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Chuvas aumentaram os índices dos reservatórios do Distrito Federal

Um ano após o início do racionamento de água no DF, volume dos reservatórios do Descoberto e de Santa Maria estão maiores em relação ao ano passado. Medidas de controle do consumo foram mantidas para evitar nova crise hídrica

Julyerme Darverson - Publicação:14/03/2018 14:39Atualização:14/03/2018 16:31

Graças ao período de chuvas de verão, nos últimos meses do ano passado e início deste, os níveis dos reservatórios da barragem do Descoberto e de Santa Maria, que abastecem o DF, vêm aumentando. A população começa o ano sentindo-se mais tranquila, mas ainda de olho no que está por vir em 2018 e em alerta com a possibilidade de uma ampliação no tempo de interrupção no abastecimento de água – que poderá passar de 24 horas para 48 horas – durante o rodízio que acontece de seis em seis dias nas regiões administrativas da capital. “É importante ressaltar que, à medida que sobem os níveis de água nos reservatórios, fica mais distante a opção pelo segundo dia de racionamento”, diz Maurício Luduvice, presidente da Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (Caesb).

 

Segundo Luduvice, o ano será de muito trabalho, sendo cedo para tomar uma decisão em relação ao término do racionamento: “Não podemos abrir mão da chuva, mas, durante todo esse período, não ficamos nem ficaremos parados aguardando que ela chegue. Vamos continuar fazendo as obras necessárias para tornar o sistema de abastecimento de água da Caesb um sistema confiável, seguro e robusto. Essa é a nossa meta”, explica.

Maurício Luduvice diz que as chuvas ajudam, mas não resolvem os problemas de falta de água: 'Vamos continuar fazendo as obras necessárias 
para tornar o sistema de abastecimento de água da Caesb confiável, seguro e robusto' (Marco Peixoto/Divulgação)
Maurício Luduvice diz que as chuvas ajudam, mas não resolvem os problemas de falta de água: "Vamos continuar fazendo as obras necessárias para tornar o sistema de abastecimento de água da Caesb confiável, seguro e robusto"
 

O meteorologista Hamilton Carvalho, do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), diz que a temporada de chuvas em Brasília deve durar até o fim de abril. “Embora as chuvas aconteçam geralmente até o fim de abril ou no máximo no início de maio, a partir das primeiras semanas de março o volume tende a diminuir e as chuvas serão cada vez menos frequentes.” Os meses com o maior volume no Distrito Federal são dezembro, janeiro e fevereiro. Mesmo assim, janeiro não correspondeu às expectativas e choveu menos do que o esperado para a média do mês, segundo o Inmet. “Estávamos esperando um volume de 247 mm, que é a média para o mês. Choveu apenas 150 mm em janeiro. Estamos na esperança de que fevereiro consiga atingir ou ultrapassar a média, pois na primeira semana já tivemos números positivos e um volume alto para o período”, diz Carvalho.

Embora tenha chovido abaixo da média no DF em janeiro, fevereiro superou as expectativas e ultrapassou a média prevista para o mês (Ed Alves/CB/DA Press)
Embora tenha chovido abaixo da média no DF em janeiro, fevereiro superou as expectativas e ultrapassou a média prevista para o mês
 

O diretor-presidente da Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento Básico do Distrito Federal (Adasa), Paulo Salles, ressalta que as medidas de racionamento e combate ao desperdício trouxeram resultados importantes, que contribuíram para não gerar maiores transtornos aos moradores. “Tivemos um resultado bem expressivo com relação ao consumo de água, que caiu em torno de 17%. Esse resultado é um volume considerável e certamente foi um fator muito importante para que tivéssemos mantido o ritmo e chegado até o fim de 2017 tendo controle dessa situação”, afirma.

 

Apesar dos níveis baixos que foram registrados nas barragens, Salles diz que as ações imediatas dos órgãos envolvidos fizeram com que a situação não fosse ainda mais alarmante. “Embora o reservatório do Descoberto tenha chegado ao nível mais baixo da história, não acessamos nem fizemos uso do volume morto”, destaca. Outro fator considerável é a interligação entre os reservatórios do Descoberto e de Santa Maria, que permite a transferência de água entre os dois sistemas. “Além dessa interligação, estamos captando a água do Lago Paranoá, que possibilitou, em conjunto com essas transferências, poupar Santa Maria e Descoberto e manter os reservatórios subindo”, completa o presidente da Caesb.

