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COLUNA | Nas telas »

A merecida ascensão dos grandes símios

Coluna "Nas Telas" traz uma crítica sobre o filme "Planeta dos Macacos: A Guerra"

José João Ribeiro - Colunistas Publicação:12/09/2017 15:16

Já pelo título, tinha tudo para ser um show pirotécnico e de colossais batalhas, mas Planeta dos Macacos: A Guerra (War for the Planet of the Apes) segue a trilha menos óbvia e mais eficaz: a da introspecção e do foco na insanidade da intolerância. Encerrando a trilogia iniciada em 2011, o diretor Matt Reeves consegue o equilíbrio muito acima da média para a saga e estrutura a narrativa de forma perfeita na associação com o clássico de 1968.

 

Na nova trama, o líder Cesar vive o isolamento na floresta em relativa tranqüilidade, até que seu grupo se vê obrigado a entrar em guerra contra um braço militar dissidente, liderado por um ensandecido e sanguinário Coronel (Woody Harrelson). Para não estragar as surpresas, basta dizer que o tal Coronel defende ideais de eugenia, até para a raça humana. Que dirá para os símios que ele escraviza, numa espécie de campo de concentração, explorados até o limite na construção de uma gigantesca muralha.

A Guerra, um espetáculo político-social que merece ser visto (Divulgação)
A Guerra, um espetáculo político-social que merece ser visto
 

Para quem assistiu aos outros capítulos, Cesar, composição do brilhante ator performático Andy Serkis, sempre repeliu a tendência do confronto. Seu plano era o do isolamento com os macacos, já sabedor de que uma convivência com os humanos não passava de uma utopia. Por outro lado, muito mais fortes e providos de inteligência, é natural que outras correntes se rebelassem contra o seu comandante natural, na meta de tomar o domínio do planeta, a exemplo do vilão Koba, destaque do segundo filme.

 

Neste derradeiro A Guerra, Cesar é atingido frontalmente pela estupidez e violência dos homens. Dessa maneira, chega-se ao limite de se questionar: é necessário enfrentar e liquidar os seres humanos para que os macacos tenham paz? Os símios devem, enfim, unirem-se para uma fuga em busca da terra prometida?

Em alucinações, o sábio messias Cesar é atormentado pelo fantasma do violento Koba e nessas sequências de close é impressionante notar a evolução dos efeitos visuais, que dá ao macaco recursos para esbanjar fúria, tristeza, emoção, como qualquer outro intérprete de carne de osso. Tecnologia à disposição também para construir personagens soberbos como o orangotango Maurice e o psicótico Macaco Mau.

 

Em tempos de marcha de patetas imbecis, que urram por supremacia branca, no violento enfrentamento contra oprimidas minorias, e de líderes da mesma cepa nazifascistas que se abastecem dessa massa de ignorantes, Planeta dos Macacos: A Guerra é o espetáculo político-social que de fato merece ser assistido. Talvez seja chegada, definitivamente, a hora de os seres humanos desaparecerem de vez desse planeta.

 

O escândalo do doping: de início um experimento do cineasta e atleta Bryan Fogel, com o especialista em doping russo Grigory Rodchenkov, para o melhor rendimento de Bryan em provas de ciclismo, o documentário Icarus da Netflix, acompanha um dos maiores escândalos de doping da recente história dos Jogos Olímpicos, que terminou retirando toda a equipe russa de atletismo no ano passado no Rio. Falastrão, Grigory comandava o laboratório geral de testes em Moscou. Um filme chocante, essencial, que deixa a triste certeza de que sem o uso de substâncias proibidas, um atleta dificilmente alcança o topo de qualquer categoria. Um esquema imundo que certamente é comum em qualquer potência olímpica, mas que no longa-metragem expõe a Rússia como bode expiatório.

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