Médicos ainda confundem transtorno bipolar com depressão
Estudos americanos mostram que os portadores de transtorno bipolar levam até 14 anos, desde a primeira consulta ao psiquiatra, para ter o diagnóstico correto
Agência Brasil
Publicação:15/09/2013 11:09
Estudos americanos mostram que os portadores de transtorno bipolar levam até 14 anos, desde a primeira consulta ao psiquiatra, para ter o diagnóstico correto. É o que alerta a professora de psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade de Brasília, Maria das Graças de Oliveira. A especialista conta que muitas vezes esse transtorno é confundido com depressão porque, na maioria dos casos, o psiquiatra é procurado na fase depressiva da doença, quando os sintomas não são muito diferentes dos de quadros depressivos a que qualquer pessoa está sujeita.
O transtorno bipolar é caracterizado por alterações de humor que se manifestam como episódios depressivos que se alternam com estado de euforia, também denominados de mania, podendo se manifestar em diversos graus de intensidade. Ângela Scippa, presidente da Associação Brasileira de Transtorno Bipolar (ABTB), alerta que entre 30% e 60% dos diagnósticos de depressão escondem um caso de transtorno bipolar.
Maria das Graças explica que na fase de euforia o paciente sente-se muito bem. “Quando estão em hipomania [quadro mais leve de euforia], a pessoa não procura ajuda porque sente-se bem, eufórica, com agilidade mental, sentimento de confiança, ego mais inflado, sente-se mais poderosa, um estado que geralmente não a leva a procurar ajuda de um psiquiatra”, explica a especialista. Se o médico não perguntar insistentemente pelo sintoma da hipomania, eles não vão contar, portanto, muitos pacientes acabam recebendo diagnóstico de depressão, quando na verdade é transtorno bipolar.
Fernando*, professor de educação física, 27 anos, hoje sabe que tem transtorno bipolar. Mas, aos 13 anos, foi diagnosticado com depressão. “Na minha infância, antes dos 10 anos de idade, comecei a apresentar sinais de irritabilidade, agressividade, comecei a ser levado a psicólogos, psiquiatras. Só aos 16 fui diagnosticado com transtorno bipolar”, conta.
Depois de 11 anos de tratamento, Fernando disse que passou a perceber quando está entrando em crise e toma as providências para se controlar e “não machucar” e ofender outras pessoas. “No meu tempo de colégio eu cheguei a agredir tão fortemente um colega que ele desmaiou e foi parar no hospital, eu virava o verdadeiro Hulk [personagem de filme] nas crises de depressão”, contou. No caso dele, a agressividade é um sintoma de sua crise depressiva.
Na fase de euforia, Fernando conta que fica brincalhão e cheio de si. “Eu me sinto literalmente o Super-Homem, você acha que pode tudo, que é inatingível, chegam cinco pessoas querendo bater em você e acha que pode enfrentá-las. Falta achar que sabe voar” relatou.
Ângela também conta que há casos mais leves em que as pessoas convivem com a doença por toda a vida, sem ter um diagnóstico. “Alguns descobrem a doença aos 80 anos, para ter ideia. Isso ocorre em pessoas que têm a doença de forma leve e que, por isso, nunca notaram a necessidade de um tratamento. Mas, hoje, com a ajuda da mídia, as pessoas estão mais atentas e com mais informações em relação ao transtorno bipolar, o que diminui casos de descoberta tardia” explica.
*Fernando é um nome fictício já que o entrevistado não quis ser identificado.
Muitas vezes esse transtorno é confundido com depressão porque, na maioria dos casos, o psiquiatra é procurado na fase depressiva da doença, quando os sintomas não são muito diferentes dos de quadros depressivos a que qualquer pessoa está sujeita
Estudos americanos mostram que os portadores de transtorno bipolar levam até 14 anos, desde a primeira consulta ao psiquiatra, para ter o diagnóstico correto. É o que alerta a professora de psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade de Brasília, Maria das Graças de Oliveira. A especialista conta que muitas vezes esse transtorno é confundido com depressão porque, na maioria dos casos, o psiquiatra é procurado na fase depressiva da doença, quando os sintomas não são muito diferentes dos de quadros depressivos a que qualquer pessoa está sujeita.
