Brasília ganhou uma estação de metrô com captação de energia solar para operação dos trens
A cidade é a primeira da América Latina e a quarta do mundo a utilizar a tecnologia nesse tipo de transporte
Colocar boas práticas em ação é um dos requisitos mais importantes nos dias de hoje e preservar o nosso planeta está entre eles. Este, aliás, será um dos grandes desafios para as próximas décadas. Seja em casa ou em espaços que frequentamos, todo cuidado com o meio ambiente é válido e ajuda a preservar a natureza, além de garantir uma qualidade de vida para as próximas gerações. Brasília acaba de dar mais um passo rumo à sustentabilidade. A capital federal tornou-se a primeira cidade da América Latina e a quarta do mundo – atrás apenas de Milão (Itália), Nova Déli (Índia) e Nova York (EUA) – a ter uma estação de metrô abastecida com uma energia mais sustentável, que emite menos poluentes para o ambiente.
Foram instaladas, no fim de outubro, na Estação Guariroba, em Ceilândia, as primeiras placas fotovoltaicas para capitação de luz solar, que é transformada em fonte de energia para os trens da Companhia do Metropolitano do Distrito Federal (Metrô-DF). “Temos de plantar sementes sem nos preocupar em colher os frutos logo. O sol é uma fonte inesgotável e ultralimpa de energia. Esse projeto-piloto desenvolvido pelos engenheiros do Metrô-DF está dando muito certo”, afirma Marcelo Dourado, diretor-presidente da empresa.
Para Rafael Amaral Shayani, professor do Departamento de Engenharia Elétrica da Universidade de Brasília (UnB), devido aos problemas ambientais em todos os continentes a ação é muito importante para fomentar e conscientizar sobre a necessidade de usar energias sustentáveis. “O mundo passa por uma crise energética. O Brasil também, por causa da falta de chuva e escassez da água, uma das principais fontes para gerar energia elétrica. O preço da energia está aumentando muito e tudo isso tende a piorar. A ideia é utilizar novas tecnologias para poder solucionar problemas como esse. Essa é a tecnologia do futuro”, destaca. O professor vê com bons olhos o projeto, que serve como um incentivo a mais na luta a favor da preservação do meio ambiente. “A iniciativa do Metrô é muito boa, porque ajuda a popularizar a tecnologia. Investir nessa prática é investir em um planeta mais saudável”, diz Shayani.
Segundo Marcelo Dourado, foram instalados 576 painéis fotovoltaicos, que já estão gerando energia para os trens. “Hoje, o principal gasto do Metrô-DF é com a conta de luz. Vamos economizar em torno de 60 mil reais por mês”, explica. O projeto inclui, ainda, a expansão para outras estações e a criação de uma usina para abastecer a rede. “Até 2019, nosso objetivo é expandir o projeto para mais três estações do DF e criar a usina. Já temos recursos para instalar placas na Estação Samambaia Sul. Com o projeto concluído, esperamos economizar um terço do valor que gastamos com energia elétrica hoje”, antecipa o diretor-presidente do Metrô-DF.
A iniciativa fez tanto sucesso que recebeu o prêmio Golden Chariot International Transport Award na categoria Companhia Nacional de Transporte do Ano, pelas Organizações das Nações Unidas (ONU). “Já recebemos ligações e convites de outros estados e países para realizar palestras e participar de eventos para falar sobre o projeto. A repercussão está sendo muito boa”, diz Dourado.
O professor Rafael Amaral Shayani explica que a energia fotovoltaica, popularmente conhecida como energia solar, é um processo eletrônico diferente de todas as outras formas de energia: “Quando a luz do sol vem, bate na pedra feita de silício, que solta um elétron que gera eletricidade. Ou seja, ela não solta fumaça e nem tem partes motoras que giram. É por isso que é chamada de energia limpa”, diz.
Sobre os valores das placas fotovoltaicas, responsáveis por captar a luz solar e transformar em energia, o engenheiro afirma que não é algo que deva ser considerado como um custo elevado, já que a tecnologia traz a possibilidade de deixar de extrair matéria prima da natureza e polui menos o meio ambiente. “A energia solar é energia boa. Se olharmos financeiramente, recuperamos o investimento em oito anos e podemos utilizar o painel fotovoltaico por 25 anos”, afirma.
Além do metrô, no Distrito Federal já são 264 pontos de usinas solar, entre residências, empresas e órgãos governamentais, que geram mais de 2,6 milhões de quilowatts.
NÚMEROS DO METRÔ
Alguns dados sobre o transporte público no Distrito Federal
15 MW de energia elétrica convencional são gastos
5 MW de energia solar serão %u2028gerados com o projeto
R$ 3 milhões são gastos com conta de luz
Estima-se que serão economizados R$ 1 milhão
Média de 170 mil pessoas que são transportadas por dia
Atende 6 regiões administrativas: Asa Sul, Águas Claras, Guará, Taguatinga, Samambaia e Ceilândia
Extensão: 42,38 km
Estações em operação: 24
Estações em obras: 5
Fonte: Metrô-DF