Assédio sexual na visão dos homens: a culpa é da roupa?
Homens também se manifestam sobre a polêmica do assédio na rua e os dados da pesquisa. Especialistas refletem sobre a carga de preconceito embutida nos gritos constrangedores que as mulheres recebem nas ruas
Letícia Orlandi - Saúde Plena
Valéria Mendes - Saúde Plena
Publicação:19/09/2013 09:02Atualização: 22/05/2014 13:45
Vinícius não faz coro aos “muitos amigos”, segundo ele, que costumam observar as mulheres muito agressivamente, comentar alto como se não estivessem falando para ela e até fazendo os tais "elogios". “Eu sou muito contra fazer comentários assediando pessoas na rua, de qualquer tipo”, diz.
O designer de jogos acredita que existem outras maneiras de se aproximar de uma garota. “Essa cantada costumeira me parece ser mais por esporte. É claro que o cara não espera que isso lhe renda um número de telefone, mas acho que pela segurança de ser mais forte que ela e, principalmente, quando está na segurança de um grupo de amigos, ele se sente confiante para assediar”, observa.Para ele, o homem não sente esse peso do assédio sexual porque é raro. “Já fui assediado por uma mulher muito mais velha e já vi amigos se enfurecerem por serem assediados por homossexuais, mas acreditando ser uma situação completamente diferente em relação à uma cantada tosca a uma mulher. Para mim, é a mesmíssima coisa”, diz.
O designer de jogos acredita que a prática está mais comum principalmente por que as mulheres parecem ter ganhado mais confiança para usar roupas mais sexy nas ruas. “Eu, na verdade, adoro observar o corpo de uma bela mulher e acho ótimo que elas se sintam à vontade para usar roupas assim. Pela lógica, se nós homens agimos com esse desrespeito estamos intimidando essas mulheres a nunca saírem vestidas com roupas mais provocantes. Na minha cabeça parece uma coisa muito óbvia”, encerra.
O pai dos preconceitos
Vinícius acaba caindo em dos cernes da questão: a roupa. Segundo Dierle Nunes, advogado, doutor em direito processual e professor dos cursos de Direito da UFMG e do mestrado da PUC Minas, o pai de todos os preconceitos é o preconceito contra a mulher. “Existe um construto cultural, reproduzido inclusive pelas próprias mulheres em sua criação, que torna o indivíduo do sexo feminino uma coisa. E dentro desse pensamento, a mulher tem que se vestir de determinado modo, para não alimentar o assédio”, alerta o professor. “Mas acontece que a mulher tem o direito fundamental de se vestir como quiser e se manifestar. Quando a conversa começa questionando o modo de vestir, fere-se qualquer discussão jurídica em torno do direito de igualdade”, relata.
Esse direito se reflete, inclusive, nas diversas Marchas das Vadias já realizadas em vários países. “A marcha tem origem na declaração de um policial canadense, que atribuiu o número de estupros à forma como as moças se vestiam, parecendo vadias. Acontece que um decote ou minissaia não dá direito ninguém a molestar outra pessoa. Isso demonstra um equívoco e um desconhecimento completo dos direitos fundamentais.
O professor ainda pondera que a modernidade trouxe, no mundo ocidental, uma necessidade de padronização. Quem não se adapta ao padrão, sofre preconceito. “Por isso digo que o preconceito contra a mulher é o pai de todos os outros. Essa padronização nos levou a perseguir um falso ideal de felicidade – casar, ter filhos, ser heterossexual – que vai contra a caracterísica multifacetada e plural do ser humano”, reflete Dierle Nunes. “Ainda que eu faça parte da minoria aceita como padrão, isso não me credencia ao preconceito. A quebra do padrão é que torna a existência humana muito mais rica. A desconstrução dessas normas – homem que é homem mexe com mulher na rua - é que poderá nos levar a uma vivência menos preconceituosa e solidária.
