Nova técnica pode ajudar hipertensos que não respondem ao tratamento convencional
Depois de aplicar o método com sucesso em ratos, pesquisadores do Reino Unido iniciam testes com humanos
Vilhena Soares - Correio Braziliense
Publicação:05/09/2013 10:30Atualização: 05/09/2013 13:12
Fator de risco grave para ataques cardíacos e uma série de outros problemas, a hipertensão, ou pressão alta, muitas vezes pode ser controlada por meio de medicamentos e mudanças no estilo de vida. Entretanto, muitos pacientes que sofrem com a doença não conseguem ter melhoras com essas medidas. Nesses casos, uma das alternativas é a técnica conhecida como denervação renal, na qual um cateter é utilizado para criar lesões nos nervos dos rins, o que ajuda no controle da pressão sanguínea. O problema é que os resultados não são garantidos, o que torna a eficácia do procedimento um tanto limitada. Agora, especialistas do Reino Unido apresentam um tipo de intervenção que tem o potencial de obter melhores resultados.
Testada, por enquanto, apenas em ratos, a nova técnica age de forma parecida sobre os nervos do corpo carotídeo, conjunto de quimioreceptores e células localizado no pescoço, próximo à artéria carótida interna, que regula os níveis de oxigênio no sangue e também modula a pressão do sangue. Os autores do método estão entusiasmados com os resultados obtidos em animais e já se preparam para testá-lo em humanos. Eles esperam que ele seja mais eficiente que a alternativa existente hoje, podendo levar alguns pacientes até mesmo a deixarem de usar medicamentos anti-hipertensivos.
A denervação do corpo carotídeo foi apresentado na edição desta semana da revista Nature Communications. No artigo, especialistas da Universidade de Bristol, no Reino Unido, mostram como conseguiram reverter a hipertensão em camundongos. Os animais foram dopados e depois tiveram a área localizada no pescoço lesionada por um processo não invasivo, chamado ablação (uso de ondas de radiofrequência para bombardear determinada área). Após um período de recuperação, os ratos foram avaliados. A normalização da pressão foi constatada, e os resultados positivos persistiram por um longo período.
Julian Paton, fisiologista e um dos autores do estudo, explica que as vantagens da intervenção em relação à técnica que age sobre os rins são muitas. “A denervação renal é um processo cego, você não pode ter a certeza de sucesso do procedimento, ou seja, que você destruiu os nervos renais. A ablação do corpo carotídeo permitirá uma avaliação do sucesso do procedimento”, destaca. Paton também destaca que sua criação poderá melhorar as respostas de pacientes que não obtiveram sucesso com a denervação renal. “Temos visto que 50% dos pacientes hipertensos não respondem a ela”, complementa.
O pesquisador de Bristol diz ainda que o procedimento testado por sua equipe poderá ajudar a diminuir a quantidade de remédios utilizados por pacientes hipertensos. “A queda prevista na pressão arterial deverá ser maior e mais propensa a permitir a remoção de medicamentos anti-hipertensivos, bem como obter mais êxito de alcançar níveis-alvo (níveis estáveis de pressão)”, destaca.
Ressalvas
Para Dante Giorgi, cardiologista do Instituto do Coração (InCor), o trabalho dos britânicos é bastante interessante, mas outras questões deverão ser levadas em conta, principalmente em relação aos testes com humanos. Ele apontra que, nos ratos geneticamente modificados para o estudo, a causa da hipertensão estava somente no sistema nervoso simpático, cujo funcionamento desregulado pode, de fato, levar ao problema de saúde. “Mas, em humanos, as causas de hipertensão podem ser mais diversas, como a sensibilidade ao sódio e o sistema renina-angiotensina (responsável pela pressão arterial). Por conta desses vários fatores, os hipertensos precisam de uma grande quantidade de medicamentos, que atuem em todas essas variantes”, explica. “Essa técnica precisaria abranger todos esses pontos para ser utilizada com sucesso, e, claro, também é preciso cuidado com os efeitos colaterais”, acrescenta.
Paton adianta que os testes com humanos já começaram a ser preparados e serão realizados no Reino Unido e na Polônia. “A técnica será inicialmente voltada a pacientes hipertensos, mas, futuramente, poderemos ampliá-la para outras doenças que envolvem a atividade ao longo do sistema nervoso simpático, como a resistência à insulina e a insuficiência cardíaca”, adianta.
