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Vai um picolé? Fábricas de Brasília investem na produção de novos sabores

Empresas diversificam suas vendas e veem a demanda aumentar cada vez mais

Teresa Mello - Publicação:16/04/2019 17:40

Duas fábricas de picolés em Brasília completaram quatro anos, em fevereiro, em ritmo de expansão e com foco nos lançamentos da temporada: a Vai Bem Gelados e a La Bamba Sorvetes Especiais. Além de começarem a empreender na mesma época, as empresas têm, na gestão, gente jovem, gabaritada e que trabalha feliz, enquanto executa os projetos de crescimento.

Picolés da Delícias do
Cerrado, que tem 50 tipos
em seu cardápio, alguns de
frutos típicos, como cagaita,
cajá-manga e pequi (Minervino Junior/CB/DA Press)
Picolés da Delícias do Cerrado, que tem 50 tipos em seu cardápio, alguns de frutos típicos, como cagaita, cajá-manga e pequi
 

No galpão de 600 metros quadrados da Vai Bem, no Setor de Oficinas Norte, são produzidos 10,5 mil picolés por dia (e 400 litros de sorvete por hora) e a previsão de faturamento para 2019 é de 5 milhões de reais. Na Área de Desenvolvimento Econômico (ADE) de Águas Claras, a La Bamba faz 4 mil picolés e 6 mil paletas por dia (e 200 litros de sorvete por hora), em espaço de 260 metros quadrados e planeja a mudança para um espaço maior.

 

“A Vai Bem nasceu de um desejo grande de empreender em Brasília, cidade quente quase o ano todo e com pouca oferta de sorvetes de qualidade”, diz o brasiliense Julio Faccioli, de 28 anos, formado em agronegócio pela Universidade de Brasília. O amigo e colega da UnB Fillipe Janiques, de 29 anos, conta que antes eles foram conhecer outros mercados, como o das paletas mexicanas, que faziam o maior sucesso no Rio de Janeiro, em meados de 2014. Animado, Fillipe vendeu o carro para entrar na sociedade, formada também pela agência de marketing digital Look’n Feel, responsável pela festiva identidade visual da marca, e por Thiago Janiques.

 

O investimento inicial, de 200 mil reais, bancou o maquinário modesto, um funcionário e a loja no subsolo do Centro de Atividades (CA) 2 do Lago Norte. A inauguração oficial ocorreu em 7 de fevereiro de 2015. “Tínhamos uma pequena fábrica de 50 metros quadrados, uma Kombi e cinco freezers no mercado. Hoje, são 290 clientes e estamos atuando com picolés, sorvetes de 150 ml e de 500 ml e o food service de 10 litros para restaurantes”, comemora Julio. Para eventos, a fábrica oferece carrinhos, nos quais cabem 150 picolés, e freezer.

 

A produção empolga. Há quatro anos, eram 3 mil picolés por dia e hoje, 10,5 mil picolés por dia − um crescimento de 350% −, distribuídos em quase 300 pontos de venda (PDVs), como supermercados, restaurantes, padarias, lojas de conveniência, cafeterias e farmácias. Com 19 funcioná- rios, a empresa anda firme na trilha do sucesso: “Criamos um canal de food service, que são as embalagens de 10 litros para restaurantes, e estamos investindo na expansão territorial, chegando à rede Oba, em Goiânia”, explica Fillipe. A receita foi de 2,3 milhões de reais em 2018 e a projeção de faturamento, segundo ele, é de 5 milhões de reais para 2019.

Filipe Janiques e Melissa Valim, da Vai Bem, comemoram os números da
marca: produção de 10,5 mil picolés por dia, distribuídos em quase 300
pontos de venda e faturamento previsto de 5 milhões de reais em 2019  (Raimundo Sampaio/Esp. Encontro/DA Press)
Filipe Janiques e Melissa Valim, da Vai Bem, comemoram os números da marca: produção de 10,5 mil picolés por dia, distribuídos em quase 300 pontos de venda e faturamento previsto de 5 milhões de reais em 2019
 

A cartela da fábrica exibe 13 sabores de picolés − três de fruta, três cremosos, três com recheio e quatro exclusivos −, todos sem conservantes e aromatizantes. “Vamos ao Ceasa, compramos banana do dia, limão, e saborizamos com a fruta mesmo, não é com a polpa”, conta. É o caso do Macaquito (banana com creme de avelã) e do Galeguinho (limão), por exemplo. As criações, a cargo do mestre sorveteiro e servidor público Hugo Affiune, são testadas por um grupo de clientes fiéis e depois batizadas com nomes repletos de bom humor: “Nós juntamos os funcionários e fazemos um brainstorming”. Assim, nasceram o Biscoito ou Bolacha?, que brinca com o regionalismo das palavras; o Mara, de maracujá; o Mineirinho, de doce de leite.

