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BRASILIENSES 2018 »

Inspiração é seu nome

Professora do DF há quase três décadas, ela criou projeto de valorização feminina que já ganhou nada menos que 11 troféus e continua trabalhando para ser ainda mais transformadora

Teresa Mello - Publicação:19/12/2018 12:55

EDUCAÇÃO | GINA DE ALBUQUERQUE

PERFIL 
GINA VIEIRA PONTE 
DE ALBUQUERQUE

 46 anos

Nasceu em Ceilândia (DF) e mora em Taguatinga

Casada, 1 filho

Graduada em letras/português pela Universidade Católica de Brasília, mestranda em linguística pela Universidade de Brasília

Criadora do projeto Mulheres Inspiradoras, membro do Comitê Nacional de Educação em Direitos Humanos. Recebeu, entre outros, o 
1º Prêmio Ibero-americano de Educação em Direitos Humanos (Raimundo Sampaio/Esp. Encontro/DA Press)
PERFIL
GINA VIEIRA PONTE DE ALBUQUERQUE
46 anos
Nasceu em Ceilândia (DF) e mora em Taguatinga
Casada, 1 filho
Graduada em letras/português pela Universidade Católica de Brasília, mestranda em linguística pela Universidade de Brasília
Criadora do projeto Mulheres Inspiradoras, membro do Comitê Nacional de Educação em Direitos Humanos. Recebeu, entre outros, o 1º Prêmio Ibero-americano de Educação em Direitos Humanos
 

Aos 5 anos, a mãe ganhou de presente uma enxada para capinar a terra. “E o sonho dela era frequentar a escola”, afirma a professora Gina de Albuquerque, criadora do projeto Mulheres Inspiradoras, destinado a apresentar novos referenciais femininos a alunos do 9º ano do Centro de Ensino Fundamental 12, em Ceilândia, e premiado com 11 troféus pelo mundo. A temática, aliada ao enfrentamento da violência contra a mulher, rendeu convites para cerca de 100 palestras, em locais tão distintos quanto a Universidade Autônoma do México e a Procuradoria-Geral da República em Fortaleza (CE). Nelas, a oradora fala sobre a valorização das mulheres e da própria história, bem como sobre os danos da cultura machista para homens e mulheres.

 

Professora da Secretaria de Educação do DF desde 1991, Gina coordena a ampliação do projeto, agora incorporado a políticas públicas: está em 41 escolas do DF. Ao mesmo tempo, faz mestrado em linguística na Universidade de Brasília e cuida do filho, Luís Guilherme, de 7 anos. “Dona Djanira, minha mãe, é a minha principal fonte de inspiração. Ela trabalhou como empregada doméstica e fazia o curso de Educação de Jovens e Adultos aos 66 anos, em Brasília, quando morreu”, lamenta. O pai, cearense, não sabia ler nem escrever. Era vendedor ambulante. “Ele falava de escola para mim como se fosse uma coisa mágica.” O casal criou seis filhos com muitas dificuldades, inclusive para comer: “Às vezes, só tinha arroz e batata na minha marmita”. Décadas depois, dezenas de cursos e eventos acadêmicos, além de especializações, acumulam-se no currículo da professora.

 

Nascida em Ceilândia, em 2 de janeiro, carrega como lema um verso inspirado no poeta Carlos Drummond de Andrade: “No meio das pedras, eu vou fazer o meu caminho”. A estrutura que lhe moldou o caráter serviu para que ela seguisse altiva pela vida, abraçando responsabilidades de uma educadora que vão muito além de mandar copiar a lição em sala de aula. “Quando escolhi ser professora, estava bem ciente de que seria uma agente de transformação social”, diz. Nas turmas do CEF 12, com estudantes em torno de 14 anos, ficou incomodada ao ver na internet uma postagem de uma aluna dançando de maneira erotizada. “O vídeo ficou na minha cabeça.” Era 2013. Gina percebeu, então, que as referências femininas para jovens e crianças retratam mulheres objetificadas, subalternas, cujo objetivo máximo é serem escolhidas por um homem. “Existem outras possibilidades”, reflete.

 

Em 2014, o projeto Mulheres Inspiradoras apresentou 10 nomes marcantes a cinco turmas da escola: Anne Frank, Carolina Maria de Jesus, Cora Coralina, Irena Sendler, Lygia Fagundes Telles, Malala, Maria da Penha, Nise da Silveira, Rosa Parks e Zilda Arns. Depois de conhecer a história delas nos livros, os alunos foram a campo vasculhar a própria origem. Descobriram a vida das avós, das mães e escreveram sobre elas. “Eles já voltavam das entrevistas com os olhos brilhando, com o peito estufado”, emociona-se.

 

O resultado está reunido em 92 textos do livro de mesmo nome, lançado em 8 de março de 2016, no auditório do Sindicato dos Professores do DF. A tiragem de 1 mil exemplares de distribuição gratuita foi bancada por um empresário de Brasília que leu a matéria no Correio Braziliense.

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