Ana Carolina Steinkopf: com música, tudo vai bem
Musicoterapeuta criou projeto que ajuda crianças autistas a se socializarem, já levou seu instituto a cinco estados e foi premiada nacionalmente pela iniciativa
PERFIL
ANA CAROLINA STEINKOPF 29 anos
Nasceu em Curitiba (PR) e vive em Brasília desde 2001
Solteira | - Formada em musicoterapia pela Universidade Federal de Goiás (UFG), em 2013
- Musicoterapeuta e coordenadora do Instituto Steinkopf, que fundou em 2015
- Criou o projeto Uma Sintonia Diferente, que atende crianças com autismo |
A música é a paixão de Ana Carolina desde a infância. Tanto que a jovem escolheu a musicoterapia como profissão. Hoje, ela utiliza sua formação para ajudar na socialização de crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA). A criadora do projeto Uma Sintonia Diferente, que se iniciou em Brasília e já está presente em cinco estados, além do DF, prepara-se para levar seu trabalho ainda mais longe. Ela acredita que a música pode ajudar a compreender melhor um distúrbio que ainda é estigmatizado por grande parte da sociedade. “Comecei a me interessar por música por causa da igreja e meus pais. Eles sempre incentivaram a mim e meus dois irmãos”, conta.
A curitibana veio para Brasília em 2001, ainda criança, quando seus pais passaram no concurso do Sarah. Ela escolheu o violino para debutar na área, atraída pela elegância e postura características de quem toca esse instrumento. Na hora de escolher o curso de faculdade que cursaria, optou pela musicoterapia, mas precisou se mudar para Goiânia (GO). “Temos poucas universidades que oferecem esse curso, então tive de ir para Universidade Federal de Goiás (UFG). Lá, eu me apaixonei por tudo que aprendi”, diz. Após terminar o curso, Ana Carolina resolveu dar início a atendimentos, pois seu objetivo era ajudar pessoas que sofreram danos cognitivos, mas seus planos mudaram graças a um de seus pacientes: “Atendi um garoto de 12 anos com autismo e a mãe dele tinha dito o quanto ele amava a música. Achei que seria ótimo, mas deu tudo errado. Ele passou uma hora fugindo de mim”, lembra. Com o fracasso inicial, a musicóloga se sentiu motivada a desenvolver um método que ajudasse crianças com autismo a se tornar mais socializadas. “Existe pouca coisa sobre o tema, principalmente relacionado à musicoterapia. Vi que teria de criar um método.”
Com muito esforço e ajuda de psicólogos e outros especialistas, Ana Carolina obteve sucesso e seu trabalho se transformou no projeto Uma Sintonia Diferente. “Temos parceiros no Ceará (Fortaleza), Minas Gerais (Timóteo e BH), Rio Grande do Sul (Novo Hamburgo), São Paulo e Maranhão (São Luís e Imperatriz). A partir do ano que vem teremos no Rio de Janeiro, no Pará (Belém) e Amazonas (Manaus)”. Segundo ela, “isso é resultado das melhoras que vimos acontecer, de como as crianças conseguiram obter melhoras consideráveis em relação à fala, principalmente. Também acredito que ajudamos as pessoas a conhecer melhor o autista, pois poucos sabem sobre esse distúrbio”, diz.
A criadora do Instituto Steinkopf também ressalta que parcerias recentes têm contribuído para essa expansão. “Ganhamos o Prêmio Fundação Banco do Brasil de Tecnologia Social, na categoria Saúde e Bem-Estar, e isso foi um divisor de águas. Hoje, temos mais parceiros interessados. Também ganhamos um eletroencefalograma, para realizar nossas pesquisas.” Para ajudar a manter a instituição, os pais pagam uma mensalidade de 160 reais. Ana Carolina afirma que é difícil trabalhar na área social, ainda mais sendo jovem, mas acredita que outras pessoas com perfil semelhante ao seu podem ter resultados positivos. “É difícil citar exemplos que sejam meu referencial na área, mulheres e negras, e também pessoas mais jovens. As pessoas não tinham confiança em mim, mas aos poucos fui conquistando meu espaço. Hoje, isso me motiva. Assim como confiaram em mim, quero que aconteça com mais gente, independentemente da idade.”