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BRASILIENSES 2018 »

Caxias da música

Jovem tenor que estuda canto na Alemanha, depois de ganhar bolsa em concurso nacional, faz carreira no exterior e sonha levar sua arte para mais pessoas no Brasil

Paloma Oliveto - Publicação:19/12/2018 13:25

CULTURA | IAN SPINETTI

PERFIL 
IAN SPINETTI

 23 anos

Natural de Brasília, mora há dois anos em Augsburg, na Alemanha

Solteiro

Estudou canto erudito na Escola de Música de Brasília e um ano de licenciatura em música na Universidade de Brasília (UnB)

Ganhou bolsa do Mozarteum Brasileiro e hoje faz bacharelado 
em canto erudito na Universidade 
de Augsburg, onde se 
apresenta em oratórios (João Campello/Divulgação)
PERFIL
IAN SPINETTI
23 anos
Natural de Brasília, mora há dois anos em Augsburg, na Alemanha
Solteiro
Estudou canto erudito na Escola de Música de Brasília e um ano de licenciatura em música na Universidade de Brasília (UnB)
Ganhou bolsa do Mozarteum Brasileiro e hoje faz bacharelado em canto erudito na Universidade de Augsburg, onde se apresenta em oratórios
 

As primeiras “apresentações” de Ian foram em casa, debaixo do chuveiro. Mal podia ele imaginar que ainda bastante jovem se apresentaria em palcos europeus, no início de uma carreira que, embora tenha começado há pouco tempo, já promete ser gloriosa. O tenor de apenas 23 anos, cujos estudos se iniciaram na Escola de Música de Brasília (EMB), vive há dois anos na Alemanha, onde cursa bacharelado em canto na Universidade de Ausburg.

 

Essa não é a primeira experiência profissional internacional de Ian Spinetti. Em 2015, o brasiliense participou da primeira edição da Residência Internacional na Casa de Ópera de Chicago, nos Estados Unidos. No mesmo ano, esteve na Academia Canto em Trancoso, na Bahia. Lá, ganhou a bolsa para estudar na Alemanha. Na época, fazia licenciatura em música na Universidade de Brasília (UnB), curso que trocou pelo bacharelado em canto.

 

Ian vem de uma família de artistas. O pai, Bernardo, e o tio, Eduardo, são musicistas e tocaram em uma banda na juventude. O mesmo tio é luthier (fabrica artesanalmente instrumentos musicais). Ele também tem um primo ator, uma prima artista circense, um primo continuísta e uma prima estudante de artes plásticas. “Minha família sempre foi muito musical, sempre escutamos músicas em reuniões e festas. Então, acabei convivendo com música todos os dias”, conta. “Comecei a cantar músicas populares por diversão e resolvi estudar canto erudito na Escola de Música de Brasília para entender o canto na sua essência e ter uma boa técnica vocal”, diz.

 

O jovem explica que, diferentemente da música popular, no canto lírico não basta abrir a boca e cantar. “Antes de cantar uma música clássica ou uma ária, você precisa de um treinamento específico. Precisa entender sua voz, que tipo de voz, em qual estilo sua voz sobressai, entre outros aspectos. Essa complexidade sempre me encantou, o tanto de esforço e estudo que é preciso investir para entender esse mundo, esse estilo de vida e essa música. Tudo isso sempre me estimulou a continuar focado, estudando, treinando e pesquisando”, afirma.

 

O esforço tem valido a pena. Na Alemanha, Ian se apresenta com frequência em concertos, principalmente com oratórios de compositores consagrados, como Bach. A aplicação nos estudos dificulta sua vinda a Brasília: desde que se mudou, há dois anos, ele visitou o Brasil apenas duas vezes. Na segunda, neste ano, não pôde vir à cidade natal. Depois de cantar em dois concertos em São Paulo, precisou voltar à Alemanha de imediato. Na capital paulista, encantou a plateia do projeto Noite das Estrelas, na Sala São Paulo, ao cantar um trecho da opereta O País dos Sorrisos, de Franz Lehár.

 

O tenor conta que a relação dele com Brasília é muito forte. “Sinto muita falta de tanta coisa, especialmente dos amigos, dos colegas da música e da família. Brasília é uma cidade onde conheci pessoas muito especiais para mim, onde aprendi a amar a música com todas as forças, onde criei minha base para poder continuar firme em frente”, enumera. “E, por eu amar tanto Brasília e o que a cidade significa para mim, odeio o descaso com a cidade, o descaso com a cultura e com a música, que deixou de ser ensinada nas escolas.” O jovem Ian tem muito pela frente. Quer chegar ao patamar que chegaram grandes tenores mundiais, como Jose Carreras e Placido Domingo. Até lá, quem sabe, as notícias que receber de Brasília possam soar como música para seus ouvidos.

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