Nunes não aposta na criminalização como ferramenta de mudança do comportamento. “Existe um problema gravíssimo entre as mulheres do mundo todo – 7 em cada 10 vão sofrer algum tipo de violência ao longo da vida. E mais grave ainda é que, mesmo sendo caracterizada como crime, o sistema de controle da violência física contra a mulher é inefetivo. No caso de uma violência que não chega a se materializar fisicamente, temos que nos voltar principalmente para a mudança de comportamento e para políticas públicas mais eficientes”, pontua o advogado.
Quem cala não consente
Sociólogo e professor da PUC Minas, Juracy Costa Amaral elucida que a formação cultural brasileira se construiu em cima de um modelo patriarcal. “A mulher era objeto de propriedade, assim como um animal, e existiu por muito tempo na condição de mercadoria”. Para ele, o Brasil ainda não conquistou a modernidade e um exemplo disso é a publicidade focada no consumo masculino que coloca, até hoje, o corpo da mulher como objeto. “É um discurso sistematicamente reproduzido nas mídias”, diz.
Para piorar, o professor aponta a necessidade de o homem ter que provar publicamente a sua masculinidade. “É uma questão clássica na cultura brasileira: o homem que não canta é considerado afeminado”, afirma. Juracy Amaral diz que no sentido da convivência, é um cenário de decadência. “O assédio passa a ser normal e vale a regra “os incomodados que se retirem”. Por que não retiram quem faz o fiu fiu? Quantos juízes não se decidem a favor do homem? Temos o exemplo da sentença de um magistrado italiano que afirmou que a causa do estupro era o fato de a mulher estar de jeans”, pontua.
Para ele, a visão geral é de que a roupa está fazendo aquela mulher ser assediada. “Mas podíamos viver num campo de nudismo sem ninguém ser assediado. O movimento da Marcha das Vadias surgiu justamente para rebater esse pensamento. A mulher que mostra o corpo não é considerada alguém de respeito. Isso é um valor cultural”, assinala.
No Brasil, ocorre um estupro a cada três segundos e o medo é o principal motivo para as mulheres não reagirem à violência verbal ou gestual proferida sobre seus corpos. De novo, Juracy Amaral busca explicação na formação cultural para pensar sobre o tema. “A condição da mulher na sociedade é de submissão, de calar mesmo não consentindo, de silenciar-se para evitar a agressão, de não causar alarde, de ser dócil e não responder. O medo foi construído ao longo da história: cala-se por temor de desdobramento pior e não, quem cala consente”, sugere.
Juracy conta um caso que presenciou na Avenida Amazonas, no Centro de Belo Horizonte, durante uma greve de trabalhadores da construção civil. “Uma mulher passou e ouviu um ‘ô gostosa´, ‘ô tesão’. Ela respondeu em tom alto: ‘Dá o c* que passa’. O cara foi embora, saiu da manifestação, porque foi esculhambado na frente dos colegas. É uma forma de corrigir esse mal?”, questiona. Para ele, o fato é que as mulheres não foram educadas para isso e sim, para se sucumbir a ordem do homem. “Elas sofrem muito mais e perdem a liberdade até de expressão. Os homens fazem isso como uma forma de mostrar que é assim que se deve tratar essas mulheres. É barbárie, um comportamento de cultura incivilizada, dos primórdios da formação humana”, sentencia.
O sociólogo afirma que o assédio sexual é valorizado no meio masculino de qualquer classe social ou nível escolar. “Todos aqueles que têm mais de 30 anos pensam desse jeito e vivem a cultura de exibir a ‘macheza’. Quem não mostra, está mostrando ‘bichice’”, diz. Juraci acredita que as novas gerações questionam um pouco esses modelos que foram reproduzidos ao longo de tempo no seio familiar.
“O que mais me coloca desesperançoso é a reprodução desse comportamento como um valor. O homem que seduz, que passa a mão, é admirado. Isso é que é o mal”, afirma Juracy Amaral. Para ele, o caráter de uma pessoa não é algo que se muda, mas a mídia tem um papel fundamental de criar valores que provoquem a mudança de costume. “A mulher também precisa reagir. A reação em público cria constrangimento para quem provocou”, espera.
