Com muito estilo
Joalheira nascida em Minas montou sua grife no DF e hoje cria coleções de belas peças que são a cara de Brasília e ganham fama também no exterior
Na infância em São João del-Rei, se você quisesse ver aquela menina quietinha, bastava permitir que ela brincasse com o saco de retalhos da mãe, costureira de quem herdou o talento para as artes manuais. Depois de ter cursado três anos de engenharia, quando chegou à capital federal, em 1994, Vânia Ladeira enveredou pelas artes plásticas na Universidade de Brasília. No trabalho de graduação, projetou uma escultura de parede formada por barbante sobre tela e aprendeu a usar ferramentas da ourivesaria, como o maçarico. Um curso de joalheria foi o bastante para que as ideias jorrassem no papel, na forma de anéis, braceletes, pingentes, gargantilhas e brincos, além das icônicas mandalas. Como boa mineira, incorporou a tradição das pedras preciosas e o trabalho deslanchou em Brasília. “Eu vivi no mundo das linhas, fios e tramas”, conta a designer, para quem as joias criadas nos últimos 20 anos são como pequenas esculturas.
Com ateliê na 213 Norte, Vânia se orgulha de ter oficina no subsolo da loja. “Os clientes gostam de acompanhar a produção dos ourives, principalmente no caso de peças sob encomenda”, diz ela, que atende a pedidos de noivos, padrinhos, aniversariantes, pais. Com duas coleções por ano, Vânia já homenageou tanto o cerrado quanto o barroco, passando por frutas, flores e folhas. As viagens servem para colorir ainda mais o imaginário da artista, como a linha inspirada no Marrocos. Encanta-se com a diversidade das pedras e admite a preferência por turmalinas e esmeraldas: “Existem 50 tons de turmalina”, diz.
Em 2017, a joalheira destaca a apresentação, com um desfile em 21 de novembro, da coleção Jardim Secreto do Mediterrâneo, na qual a turquesa, o coral, a pérola, o rubi, a safira e o topázio enfeitam 50 peças entre ouro amarelo, ouro rouge, prata e prata negra (banhada com ródio negro). “Começamos a vender no preview, cinco dias antes”, conta. Em julho, ela teve oportunidade de voltar à região mediterrânea, ao ser convidada para o casamento da filha de uma cliente, na Côte D’Azur. Na bagagem, acomodou adornos especiais: “Levei os brincos de diamante e pérola, a gargantilha de diamante e o crucifixo de ouro branco e diamante que a noiva usou no dia, além das alianças”, detalha. A noiva, Marina Dagalier, já havia provocado admiração na Irlanda, quando trabalhava em hotelaria e usava um brinco feito por Vânia: “Um cliente do restaurante elogiou e a chamou de Moça do Brinco de Pérola, em referência à obra do pintor Johannes Vermeer. O cliente era o Bono Vox, do U2”, afirma.
Para 2018, os projetos da designer encontram-se bem definidos: vai lançar, em 21 de abril, aniversário da cidade, uma coleção masculina, da qual o cerimonialista Cesar Serra será o embaixador. “É um trabalho inspirado na arquitetura de Brasília e no homem urbano”, define. Haverá anéis, brincos, pulseiras, pingentes e alianças criadas com couro, osso, prata, ouro amarelo, ouro rouge, diamante chocolate, diamante negro, topázio azul, esmeralda e safira. As peças serão mostradas também em São Paulo e, em agosto, no Estoril, em Portugal.
Nos momentos de lazer, Vânia, mãe de dois rapazes, conta que está experimentando esportes radicais: “Meu primeiro salto de paraquedas, em Anápolis (GO), foi uma experiência que me deu mais coragem. Agora, quero fazer curso de paraquedismo, praticar canoagem”, diz. “E um sonho antigo é me dedicar a um trabalho social.”