Testada, por enquanto, apenas em ratos, a nova técnica age de forma parecida sobre os nervos do corpo carotídeo, conjunto de quimioreceptores e células localizado no pescoço, próximo à artéria carótida interna, que regula os níveis de oxigênio no sangue e também modula a pressão do sangue. Os autores do método estão entusiasmados com os resultados obtidos em animais e já se preparam para testá-lo em humanos. Eles esperam que ele seja mais eficiente que a alternativa existente hoje, podendo levar alguns pacientes até mesmo a deixarem de usar medicamentos anti-hipertensivos.
A denervação do corpo carotídeo foi apresentado na edição desta semana da revista Nature Communications. No artigo, especialistas da Universidade de Bristol, no Reino Unido, mostram como conseguiram reverter a hipertensão em camundongos. Os animais foram dopados e depois tiveram a área localizada no pescoço lesionada por um processo não invasivo, chamado ablação (uso de ondas de radiofrequência para bombardear determinada área). Após um período de recuperação, os ratos foram avaliados. A normalização da pressão foi constatada, e os resultados positivos persistiram por um longo período.
Julian Paton, fisiologista e um dos autores do estudo, explica que as vantagens da intervenção em relação à técnica que age sobre os rins são muitas. “A denervação renal é um processo cego, você não pode ter a certeza de sucesso do procedimento, ou seja, que você destruiu os nervos renais. A ablação do corpo carotídeo permitirá uma avaliação do sucesso do procedimento”, destaca. Paton também destaca que sua criação poderá melhorar as respostas de pacientes que não obtiveram sucesso com a denervação renal. “Temos visto que 50% dos pacientes hipertensos não respondem a ela”, complementa.
O pesquisador de Bristol diz ainda que o procedimento testado por sua equipe poderá ajudar a diminuir a quantidade de remédios utilizados por pacientes hipertensos. “A queda prevista na pressão arterial deverá ser maior e mais propensa a permitir a remoção de medicamentos anti-hipertensivos, bem como obter mais êxito de alcançar níveis-alvo (níveis estáveis de pressão)”, destaca.
Saiba mais...
O cardiologista do laboratório Exame, Rafael Munerato, que não participou do estudo, acredita que o novo procedimento, caso obtenha sucesso nos testes com humanos, vai auxiliar hipertensos que não respondem bem ao uso de remédios. “Cerca de 90% dos pacientes que sofrem desse mal não têm sua causa identificada. E, dentro dessa alta porcentagem, muitos não respondem aos anti-hipertensivos. Essa nova técnica seria justamente uma tentativa de controle alternativa”, avalia. Munerato também explica que a denervação renal foi feita em grupos pequenos de pessoas, justamente por conta do cuidado dos pesquisadores com seus efeitos. “Esse procedimento também é pouco utilizado, pois questões inovadoras como essas exigem cuidado”, complementa.- Hipertensão arterial atinge de 6% a 8% de crianças e adolescentes no Brasil
- Pesquisa revela que 22,7% da população adulta brasileira sofre de hipertensão
- Comer fora aumenta o risco de hipertensão
- Ingestão diária de suco de beterraba pode reduzir pressão arterial
- Dieta vegetariana evita a hipertensão
- Nova técnica para controlar hipertensão severa está em cheque
Ressalvas
Para Dante Giorgi, cardiologista do Instituto do Coração (InCor), o trabalho dos britânicos é bastante interessante, mas outras questões deverão ser levadas em conta, principalmente em relação aos testes com humanos. Ele apontra que, nos ratos geneticamente modificados para o estudo, a causa da hipertensão estava somente no sistema nervoso simpático, cujo funcionamento desregulado pode, de fato, levar ao problema de saúde. “Mas, em humanos, as causas de hipertensão podem ser mais diversas, como a sensibilidade ao sódio e o sistema renina-angiotensina (responsável pela pressão arterial). Por conta desses vários fatores, os hipertensos precisam de uma grande quantidade de medicamentos, que atuem em todas essas variantes”, explica. “Essa técnica precisaria abranger todos esses pontos para ser utilizada com sucesso, e, claro, também é preciso cuidado com os efeitos colaterais”, acrescenta.
Paton adianta que os testes com humanos já começaram a ser preparados e serão realizados no Reino Unido e na Polônia. “A técnica será inicialmente voltada a pacientes hipertensos, mas, futuramente, poderemos ampliá-la para outras doenças que envolvem a atividade ao longo do sistema nervoso simpático, como a resistência à insulina e a insuficiência cardíaca”, adianta.