viajar pelo Brasil, leva o encantamento da literatura a países de língua portuguesa e esteve muitas vezes na África, onde chegou a aldeias onde crianças nunca tinham visto um homem branco nem um livro. Por onde passa, também gosta de ajudar a montar bibliotecas. Em Angola, promoveu um projeto que espalhou mais de 500 malas azuis recheadas de histórias. Atualmente, mora metade do ano aqui na capital e a outra metade em Lisboa. Nas temporadas no Planalto Central, o professor cumpre uma agenda repleta de escolas. O melhor da mala é que ela traz Maurício junto e, quando ele abre um livro, encarna a história e leva adultos e crianças para outros mundos.

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