O diretor-presidente da Adasa, Paulo Salles, afirma que as medidas tomadas pelo governo do DF resultaram em queda de 17% no consumo de água no ano passado: fator importante para ter chegado ao fim do ano com controle da situação (Tony Winston/Agência Brasília)
O diretor-presidente da Adasa, Paulo Salles, afirma que as medidas tomadas pelo governo do DF resultaram em queda de 17% no consumo de água no ano passado: fator importante para ter chegado ao fim do ano com controle da situação
 

Já a Companhia Energética de Brasília (CEB) informa que a crise hídrica no DF não afeta o fornecimento de energia local, visto que 97% da energia vêm do Sistema Interligado Nacional. Por isso, os valores na conta de luz não foram afetados com o baixo nível de água nos reservatórios, já que a determinação do valor das bandeiras é realizada pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica).

 

Luduvice e Salles enfatizam a importância da população e da imprensa, que contribuíram com troca de informações, capacitação e compartilhamento de boas práticas. Eles reforçam que, independentemente se houver crise hídrica ou não, é importante que a população continue focada na economia e no uso racional da água. “Essa é uma cultura que deve ser preservada. A eliminação de todo e qualquer tipo de desperdício é um exemplo que temos de manter vivo e passar para as futuras gerações”, diz Luduvice. “É importante a participação da população nesse processo de educação e de construção de uma cultura de uso consciente da água, aproveitando todas as oportunidades para discutir esse assunto, e para mudar os nossos hábitos, tendo a água como uma prioridade para todos”, afirma Salles.

 

NÍVEIS DOS RESERVATÓRIOS DO DF

Confira os dados que mostram como estavam e como estão os reservatórios em um ano de racionamento

Descoberto:

èInício do racionamento (16 de janeiro de 2017): 19,1%

èMenor índice registrado no período (23 de novembro de 2017): 5,5%

èÍndice no dia 2 de fevereiro de 2018: 43,6%


No segundo dia de fevereiro de 2018 a barragem do Descoberto chegou aos 43,6%: há um ano o volume era de menos de 20% (Dênio Simões/Agência Brasília)
No segundo dia de fevereiro de 2018 a barragem do Descoberto chegou aos 43,6%: há um ano o volume era de menos de 20%
 

Santa Maria:

èInício do racionamento (27 de fevereiro de 2017): 46,5%

èMenor índice registrado no período (25 de novembro de 2017): 21,6%

èÍndice no dia 2 de fevereiro de 2018: 35,6%

Barragem de Santa Maria em junho de 2017: desde o início do racionamento, o reservatório passou a contribuir para manter o nível do Descoberto, uma das soluções para conter a crise hídrica no DF (Tony Winston/Agência Brasília)
Barragem de Santa Maria em junho de 2017: desde o início do racionamento, o reservatório passou a contribuir para manter o nível do Descoberto, uma das soluções para conter a crise hídrica no DF
 

O QUE FOI FEITO

Oito medidas tomadas pelas empresas para controlar a crise hídrica no último ano

 

1 | Racionamento de água: interrupção no fornecimento de água por 24 horas, com rodízio entre regiões administrativas a cada seis dias

 

2 | Redução na perda e desvio de água: combate a ligações clandestinas e/ou furto de água, substituição de redes antigas, controle ativo de vazamentos, instalação de válvulas redutoras de pressão

 

3 | Interligação entre os reservatórios do Descoberto e Santa Maria: ação permitiu transferência de água entre barragens

 

4 | Subsistema Produtor do Lago Norte: entregue em 2 de outubro de 2017, estrutura faz captação de água do lago Paranoá

 

5 | Subsistema Produtor de Água Bananal: entregue em 30 de outubro de 2017, estrutura faz captação de água do ribeirão Bananal

 

6 | Melhoria na rede de distribuição da Caesb

 

7 | Redução de 75% no uso de água por agricultores da região do Descoberto

 

8 | Redução de 10% no consumo de água nos órgão do governo de Brasília

 

Fonte: Caesb e Adasa

 

O FUTURO DA ÁGUA NO DF

Obras em andamento e/ou licitação que prometem melhorar o abastecimento de água na capital

 

èBarragem de Corumbá IV: Com previsão de entrega até o fim de 2018, obra tem investimento de 540 milhões de reais e vai abastecer o Distrito Federal e Goiás. Reservatório aumentará 30% da captação de água no DF

 

èNova Estação de Tratamento de Esgoto no Gama: Em processo de licitação, obra está prevista para ficar pronta em 2019

Fonte: Caesb e Adasa

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