Fígado protege o organismo contra infecções; descoberta pode ajudar a tratar doenças hepáticas
Órgão atua como um protetor do organismo, evitando que as bactérias do intestino cheguem à corrente sanguínea. A descoberta pode explicar por que pacientes com doenças hepáticas são mais suscetíveis a infecções causadas pelos micróbios intestinais
Estado de Minas
Publicação:23/05/2014 10:05Atualização: 23/05/2014 10:09
O sistema digestivo tem bilhões de micróbios que dependem do corpo em que vivem, mas não afetam seus hospedeiros. Esses pequenos seres são essenciais para a saúde humana, mas podem causar estragos se estiverem fora do intestino. Por isso, o órgão tem uma pequena camada de células epiteliais cobertas por um muco que previne o desvio das bactérias para outras regiões. No entanto, essa barreira física pode ser atravessada, principalmente em situações que afetam essa vedação, como o consumo excessivo de álcool.
Os pesquisadores descobriram que o fígado ajuda a combater as bactérias que conseguem atravessar essa proteção durante a filtragem do sangue. Utilizando ratos de laboratório, eles notaram que células imunes engolem e matam os micro-organismos intestinais que chegam à corrente sanguínea. O estudo também incluiu a análise de amostras retiradas de pacientes com doenças hepáticas e mostrou que os órgãos tinham quantidades elevadas de anticorpos contra micróbios intestinais. Isso foi um sinal de que o fígado tem o mesmo papel de filtrar o sangue em humanos, assim como nos roedores.
“O fígado recebe sangue venoso do intestino pela veia hepática e sangue arterial por meio da artéria hepática decorrente do tronco celíaco da aorta. Embora esteja idealmente posicionado como uma segunda barreira para comensais que conseguiram chegar à musculatura mesentérica ou sistêmica, sua grande população de macrófagos Kupffer pode capturar os patogênicos do sangue”, descreve o artigo, publicado na edição de ontem da revista Science Translational Medicine.
O estudo mostra que pacientes com complicações hepáticas estão mais expostos a essas bactérias de origem intestinal porque não podem filtrar o sangue de forma apropriada. Os pesquisadores acreditam que os resultados publicados nesse artigo possam ajudar a comunidade científica a desenvolver métodos para modificar a composição da microbiota intestinal no fígado e talvez prevenir complicações sépticas ou mesmo a morte hepática nesse tipo de paciente.
Saiba mais...
Estudo feito por cientistas da Suíça e da Bélgica mostra que o fígado atua como um protetor do organismo, evitando que as bactérias do intestino cheguem à corrente sanguínea. A descoberta pode explicar por que pacientes com doenças hepáticas são mais suscetíveis a infecções causadas pelos micróbios intestinais.- Mutação ligada ao câncer de fígado é identificada no Brasil
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O sistema digestivo tem bilhões de micróbios que dependem do corpo em que vivem, mas não afetam seus hospedeiros. Esses pequenos seres são essenciais para a saúde humana, mas podem causar estragos se estiverem fora do intestino. Por isso, o órgão tem uma pequena camada de células epiteliais cobertas por um muco que previne o desvio das bactérias para outras regiões. No entanto, essa barreira física pode ser atravessada, principalmente em situações que afetam essa vedação, como o consumo excessivo de álcool.
Os pesquisadores descobriram que o fígado ajuda a combater as bactérias que conseguem atravessar essa proteção durante a filtragem do sangue. Utilizando ratos de laboratório, eles notaram que células imunes engolem e matam os micro-organismos intestinais que chegam à corrente sanguínea. O estudo também incluiu a análise de amostras retiradas de pacientes com doenças hepáticas e mostrou que os órgãos tinham quantidades elevadas de anticorpos contra micróbios intestinais. Isso foi um sinal de que o fígado tem o mesmo papel de filtrar o sangue em humanos, assim como nos roedores.
“O fígado recebe sangue venoso do intestino pela veia hepática e sangue arterial por meio da artéria hepática decorrente do tronco celíaco da aorta. Embora esteja idealmente posicionado como uma segunda barreira para comensais que conseguiram chegar à musculatura mesentérica ou sistêmica, sua grande população de macrófagos Kupffer pode capturar os patogênicos do sangue”, descreve o artigo, publicado na edição de ontem da revista Science Translational Medicine.
O estudo mostra que pacientes com complicações hepáticas estão mais expostos a essas bactérias de origem intestinal porque não podem filtrar o sangue de forma apropriada. Os pesquisadores acreditam que os resultados publicados nesse artigo possam ajudar a comunidade científica a desenvolver métodos para modificar a composição da microbiota intestinal no fígado e talvez prevenir complicações sépticas ou mesmo a morte hepática nesse tipo de paciente.