Mapeado cérebro com esquizofrenia
Experimento descobriu que a ausência da proteína calcineurina alterou as atividades neurológicas de ratos
Isabela de Oliveira - Correio Braziliense
Publicação:17/10/2013 10:29
Mutações de genes ligados à produção da calcineurina já haviam sido detectadas em pacientes com esquizofrenia. Em estudos anteriores com ratos geneticamente modificados para não produzir essa proteína, Tonewaga percebeu que os animais apresentaram sintomas clássicos da esquizofrenia, como prejuízos na memória recente, deficit de atenção e comportamento social anormal. No novo estudo do neurocientista, a atividade elétrica de neurônios do hipocampo de camundongos que não tinham a calcineurina foi analisada enquanto eles corriam em uma esteira.
Em ratos normais, células do hipocampo vinculadas à capacidade de localizar as etapas do percurso foram ativadas enquanto os animais descansavam da corrida ou dormiam. Esse processo de “repetição mental” do caminho está associado a ondas cerebrais de frequências muito altas. As cobaias sem a calcineurina apresentaram atividade cerebral normal durante as corridas, mas, quando fizeram a pausa, apresentaram ondulações mais fortes e frequentes e não gravaram o trajeto percorrido. Além disso, a ativação dessas células do hipocampo foi notavelmente maior e não obedeceu a uma sequência, o que indica que o processo de repetição não se deu de forma normal.
Para os pesquisadores, esse padrão pode ajudar a explicar alguns sintomas detectados na esquizofrenia. “Parece que encontramos, nesse modelo com cobaias, uma indicação de que há um processo de pensamento desorganizado”, sugere Junghyup Suh, um dos autores. “Nos ratos normais, há um processo sequencial de ativação celular, mas, nos mutantes, isso não foi visto”, compara. Para o pesquisador, a calcineurina reprime as sinapses (conexões entre neurônios) do hipocampo. Nos camundongos sem a proteína, portanto, as sinapses são mais fortes.
Suh acredita que a hiperatividade irregular no hipocampo pode representar a ruptura de uma rede que liga o hipocampo ao córtex pré-frontal, área onde é formulada a maioria dos pensamentos. Essa rede é mais ativa quando o ser vivo, uma pessoa ou um camundongo, descansa de uma tarefa orientada. “Quando a mente se concentra, a rede é desligada. Nas pessoas com esquizofrenia, acontece o contrário. A rede permanece hiperativa e, por isso, os indivíduos não conseguem completar as tarefas com sucesso”, diz.
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Não é raro que pacientes com esquizofrenia relatem dificuldade para organizar os pensamentos, um sintoma acompanhado de delírios e alucinações. Em um estudo publicado ontem na revista Neuron, pesquisadores do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT, na sigla em inglês) afirmam ter conseguido, pela primeira vez, observar a atividade cerebral responsável por esses efeitos. A equipe, liderada pelo neurocientista Susumu Tonewaga, descobriu que a ausência da proteína calcineurina alterou as atividades neurológicas de ratos.- Descoberta de proteína cerebral pode ajudar quem tem esquizofrenia e transtorno bipolar
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Mutações de genes ligados à produção da calcineurina já haviam sido detectadas em pacientes com esquizofrenia. Em estudos anteriores com ratos geneticamente modificados para não produzir essa proteína, Tonewaga percebeu que os animais apresentaram sintomas clássicos da esquizofrenia, como prejuízos na memória recente, deficit de atenção e comportamento social anormal. No novo estudo do neurocientista, a atividade elétrica de neurônios do hipocampo de camundongos que não tinham a calcineurina foi analisada enquanto eles corriam em uma esteira.
Em ratos normais, células do hipocampo vinculadas à capacidade de localizar as etapas do percurso foram ativadas enquanto os animais descansavam da corrida ou dormiam. Esse processo de “repetição mental” do caminho está associado a ondas cerebrais de frequências muito altas. As cobaias sem a calcineurina apresentaram atividade cerebral normal durante as corridas, mas, quando fizeram a pausa, apresentaram ondulações mais fortes e frequentes e não gravaram o trajeto percorrido. Além disso, a ativação dessas células do hipocampo foi notavelmente maior e não obedeceu a uma sequência, o que indica que o processo de repetição não se deu de forma normal.
Para os pesquisadores, esse padrão pode ajudar a explicar alguns sintomas detectados na esquizofrenia. “Parece que encontramos, nesse modelo com cobaias, uma indicação de que há um processo de pensamento desorganizado”, sugere Junghyup Suh, um dos autores. “Nos ratos normais, há um processo sequencial de ativação celular, mas, nos mutantes, isso não foi visto”, compara. Para o pesquisador, a calcineurina reprime as sinapses (conexões entre neurônios) do hipocampo. Nos camundongos sem a proteína, portanto, as sinapses são mais fortes.
Suh acredita que a hiperatividade irregular no hipocampo pode representar a ruptura de uma rede que liga o hipocampo ao córtex pré-frontal, área onde é formulada a maioria dos pensamentos. Essa rede é mais ativa quando o ser vivo, uma pessoa ou um camundongo, descansa de uma tarefa orientada. “Quando a mente se concentra, a rede é desligada. Nas pessoas com esquizofrenia, acontece o contrário. A rede permanece hiperativa e, por isso, os indivíduos não conseguem completar as tarefas com sucesso”, diz.
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