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CULTURA | PROJETO »

Programa de entrevistas brasiliense busca fomentar a paixão pela literatura

Pessoas de diversos segmentos compartilham histórias sobre o gosto pelos livros

Mariana Froes - Publicação:17/09/2018 16:42Atualização:20/09/2018 17:22

A paixão pela literatura transformada em um programa de entrevistas para incentivar a formação de novos leitores: com esse propósito nasceu o No Sofá Amarelo, criado pelo cineasta, pedagogo e artista plástico Emanuel Militão, popularmente conhecido como Manu Militão, de 52 anos, também apresentador da iniciativa. Ícone central das entrevistas – divulgadas todas as quintas-feiras pela internet – um sofá amarelo de apenas um lugar, confeccionado especialmente para o programa, surge como protagonista, em diferentes paisagens. Por ele, passam interlocutores variados, com perfis diversos, desde crianças a idosos. Todos eles comungam a paixão pela leitura.

 

Torre de TV, Museu da República, orla do lago Paranoá e até a Chapada dos Veadeiros estão entre os inúmeros cenários já filmados pela equipe, composta por oito pessoas, que vão desde produtores a operador de drone – responsável por imagens panorâmicas dos pontos visitados. Segundo Militão, a escolha das locações é aleatória, mas nem por isso pouco criteriosa: “Todos os dias estou à procura de lugares inusitados. Quando vejo um possível local, fotografo e mando para os colegas verificarem se precisa de autorização e assim agendamos”, explica Manu.

Emanuel Militão, o Manu, criador do projeto No Sofá Amarelo: o critério para ser entrevistado é a paixão pela leitura  (Raimundo Sampaio/Esp. Encontro/DA Press)
Emanuel Militão, o Manu, criador do projeto No Sofá Amarelo: o critério para ser entrevistado é a paixão pela leitura
 

Cada episódio é pensado a partir da escolha do ambiente, como detalha o produtor Tiago Keise: “Em alguns casos, levamos apenas câmeras, drone e rebatedor. Em outros, já levamos duas minivans cheias”. Para edição e finalização dos episódios, são necessários três dias. Toda a mão de obra é realizada em uma produtora, já que o programa não tem sede fixa.

 

Após ser transmitido por um canal aberto entre 2013 e 2014, o No Sofá Amarelo ganhou as redes, com direito a página no YouTube. Atualmente, conta com mais de 100 episódios gravados, o que significa centenas de bate-papos. Além disso, o canal conquistou mais de 3 milhões de visualizações e tem um alcance mensal de 200 mil pessoas.

 

Manu revela que foi em Portugal que a ideia de criação do programa começou a se desenhar. Segundo ele, era comum avistar pessoas lendo em diferentes locais naquele país – algo que ele não via acontecer com tanta frequência no Brasil. “Senti uma necessidade imensa de contribuir com algo que fosse diferenciado e atrativo. Então, pensei em despertar o interesse nas pessoas pela ótica de quem gosta de ler”, afirma Militão.

 

Foi pensando nas histórias lidas e contadas por avós, em poltronas antigas, que o cineasta fez os primeiros traços e produziu o móvel que daria nome ao projeto. “Concebi que ele [sofá] viajaria por vários lugares, personificando o que é, verdadeiramente, a leitura. Sem paredes, sem restrições, um mundo a explorar”, justifica. A execução da ideia deu tão certo que ela continua rendendo frutos até hoje, com planos para o futuro. A equipe planeja levar o mobiliário brasiliense para outros estados do Brasil, como em cidades do litoral. Uma das propostas é gravar na beira de uma praia.

 

Mas, se o assunto é local inusitado, o grupo tem na ponta da língua os preferidos. Além do Vale da Lua, na Chapada dos Veadeiros, o sofá amarelo já esteve no terraço de um prédio de 14 andares no Setor Comercial Sul, por onde teve de subir amarrado em uma corda. “Faltando dois andares para chegar no alto, percebemos que ele não iria passar. Então, foi preciso fazer algumas manobras para puxá-lo pelo lado de fora da janela. Deu trabalho, mas valeu a pena”, conta Tiago Keise. Na abertura do vídeo da entrevista com o jornalista Rinaldo Oliveira, é possível ver um trecho que mostra o sofá sendo içado.

 

A equipe explica que não há critério para se sentar no sofá amarelo, apenas a paixão pela literatura. Mas Manu conta exisitir uma fila de espera. A cada saída, são encaixadas três entrevistas que duram, em média, de cinco a sete minutos. Um dos convidados ilustres que passou pelo programa foi o ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Carlos Ayres Britto.

O ex-ministro do STF Ayres Britto foi entrevistado no projeto: convidado ilustre (Antonio Cunha/CB/DA Press)
O ex-ministro do STF Ayres Britto foi entrevistado no projeto: convidado ilustre
 

Para Manu, todas as entrevistas foram prazerosas, mas ele destaca uma que emocionou todos os colegas: com Jailton Oliveira, assistente do programa. “Em meio à entrevista ele diz ‘já li mais livros desde que trabalho com vocês do que em toda a minha vida’. Isso é gratificante porque sei que o propósito está sendo alcançado”, diz o apresentador. Embora apaixonado pela literatura, Militão conta que tem muita dificuldade de ler, por possuir déficit de atenção. “Mesmo assim, a vontade e o prazer são maiores. Causa-me aflição ver pessoas que não têm o mesmo problema desprezarem um livro por não conhecerem”, diz.

 

PARA SABER MAIS

Acesse as páginas do programa No Sofá Amarelo em:

èfacebook.com/nosofaamarelo

è@nosofaamarelo

èwww.nosofaamarelo.com.br

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