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BRASILIENSE DO ANO | EDUCAÇÃO »

Eda Coutinho: a mestra nota A

A educadora ajudou a criar o Iesb no fim dos anos 1990, ao lado do marido, o professor Edson Machado, e sempre viveu às voltas com salas de aulas. Com a morte dele, em 2018, assumiu a instituição com 20 mil alunos

Paloma Oliveto - Publicação:12/02/2020 15:02Atualização:12/02/2020 16:29
A professora Eda Coutinho
escolheu sua profissão ainda
criança: 'Entendi que meu
negócio era estudar', diz (Raimundo Sampaio/Esp. Encontro/DA Press)
A professora Eda Coutinho escolheu sua profissão ainda criança: "Entendi que meu negócio era estudar", diz

 

PERFIL

 

 

EDA COUTINHO BARBOSA MACHADO DE SOUZA

80 anos

 

Natural de Bueno Brandão (MG), mora em Brasília desde 1966

Viúva, mãe de dois filhos

- Graduada em pedagogia pela UnB e em biblioteconomia pela PUC de Campinas (SP)

 

- Mestre em educação secundária e doutora em currículo acadêmico e instrução pela Universidade Estadual da Pensilvânia (EUA)

 

- Presidente do Centro Universitário Iesb

 

 

Aos 10 anos, o sonho da pequena Eda Coutinho era bem diferente do das outras crianças. “Entendi que meu negócio era estudar.” Com seis irmãos, ela sabia que não seria fácil convencer a família a inves­tir na sua educação. Para conseguir o que queria – ser matriculada no colégio interno de uma cidade vizinha à sua (Bueno Brandão, MG) –, fez uma pro­messa: seria a primeira da turma. “E fui. A vida intei­ra.” Fundadora e presidente do Centro Universitário Iesb, Eda tem passado a vida em meio a livros e salas de aula. O entusiasmo com que fala dos tempos de estudante e de professora não deixa dúvida de que a educar é a paixão e a vocação da mineira que há 53 anos escolheu Brasília como lar. “Cheguei aqui em 1966, aos 26 anos. Era de madrugada. Fiquei encantada com a W3 Sul, era linda. Todas as vitrines estavam acesas”, recorda. “Pensei: vou ficar o resto da vida nessa cidade.” De fato, da capital, ela só saiu para o mestrado e o doutorado nos Estados Unidos.

 

Na Universidade de Brasília (UnB), Eda obteve o segundo diploma, de pedagoga. Antes, havia se for­mado em biblioteconomia, em Minas Gerais. Eram tempos duros, de ditadura militar. Chamada para trabalhar no Ciem, escola de ensino médio vincu­lada à UnB, ela sofreu a decepção de ser desligada, porque o reitor da época a considerava “subversiva”. Isso porque trabalhou com educação no campo de trabalhadores rurais, quando morava no Paraná. Foi graças a esse acontecimento, porém, que Eda aca­bou nos Estados Unidos. Em 1971, viúva do primeiro marido, que morreu em um acidente, e mãe de uma menina (Liliane), então com 10 anos, com uma bol­sa de estudos, partiu, com a filha, para a Pensilvânia.

 

A bolsa de mestrado previa a conclusão do cur­so em dois anos. Porém, ela obteve o título na me­tade do tempo e ainda com créditos de disciplinas sobrando. Convencida por um professor a dar con­tinuidade à pós-graduação, Eda fez doutorado, pas­sando mais 12 meses nos Estados Unidos. Não foi um período fácil. “Eu estudava o tempo todo. Parte da bolsa era paga pela Universidade de Campinas (Unicamp) e, muitas vezes, atrasava. Já passei fome, porque o dinheiro era todo para os livros”, revela. Com o título de doutora, Eda ainda faria mais um curso na Flórida (EUA) antes de voltar a Brasília.

 

Aqui, passou a trabalhar no Ministério da Educa­ção, com a missão de elaborar programas para sete universidades federais para que melhorassem o en­sino e apresentassem projetos de inovação. No MEC, conheceu o professor Edson Machado. Apaixonados, casaram-se e, aos 46 anos, Eda deu à luz Edson, hoje reitor do Iesb. O marido, que era paranaense, morreu em junho de 2018, aos 78 anos. Foi ao lado dele que a professora idealizou e construiu o Iesb, no fim da década de 1990. O centro universitário nasceu como faculdade e, com dois anos de funcionamento, cres­ceu tanto que já não cabia no antigo prédio alugado na Asa Sul. Depois de construir três prédios em um terreno da Asa Norte, que pertencia à Paróquia Ver­bo Divino, Eda conseguiu comprar dois terrenos na 613 Sul. “Ia pegando empréstimo e construindo os prédios”, recorda. A pequena faculdade foi ganhando mais estudantes e novos cursos. Hoje, são 20 mil alu­nos e mais de 40 cursos presenciais, mestrado, espe­cialização, extensão e internacionalização (parcerias com instituições do exterior). Com nota máxima na avaliação do MEC, o agora centro cniversitário tem três campi – Asa Sul, Asa Norte e Ceilândia – e, em breve, será expandido para Águas Claras e Valparaíso (GO). Sempre ativa, Eda explica o que, ao criar o Iesb, o objetivo foi contribuir para um mundo melhor: “As universidades têm uma responsabilidade muito grande com o desenvolvimento do país, com a me­lhoria do futuro da humanidade”, diz.


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