O transtorno bipolar é caracterizado por alterações de humor que se manifestam como episódios depressivos que se alternam com estado de euforia, também denominados de mania, podendo se manifestar em diversos graus de intensidade. Ângela Scippa, presidente da Associação Brasileira de Transtorno Bipolar (ABTB), alerta que entre 30% e 60% dos diagnósticos de depressão escondem um caso de transtorno bipolar.
Maria das Graças explica que na fase de euforia o paciente sente-se muito bem. “Quando estão em hipomania [quadro mais leve de euforia], a pessoa não procura ajuda porque sente-se bem, eufórica, com agilidade mental, sentimento de confiança, ego mais inflado, sente-se mais poderosa, um estado que geralmente não a leva a procurar ajuda de um psiquiatra”, explica a especialista. Se o médico não perguntar insistentemente pelo sintoma da hipomania, eles não vão contar, portanto, muitos pacientes acabam recebendo diagnóstico de depressão, quando na verdade é transtorno bipolar.
Saiba mais...
“Esses pacientes têm biografias que são verdadeiras montanhas-russas. São pessoas que passam por vários casamentos, que têm dificuldade em crescer profissionalmente, histórico de demissões ou de falências. Cada episódio de depressão ou de exaltação de humor pode ter consequências muito ruins para a vida do paciente”, destacou Graça.- Transtornos mentais podem ser reflexo de vidas passadas
- Pesquisa aponta que transtornos mentais podem ter relação com ambiente de trabalho
- Mais de 75% dos transtornos mentais começam na infância ou até os 18 anos de idade
- Pessoas com transtorno bipolar têm mais chance de serem dependentes de álcool e drogas, diz especialista
- Bebidas alcoólicas podem ajudar a diminuir o risco de depressão
- Depressão, transtorno bipolar e culpa são consequências da interrupção da gravidez
- Saiba mais sobre o transtorno bipolar, doença que atinge mais de 4 milhões de brasileiros e pode levar ao suicídio
- Pesquisa confirma que carbonato de lítio é eficaz para tratar transtorno bipolar em crianças e adolescentes
- Mutações no DNA aumentam a suscetibilidade ao ciclo depressão-mania
- Mapeado cérebro com esquizofrenia
- Tristeza aguda nem sempre é depressão, mas sinaliza falta de ânimo geral com a vida
- Especialista diz que transtorno bipolar é a doença que mais causa suicídios
- Transtorno bipolar atinge 4% da população brasileira, estima associação
Fernando*, professor de educação física, 27 anos, hoje sabe que tem transtorno bipolar. Mas, aos 13 anos, foi diagnosticado com depressão. “Na minha infância, antes dos 10 anos de idade, comecei a apresentar sinais de irritabilidade, agressividade, comecei a ser levado a psicólogos, psiquiatras. Só aos 16 fui diagnosticado com transtorno bipolar”, conta.
Depois de 11 anos de tratamento, Fernando disse que passou a perceber quando está entrando em crise e toma as providências para se controlar e “não machucar” e ofender outras pessoas. “No meu tempo de colégio eu cheguei a agredir tão fortemente um colega que ele desmaiou e foi parar no hospital, eu virava o verdadeiro Hulk [personagem de filme] nas crises de depressão”, contou. No caso dele, a agressividade é um sintoma de sua crise depressiva.
Na fase de euforia, Fernando conta que fica brincalhão e cheio de si. “Eu me sinto literalmente o Super-Homem, você acha que pode tudo, que é inatingível, chegam cinco pessoas querendo bater em você e acha que pode enfrentá-las. Falta achar que sabe voar” relatou.
Ângela também conta que há casos mais leves em que as pessoas convivem com a doença por toda a vida, sem ter um diagnóstico. “Alguns descobrem a doença aos 80 anos, para ter ideia. Isso ocorre em pessoas que têm a doença de forma leve e que, por isso, nunca notaram a necessidade de um tratamento. Mas, hoje, com a ajuda da mídia, as pessoas estão mais atentas e com mais informações em relação ao transtorno bipolar, o que diminui casos de descoberta tardia” explica.
*Fernando é um nome fictício já que o entrevistado não quis ser identificado.