Juracy Amaral vislumbra a mudança. “As regras de convivência devem ser reforçadas de forma conjunta. Família, escola, fábrica, Estado, religião devem rever seus valores. No entanto, o aspecto reliogioso é um grande impedimento para esse avanço. É bíblico essa questão do machismo”, pondera.
E tem solução?
Para Bárbara, que já foi vítima de assédio violento na rua, existem, sim, soluções. “A médio prazo, acredito que mais informações, pesquisas e campanhas podem ajudar. Uma campanha oficial sobre o assunto devia acontecer e passar na TV aberta, jornal e outras mídias, ser difundida amplamente e não só circular na internet. E a longo prazo, eu aposto na educação, para formar uma consciência sobre o assunto desde cedo.
A estudante de Letras de 27 anos que não quer ser identifcada, J.F.V., concorda e acrescenta que, em médio prazo, se as mulheres começarem a responder com rigor ao assédio, incluindo denúncias formais, pode haver uma redução. “Outra possibilidade de resolver essa realidade é através da educação. Que a nova geração possa ser instruída de maneira diferente a como respeitar as pessoas. É preciso criar uma noção diferente de como se aproximar de alguém, não invadindo sua privacidade e muito menos deixando-a constrangida por não permitir essa abordagem”, defende a estudante.
Sobre as possibilidade de mudança, Nunes aponta um caminho multidimensional. “Além da educação formal, há que se refletir dentro das famílias, que têm se tornado arranjos cada vez menos ‘modelo comercial de margarina’ e cada vez mais complexos; e também dentro de políticas públicas que vão além do controle da violência”, ressalta.
Parte 2: a culpa é da roupa?
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“Eu tenho muito medo do quanto essa cultura do ‘ela é prostituta porque usa roupas sensuais’ ou pior ainda, a paradoxal frase que já escutei um milhão de vezes e me revoltei em todas ‘ela é uma puta porque não quis ficar comigo’. Galera, sério mesmo. Só declarar apoio não adianta. A gente tem que começar a pensar MUITO sobre as nossas atitudes e mudar isso o quanto antes”. Vinícius Chagas tem 28 anos e é designer de jogos. Após a divulgação do resultado da campanha 'Chega de Fiu Fiu', o jovem resolveu se manifestar em seu perfil no Facebook e recebeu o apoio dos amigos e amigas na rede social.- Assédio na rua: 'mimimi' de rede social ou violência contra a mulher?
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Vinícius não faz coro aos “muitos amigos”, segundo ele, que costumam observar as mulheres muito agressivamente, comentar alto como se não estivessem falando para ela e até fazendo os tais "elogios". “Eu sou muito contra fazer comentários assediando pessoas na rua, de qualquer tipo”, diz.
Enquete: Você acha que o assédio na rua tem que acabar?
"Ultimamente estou promovendo muito essa discussão. Estou solteiro e tenho muitos amigos que têm essa atitude babaca, o que quase sempre estraga a minha noite pois sempre fico ofendido de tabela. Mas sou esperançoso de que ainda vamos evoluir muito nesse aspecto um dia" - Vinícius Chagas, 28 anos, designer de jogos
O designer de jogos acredita que a prática está mais comum principalmente por que as mulheres parecem ter ganhado mais confiança para usar roupas mais sexy nas ruas. “Eu, na verdade, adoro observar o corpo de uma bela mulher e acho ótimo que elas se sintam à vontade para usar roupas assim. Pela lógica, se nós homens agimos com esse desrespeito estamos intimidando essas mulheres a nunca saírem vestidas com roupas mais provocantes. Na minha cabeça parece uma coisa muito óbvia”, encerra.