 

O lançamento de verão é o Crush, o primeiro no estilo skimo − casca crocante e textura de sorvete −, no mercado desde novembro de 2018. “É feito na má- quina de sorvete e colocado na fôrma de picolé para congelar”, informa a gestora de marketing da fábrica, Melissa Valim, de 25 anos, formada em publicidade. “O nome tem uma pegada jovem e vem da sonoridade crocante também”, completa Fillipe. Os preços sugeridos, os mesmos desde a inauguração, vão de 7 a 9 reais e entre os mais vendidos estão o Meu Bem (morango com leite condensado), o Mr. Brownie (exclusivo, com chocolate belga e em parceria com a brasiliense Mr. Brownie) e o Biscoito ou Bolacha?, com biscoito Oreo.

 

A trajetória da La Bamba é parecida. Formada em direito, a brasiliense Camila Amaral, de 30 anos, também se encantou com as tais paletas mexicanas, que nem são tão mexicanas assim: “Vi as filas imensas em frente ao Los Paleteros, lá no ParkShopping”, lembra ela, que sempre teve vontade de trabalhar com sorvetes. Em de maio de 2015, abriu uma pequena loja em Taguatinga, na CNB 4, com investimento inicial de 50 mil reais. “Ali era o espaço de venda, de estoque, a fábrica, a cozinha. Eu tinha uma funcionária no caixa e uma faxineira, e a má- quina fazia duas fôrmas, num total de 52 paletas. Agora tenho uma máquina que faz 28 fôrmas de uma vez”, diz.

 

Desde janeiro de 2016, a empresa, que tem na sociedade dois casais, ocupa um espaço de 260 metros quadrados na ADE de Águas Claras, onde trabalham 12 pessoas. O balanço dos quatro anos surpreende: 4 mil picolés e 6 mil paletas por dia, distribuídos em 201 pontos de venda, sendo 185 deles no DF, 10 na Bahia, quatro em Goiás e dois em Minas Gerais. Por mês, são vendidos de 20 mil a 25 mil paletas, com preço sugerido de 9 a 11 reais, e de 8 mil a 10 mil picolés, por 4,90 reais.

A brasiliense Camila Amaral, da La Bamba, começou com um investimento pequeno
e hoje já tem pontos de venda também na Bahia, Goiás e Minas Gerais: além de
dirigir a fábrica, ela desenvolve sabores sob encomenda para chefs de cozinha  (Raimundo Sampaio/Esp. Encontro/DA Press)
A brasiliense Camila Amaral, da La Bamba, começou com um investimento pequeno e hoje já tem pontos de venda também na Bahia, Goiás e Minas Gerais: além de dirigir a fábrica, ela desenvolve sabores sob encomenda para chefs de cozinha
 

Os gráficos financeiros da fábrica indicam média anual de 89% em evolução de receitas e de 175% em investimentos. Em 2017, foram investidos 168 mil reais e, em 2018, 567 mil reais. A receita em 2018 foi de 1,1 milhão de reais e a proje- ção para 2019 é de 2 milhões. “Sempre gostei de cozinhar, de aprender”, conta a sócia-proprietária da empresa, que fez o curso na Escola Sorvete, do mestre sorveteiro Francisco Sant’Ana, na capital paulista. Camila passou um ano em idas e vindas na rota Brasília-São Paulo.

 

A técnica fez o talento dela fluir. Hoje, além de dirigir a La Bamba, ela desenvolve sabores sob encomenda para chefs de cozinha, como sorvetes salgados de parmesão, pesto, mostarda e gengibre. Entre os testes para a fábrica, já criou cerca de 80 receitas.

 

São 12 tipos de paletas e, desde o ano passado, nove picolés, com destaque para os de verão: coco, uva, limão, casadinho (cacau e chocolate branco) e paçoca. Com carinho e zelo artesanal, ela faz o próprio caramelo e o próprio brigadeiro para as fórmulas das linhas cremosa (sem recheio, iogurte com frutas vermelhas, chocolate belga), especial (coco com brigadeiro caseiro, musse de Nutella) e premium (Ninho trufado, cacau com trufa branca). “As mais vendidas são as paletas de morango com leite condensado, Ninho trufado e chocolate belga”, destaca ela, que lançou quatro sabores de sorvete em potes de 140 ml e de 500 ml. A empresa também tem carrinhos para eventos, nos quais cabem 228 unidades de paletas e picolés.

 

Com sede em Paraúna (Goiás) desde 2003, a Delícias do Cerrado utiliza polpa de fruta natural para produzir os cerca de 50 sabores de picolés, além de sorvetes em potes de 180 ml e 1,8 litro. Em Brasília, a franquia na Asa Sul (212) é comandada, desde novembro de 2014, por Ayrton Marques da Rocha Neto, de 41 anos. “Eu já era cliente da loja, fiz amizade com o antigo proprietário e, quando ele quis passar o ponto, eu me interessei pelo negócio”, conta ele. No local, uma lista em ordem alfabética exibe 46 sabores, divididos em: à base de água, de leite e especiais (os que não são de fruta, como o de chocolate branco), vendidos a 4,50 reais e a 5 reais. “Os clientes comentam que parece que estão comendo a fruta”, diz o dono. Entre os da região do cerrado, estão cagaita, gabiroba, araticum, buriti, graviola, taperibá, cajá-manga e pequi. Segundo Ayrton, o preferido é o de groselha, o único feito com xarope artificial. Em seguida, vêm o de milho, o de coco branco e o de graviola.

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