Moda do cabelão: mercado de apliques de cabelos em Brasília está crescendo
Saiba quanto custam, os tipos mais pedidos e como é feita a manutenção
Que mulher nunca sonhou em ter cabelos longos, macios e sedosos como os dos comerciais de xampus? Talvez quase todas. Afinal, como muitos atributos, um cabelo bonito é quase que um sinônimo de beleza. É uma moldura para o rosto, como muitos dizem. Na corrida pelas madeixas perfeitas, muitas mulheres têm recorrido aos alongamentos, também conhecidos popularmente como apliques ou mega-hair. E, no Distrito Federal, é cada vez mais comum encontrar profissionais especializados para realizarem aplicações e manutenções.
Enganam-se, contudo, aqueles que pensam que só existe um tipo de cabelo e uma única técnica. Muito pelo contrário. As opções são variadas em um mercado em crescente expansão. Além de variedades de “telas” com fios sintéticos, há as de fios naturais. Brasileiros, russos, indianos são algumas das variedades de cabelos. Segundo profissionais da área, eles se diferenciam pela textura. Os brasileiros, por exemplo, são mais finos e lisos, enquanto os indianos são mais grossos e ondulados. E quando o assunto é a técnica, a lista também é grande: há os apliques de queratina, de nó italiano, de ponto americano, de microlink, de fita adesiva e muito mais. Em comum, todos eles prometem um visual natural.
Luana Gollo, de 26 anos, é profissional na área de mega-hair há oito. A educadora técnica da rede Helio, recém-chegada ao DF, afirma que atende grande número de clientes diariamente. Luana recebe, em média, 120 clientes por mês nas unidades do salão no Sudoeste e no Lago Sul. “As mulheres chegam até nós com as mais variadas queixas. Em maioria, reclamam da falta de volume, da queda, do corte químico e da alopecia (redução parcial ou total dos pelos)”, conta. Luana conta ainda que cada vez mais mulheres querem alongar os fios: “Em geral, os resultados são surpreendentes. Muitas clientes se emocionam e até choram, principalmente aquelas que passaram por algum problema de saúde”, diz. Outra justificativa comum citada pela profissional é a mudança de visual: “Nesse caso, muitas mulheres são influenciadas por atrizes e blogueiras”. Entre essas atrizes que fizeram sucesso na televisão com personagens que usavam apliques estão Isis Valverde e Juliana Paes, ambas em A Força do Querer.
Após passar por um corte químico no ano passado, quando parte do cabelo caiu, a administradora Patrícia Dias, de 26 anos, resolveu investir em um alongamento. Indicada por uma amiga, ela procurou um salão especializado e acabou optando pelo nó italiano. Há cinco meses com o cabelo indiano, está satisfeita: “Eu fiquei muito mal quando meu cabelo começou a cair. Ele estava com um comprimento bom e eu nunca tinha tido um cabelo daquele tamanho. Então, tudo o que queria é que ele continuasse assim”, diz. “Infelizmente, não foi isso que aconteceu. Ao pintá-lo de loiro, ele começou a cair sem parar. Foi quando decidi investir no mega-hair.”
Assim como Patrícia, a maquiadora e digital influencer Izabella Cardoso de Oliveira, de 24 anos, buscou no aplique uma forma de levantar a autoestima. Ela não queria pintar as madeixas e correr o risco de danificar os fios. Por isso, optou pelo alongamento. “A ideia era mudar um pouco. Isso porque tive cabelo curto por muito tempo. Então, colocar o mega foi uma decisão natural”, argumenta. “Vou para a minha terceira manutenção. O cabelo que escolhi, o indiano, deixa meu visual mais volumoso e gosto disso. Faço de tudo: cachos, chapinha, não tem erro. Acho até mais fácil. Fico me sentindo a própria Maria do Bairro”, brinca Izabella, referindo-se a uma personagem de novela mexicana.
O custo de um aplique no Distrito Federal varia entre 1 mil e 6 mil reais, dependendo da técnica, do comprimento, do volume e do tipo de cabelo utilizado. Segundo a especialista em ponto americano, Marla Muniz, as manutenções são necessárias à medida que os cabelos das clientes vão crescendo (entre dois e três meses). A profissional atende uma média de 10 mulheres por dia e leva algo em torno de uma hora para realizar cada procedimento. “A pergunta que mais ouço é: o meu cabelo vai estragar? Por isso, antes de qualquer coisa, tiro as dúvidas das clientes”, diz. Marla afirma ter fidelizado a clientela, que recebe principalmente por meio de indicação de pessoas que já fizeram apliques com ela. “As meninas veem outras, gostam e acabam querendo fazer também. Graças a Deus, as percepções são sempre positivas”, afirma a profissional, que adaptou a casa onde mora, no Riacho Fundo 1, para atender a grande demanda.
A micropigmentadora Talita Melo Cordeiro, de 26 anos, também experimentou o glamour dos cabelos longos. Ela usou por seis meses um alongamento para preencher as pontas do cabelo, que estavam ralas. Aproveitou para colocar um aplique loiro, momento em que igualou o restante dos fios que, até então, eram castanhos: “Deu um efeito superlegal, com bastante volume. Mas foi preciso mais cuidado na hora de secar e na hora de hidratar. Muita gente acha que isso não é necessário, mas estão enganadas’, diz. Recentemente, Talita tirou o aplique para mudar mais uma vez. Resolveu aparar as madeixas e investir em um visual mais curto. Mesmo assim, ela não abandonou a ideia de colocar novamente a extensão: “Ainda quero colocar de novo, mas dessa vez quero um aplique maior e bem loirão, como o da Barbie”.
Cléia Lopes é dona de um salão de beleza que também coloca apliques, no Núcleo Bandeirante. As principais opções oferecidas no local são as telas de queratina e de fita adesiva. Segundo ela, as extensões duram, em média, três meses, com maior saída de tons loiros. Cléia estima que eles representem 80% das saídas do salão. Apaixonada pelo que faz, a cabeleireira afirma ter a honra de ir além da transformação do visual, ajudando mulheres a mudar de vida.
Ela cita a história de uma cliente que passou por um tratamento contra o câncer: “Ela estava com o cabelo bem baixinho e me perguntou se eu poderia fazer o aplique. Fui sincera e disse que não. Porém, 15 dias depois ela voltou e insistiu para que eu fizesse, mesmo não tendo recomendado. Acabei aceitando o desafio e o resultado foi impressionante: o mega ficou perfeito. Ela me agradeceu muito e nós duas nos emocionamos”, conta.
CUIDADO ANTES DE USAR
Para o biomédico esteta e especialista em tricologia José Henrique dos Santos Silva, no caso de telas de cabelos humanos é comum mulheres apresentarem fungos e seborreia. Por isso, ele sugere alguns cuidados na hora da aquisição e colocação do aplique: “É sempre bom saber a procedência e observar o aspecto dos fios. Se colocou o aplique e já coçou, é um alerta. Afinal, isso não é normal”, explica. “Há, ainda, a possibilidade de dermatites e coceiras. Portanto, é importante estar sempre de olho e, se isso acontecer, procurar um especialista”.
Embora essas possibilidades sejam reais, Silva afirma não haver contraindicação na realização do alongamento. Ele menciona, também, técnicas que auxiliam no crescimento dos cabelos, como é o caso da laserterapia e da carboxiterapia capilar – ambas de estimulação dos fios. Ainda segundo os especialistas, alguns tipos de aplique aceleram a queda natural dos fios. Por isso, todo cuidado é pouco. Se o normal para a mulher é perder de 70 a 100 fios por dia, com determinados apliques é possível perder o dobro.