O pai dos preconceitos
Vinícius acaba caindo em dos cernes da questão: a roupa. Segundo Dierle Nunes, advogado, doutor em direito processual e professor dos cursos de Direito da UFMG e do mestrado da PUC Minas, o pai de todos os preconceitos é o preconceito contra a mulher. “Existe um construto cultural, reproduzido inclusive pelas próprias mulheres em sua criação, que torna o indivíduo do sexo feminino uma coisa. E dentro desse pensamento, a mulher tem que se vestir de determinado modo, para não alimentar o assédio”, alerta o professor. “Mas acontece que a mulher tem o direito fundamental de se vestir como quiser e se manifestar. Quando a conversa começa questionando o modo de vestir, fere-se qualquer discussão jurídica em torno do direito de igualdade”, relata.
"Acontece que a mulher tem o direito fundamental de se vestir como quiser e se manifestar. Quando a conversa começa questionando o modo de vestir, fere-se qualquer discussão jurídica em torno do direito de igualdade" - Dierle Nunes, advogado, doutor em direito processual e professor dos cursos de Direito da UFMG e do mestrado da PUC Minas
O professor ainda pondera que a modernidade trouxe, no mundo ocidental, uma necessidade de padronização. Quem não se adapta ao padrão, sofre preconceito. “Por isso digo que o preconceito contra a mulher é o pai de todos os outros. Essa padronização nos levou a perseguir um falso ideal de felicidade – casar, ter filhos, ser heterossexual – que vai contra a caracterísica multifacetada e plural do ser humano”, reflete Dierle Nunes. “Ainda que eu faça parte da minoria aceita como padrão, isso não me credencia ao preconceito. A quebra do padrão é que torna a existência humana muito mais rica. A desconstrução dessas normas – homem que é homem mexe com mulher na rua - é que poderá nos levar a uma vivência menos preconceituosa e solidária.
Nunes não aposta na criminalização como ferramenta de mudança do comportamento. “Existe um problema gravíssimo entre as mulheres do mundo todo – 7 em cada 10 vão sofrer algum tipo de violência ao longo da vida. E mais grave ainda é que, mesmo sendo caracterizada como crime, o sistema de controle da violência física contra a mulher é inefetivo. No caso de uma violência que não chega a se materializar fisicamente, temos que nos voltar principalmente para a mudança de comportamento e para políticas públicas mais eficientes”, pontua o advogado.
Quem cala não consente
Sociólogo e professor da PUC Minas, Juracy Costa Amaral elucida que a formação cultural brasileira se construiu em cima de um modelo patriarcal. “A mulher era objeto de propriedade, assim como um animal, e existiu por muito tempo na condição de mercadoria”. Para ele, o Brasil ainda não conquistou a modernidade e um exemplo disso é a publicidade focada no consumo masculino que coloca, até hoje, o corpo da mulher como objeto. “É um discurso sistematicamente reproduzido nas mídias”, diz.
Para piorar, o professor aponta a necessidade de o homem ter que provar publicamente a sua masculinidade. “É uma questão clássica na cultura brasileira: o homem que não canta é considerado afeminado”, afirma. Juracy Amaral diz que no sentido da convivência, é um cenário de decadência. “O assédio passa a ser normal e vale a regra “os incomodados que se retirem”. Por que não retiram quem faz o fiu fiu? Quantos juízes não se decidem a favor do homem? Temos o exemplo da sentença de um magistrado italiano que afirmou que a causa do estupro era o fato de a mulher estar de jeans”, pontua.
A visão geral é de que a roupa está fazendo aquela mulher ser assediada. "Mas podíamos viver num campo de nudismo sem ninguém ser assediado. O movimento da Marcha das Vadias surgiu justamente para rebater esse pensamento. A mulher que mostra o corpo não é considerada alguém de respeito. Isso é um valor cultural" - Juracy Costa Amaral, sociólogo e professor da PUC Minas
No Brasil, ocorre um estupro a cada três segundos e o medo é o principal motivo para as mulheres não reagirem à violência verbal ou gestual proferida sobre seus corpos. De novo, Juracy Amaral busca explicação na formação cultural para pensar sobre o tema. “A condição da mulher na sociedade é de submissão, de calar mesmo não consentindo, de silenciar-se para evitar a agressão, de não causar alarde, de ser dócil e não responder. O medo foi construído ao longo da história: cala-se por temor de desdobramento pior e não, quem cala consente”, sugere.
