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Arte espelhada pela capital

Conheça algumas obras que transformaram Brasília em uma cidade que é um museu a céu aberto

Isabella de Andrade - Publicação:30/05/2019 14:37Atualização:30/05/2019 16:07

Quando pensamos em Brasília é possível concluir que a cidade, por si só, já é uma grande obra de arte. Planejada cuidadosamente por Oscar Niemeyer e Lúcio Costa, a capital tem uma arquitetura única e edifícios que lembram grandes esculturas por toda a parte. Ela é a única cidade contemporânea tombada pela Unesco, considerada patrimônio universal com todas as suas características peculiares. Para completar, diferentes obras de arte ao ar livre transformam a cidade em um verdadeiro museu a céu aberto.

 

Diversas características fortalecem esse título, como o seu design inovador e os clássicos painéis de Athos Bulcão. O professor de poéticas contemporâneas do Instituto de Artes da Universidade de Brasília (UnB) Christus Nóbrega lembra que existem também diferentes artistas contemporâneos para fortalecer esse aspecto da capital.

 

“Existem, por exemplo, artistas contemporâneos, como os grafiteiros, que fazem intervenções urbanas em vários pontos da cidade, como as ruas da W3. Há também intervenções efêmeras, como as projeções luminosas na cúpula do Museu Nacional, que transformam o espaço em um ponto vivo de exposições”, diz o professor. Para ele, essa é uma forma democrática e respeitosa de criar um diálogo com os prédios planejados da cidade, destacando ainda mais a sua vocação para ser um museu a céu aberto.

 

A arquitetura da cidade, com grandes espaços vazios, também estimula essas intervenções. Quem vive em Brasília acaba por vivenciar essa relação com a arte, transformando a produção criativa em um aspecto do cotidiano.

 

Conheça oito das principais obras de arte localizadas a céu aberto na capital e o que elas representam para essa cidade quase sessentona.

 

SÍMBOLOS DA CIDADE

Uma das obras de arte feita em espaço livre mais reconhecida de Brasília. O monumento Dois Guerreiros (Dois Candangos) é uma homenagem aos trabalhadores que construíram a capital. A escultura foi criada em bronze pelo artista Bruno Giorgi e mede oito metros de altura. O monumento tornou-se símbolo da cidade e foi erguido, em 1959, na Praça dos Três Poderes, depois que dois jovens pedreiros, Expedito Xavier Gomes e Gedelmar Marques, morreram soterrados na construção da capital planejada por Oscar Niemeyer e Lúcio Costa. Vale lembrar que os operários que migraram para o planalto central para atuar nas obras de Brasília foram denominados candangos e, por isso, a escultura ficou popularmente conhecida por este nome.

 (Raimundo Sampaio/Esp. Encontro/DA Press)
 

LAGOS DIPLOMÁTICOS

 

A escultura Meteoro, de Bruno Giorgi, transformou-se em um símbolo do Palácio Itamaraty. Ela pesa quase 50 toneladas mas aparenta extrema leveza sobre o espelho d’água que circula o edifício. A obra foi esculpida entre 1967 e 1968 e é montada com cinco partes de uma esfera vazada estilizada, significando os laços diplomáticos entre os cinco continentes. Giorgi foi enviado à cidade italiana de Carrara para criar a obra e trabalhou por 14 meses com artesãos do ateliê de Carlo Nicoli. A escultura nasceu de um grande bloco de mármore que pesava 120 toneladas e montagem de suas partes exigiu a presença de um guindaste.

 (Raimundo Sampaio/Esp. Encontro/DA Press)
 

CORAGEM E FORÇA

 

Localizada em frente ao prédio do Supremo Tribunal Federal (STF), A Justiça foi feita pelo artista plástico mineiro Alfredo Ceschiatti, em 1961. Com 3,30 metros de altura e 1,48 metro de largura, ela representa o Poder Judiciário na imagem de uma mulher com os olhos vendados e espada. Pode-se dizer que a espada representa a força, a coragem e a ordem da justiça e os olhos vendados, a sua imparcialidade. Sua simbologia tem origem na deusa romana Justiça, que é equivalente à grega Dice, filha de Zeus com Têmis, conhecida como guardiã dos juramentos dos homens.

 (Raimundo Sampaio/Esp. Encontro/DA Press )
 

PEDRAS QUE SE MOVEM

 

Localizada nos amplos jardins do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), Améfrica é uma importante obra instalada a céu aberto na capital, principalmente por ter sido criada por uma mulher. A artista paulista Denise Milan idealizou a escultura com a ideia de sintetizar a mudança da vida por meio das pedras. Elas mudam de forma com o passar do tempo e podem ser moldadas de acordo com interferência do ambiente. Denise é uma artista contemporânea e utiliza a pedra como o principal eixo criativo de suas obras.

 

UM PEDIDO INUSITADO

 

A escultura Pombal, de 13 metros, que também fica na Praça dos Três Poderes, é apelidada por muitos brasilienses como prendedor de roupas, pelo formato semelhante ao objeto. Ela representa, na realidade, dois pombais virados para dentro e foi feita a pedido da primeira-dama da época, Eloá Quadros. Ela pediu o monumento por acreditar que toda praça deveria ter pombos e, assim, a obra de formato curioso foi inaugurada em 1961, durante o governo de Jânio Quadros. O Pombal foi a primeira obra erguida depois da inauguração da praça, em 1960.

 (Raimundo Sampaio/Esp. Encontro/DA Press )
 

AZULEJOS DE ATHOS BULCÃO

 

A simpática Igrejinha fica entre as Superquadras 307 e 308 Sul, esta última considerada a quadra modelo de Brasília, referência de como todas as superquadras residenciais deveriam ser na cidade. A fachada da Igreja de Nossa Senhora de Fátima, construída em formato de um chapéu de freira, é revestida com azulejos feitos pelo artista Athos Bulcão, um dos símbolos da capital. A igrejinha foi projetada por Oscar Niemeyer e inaugurada em 1958, tendo sido o primeiro trabalho feito por Athos Bulcão para a nova capital. A arquitetura leve e diferenciada transforma o local em mais um importante ponto de contribuição para que Brasília receba o título de museu a céu aberto.

 

ARTE INTERATIVA

 

Criado por Darlan Rosa, o Casulo também ocupa o amplo espaço dos jardins do CCBB. A obra de arte contemporânea foi inaugurada em 2008 e diferencia-se pelo fato de ser totalmente interativa e voltada ao público infantil. Misturando arte e diversão, o lugar tem obras projetadas para permitir, principalmente, a interatividade entre pais e filhos, aproximando as crianças da produção cultural desde cedo. A instalação permanente foi revitalizada em 2016, ganhando iluminação noturna e diferentes sons, permitindo que crianças e adultos experimentem diferentes sensações no local. A instalação é formada por três obras a céu aberto: Navete, Tambores e Casulo.

 

EM NOME DA RIQUEZA

 

A Praça Cívica é mais conhecida como Praça dos Cristais e foi projetada pelo arquiteto e urbanista Burle Marx. Inaugurada em 1970, surgiu por uma inspiração do artista após visitar o município de Cristalina, onde há muitos cristais de rocha. O jardim geométrico é tombado pelo Patrimônio Histórico Nacional (Iphan) e tem 102 mil metros quadrados. As esculturas de concreto, em formato de cristal, representam a riqueza da região e ganham destaque em mais um espaço artístico ao ar livre da capital. Além da peculiaridade das formas, a obra é também interativa, com trilhas que ligam as diferentes ilhas do laguinho onde flutuam os cristais.

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