Jair Bolsonaro: entre polêmicas e vitórias
Com um discurso conservador, de defesa da família tradicional, do armamento como meio de proteção do cidadão e dos valores cristãos, ele conseguiu vencer as eleições presidenciais em 2018 e emplacar um clã na política
PERFIL JAIR MESSIAS BOLSONARO 64 anos
Nasceu em Glicério (SP)
Casado, cinco filhos
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- Formou-se na Academia Militar das Agulhas Negras (Aman) em 1977 e serviu nos grupos de artilharia de campanha e paraquedismo do Exército Brasileiro
- Deputado federal por sete mandatos consecutivos a partir de 1991
- Em outubro de 2018, elegeu-se o 38° presidente da República
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Jair Bolsonaro é o rei da polêmica. Com repercussão internacional. A ativista ambiental sueca Greta Thunberg, eleita personalidade do ano pela revista Time, foi chamada por ele de “pirralha”. Foi uma reação do presidente do Brasil às críticas da adolescente de 16 anos pela morte de índios na Amazônia. Por questões ambientais, ele reclamou também do ator norte-americano Leonardo DiCaprio, a quem acusou de financiar ONGs que provocam desmatamento.
Bolsonaro sempre foi assim. Na última eleição, o capitão reformado do Exército virou a antítese do PT, símbolo de combate à corrupção e passou a ser chamado de “mito”. Apesar das polêmicas e do descrédito de parte do eleitorado, em 2018, Bolsonaro elegeu-se, no segundo turno, presidente da República. Conquistou 57,7 milhões de votos ou 55,13% dos votos válidos e ainda viu o primogênito, Flávio, virar senador, e o filho 03, Eduardo, chegar ao Congresso como o deputado federal mais votado da Câmara. No Palácio do Planalto, o militar inaugurou um estilo próprio de governar. Usa os canais das redes sociais para anunciar medidas, criticar adversários e demitir aliados. Com 14,6 milhões de seguidores no Instagram e 5,5 milhões no Twitter, aprendeu a divulgar suas versões em canais da internet. Carlos, o filho 02, vereador pelo Rio de Janeiro, é o mentor das estratégias do mundo virtual. O estilo de se manifestar pelo Twitter de Bolsonaro vem do exemplo de um personagem que ele admira muito: Donald Trump, o presidente dos EUA. Nas redes sociais, a primeira “vítima” no governo foi Gustavo Bebiano, ex-secretário-geral da Presidência da República, que soube pelo Twitter de sua exoneração e depois saiu atirando. Houve troca de chumbo também no PSL, partido pelo qual Bolsonaro se elegeu. Antes do PSL, Bolsonaro integrou vários partidos ao longo da trajetória política. Foram nove legendas, incluindo o PSL. Agora, o presidente trabalha para montar o Aliança pelo Brasil, com o discurso de defesa do armamento, religião e valores de família. O número escolhido para a nova legenda é o 38, coincidência ou não, o mesmo do calibre de arma de fogo mais usado no país.
Bolsonaro ganhou projeção nacional em 1986 depois de uma entrevista em que reclamava dos salários de militares, o que o levou à prisão por 15 dias. Dois anos depois, foi absolvido. Antes de concorrer à Câmara dos Deputados, foi vereador pelo Rio de Janeiro por dois anos até se candidatar e levar o primeiro mandato de deputado federal, o mais votado pelo Rio de Janeiro. No estado, dois de seus cinco filhos exercem mandato. O primogênito, Flávio Bolsonaro, é senador. Carlos Bolsonaro, o segundo, é vereador. O terceiro filho, Eduardo Bolsonaro, reeleito como o parlamentar mais votado do país, é deputado por São Paulo. O quarto filho, Jair Renan, também deve entrar na política. Ele tem ainda a filha Laura, de 9 anos, do casamento com Michelle Bolsonaro. O primeiro ano do governo foi de muitas turbulências, mas o principal objetivo traçado por Bolsonaro foi atingido. O Congresso aprovou a Reforma da Previdência, a mais ampla das últimas três décadas. Com o ex-presidente Lula fora da prisão, Bolsonaro se prepara para fortalecer a polarização antipetista. Hoje, ele é o principal nome para a própria sucessão.