Juracy conta um caso que presenciou na Avenida Amazonas, no Centro de Belo Horizonte, durante uma greve de trabalhadores da construção civil. “Uma mulher passou e ouviu um ‘ô gostosa´, ‘ô tesão’. Ela respondeu em tom alto: ‘Dá o c* que passa’. O cara foi embora, saiu da manifestação, porque foi esculhambado na frente dos colegas. É uma forma de corrigir esse mal?”, questiona. Para ele, o fato é que as mulheres não foram educadas para isso e sim, para se sucumbir a ordem do homem. “Elas sofrem muito mais e perdem a liberdade até de expressão. Os homens fazem isso como uma forma de mostrar que é assim que se deve tratar essas mulheres. É barbárie, um comportamento de cultura incivilizada, dos primórdios da formação humana”, sentencia.
O sociólogo afirma que o assédio sexual é valorizado no meio masculino de qualquer classe social ou nível escolar. “Todos aqueles que têm mais de 30 anos pensam desse jeito e vivem a cultura de exibir a ‘macheza’. Quem não mostra, está mostrando ‘bichice’”, diz. Juraci acredita que as novas gerações questionam um pouco esses modelos que foram reproduzidos ao longo de tempo no seio familiar.
“O que mais me coloca desesperançoso é a reprodução desse comportamento como um valor. O homem que seduz, que passa a mão, é admirado. Isso é que é o mal”, afirma Juracy Amaral. Para ele, o caráter de uma pessoa não é algo que se muda, mas a mídia tem um papel fundamental de criar valores que provoquem a mudança de costume. “A mulher também precisa reagir. A reação em público cria constrangimento para quem provocou”, espera.
Juracy Amaral vislumbra a mudança. “As regras de convivência devem ser reforçadas de forma conjunta. Família, escola, fábrica, Estado, religião devem rever seus valores. No entanto, o aspecto reliogioso é um grande impedimento para esse avanço. É bíblico essa questão do machismo”, pondera.
Para a professora de moda Bárbara Lage, 27 anos, que já foi vítima de assédio violento na rua, existem, sim, soluções. "A médio prazo, acredito que mais informações, pesquisas e campanhas podem ajudar. Uma campanha oficial sobre o assunto devia acontecer e passar na TV aberta, jornal e outras mídias, ser difundida amplamente e não só circular na internet. E a longo prazo, eu aposto na educação, para formar uma consciência sobre o assunto desde cedo"
Para Bárbara, que já foi vítima de assédio violento na rua, existem, sim, soluções. “A médio prazo, acredito que mais informações, pesquisas e campanhas podem ajudar. Uma campanha oficial sobre o assunto devia acontecer e passar na TV aberta, jornal e outras mídias, ser difundida amplamente e não só circular na internet. E a longo prazo, eu aposto na educação, para formar uma consciência sobre o assunto desde cedo.
A estudante de Letras de 27 anos que não quer ser identifcada, J.F.V., concorda e acrescenta que, em médio prazo, se as mulheres começarem a responder com rigor ao assédio, incluindo denúncias formais, pode haver uma redução. “Outra possibilidade de resolver essa realidade é através da educação. Que a nova geração possa ser instruída de maneira diferente a como respeitar as pessoas. É preciso criar uma noção diferente de como se aproximar de alguém, não invadindo sua privacidade e muito menos deixando-a constrangida por não permitir essa abordagem”, defende a estudante.
Sobre as possibilidade de mudança, Nunes aponta um caminho multidimensional. “Além da educação formal, há que se refletir dentro das famílias, que têm se tornado arranjos cada vez menos ‘modelo comercial de margarina’ e cada vez mais complexos; e também dentro de políticas públicas que vão além do controle da violência”, ressalta.