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Aplicativos prometem facilitar a vida do casal e, até mesmo, apaziguar o climão pós-briga

De aplicativos que calculam a química do amor a programas que ajudam os pombinhos a escrever poesias, há opções para todo tipo de namorados. Os preferidos são os que permitem uma rede social exclusiva

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Gláucia Chaves - Revista do CB Publicação:12/06/2014 14:10Atualização:12/06/2014 14:40

Na pesquisa, 41% dos entrevistados de 18 a 29 anos alegaram que a internet e as mensagens de texto fazem com que eles se sintam mais próximos ( Lucas Pacífico/CB/D.A Press)
Na pesquisa, 41% dos entrevistados de 18 a 29 anos alegaram que a internet e as mensagens de texto fazem com que eles se sintam mais próximos
Para quem está namorando, a distância parece sempre intransponível. Uma tarde sem ao menos um telefonema ou uma mensagem de texto parece uma eternidade para quem está apaixonado. Cada vez mais, os casais usam a tecnologia para matar a saudade. Em fevereiro passado, um relatório feito pelo instituto de pesquisas americano Pew Research Center procurou descobrir como casais americanos usam os meios digitais para gerir a vida amorosa.

Ao todo, 25% dos 2.252 entrevistados casados ou que dividiam a mesma casa declararam que já mandaram mensagens de texto para o(a) parceiro(a) enquanto ambos estavam dentro de casa. E a interação virtual parece aproximar os casais: 21% se sentiram mais próximo do(a) parceiro(a) por conta das mensagens trocadas. De aplicativos que calculam a química do amor a programas que ajudam os pombinhos a escrever poesias, há opções para todo tipo de namorados. Os preferidos são os que permitem uma rede social exclusiva para o casal. Nesses, os dois podem criar uma linha do tempo com fotos, vídeos, mensagens, localização e calendário com datas especiais. Obviamente, só os dois terão acesso às informações.

Entre os mais elaborados, está o aplicativo Avocado. De acordo com seus desenvolvedores, os apps românticos oferecem opções mais privativas que redes sociais comuns. “Usar SMS (mensagem de texto) é muito bom, mais você não pode visualizar outras atividades, somente texto”, explicam, em sua página oficial. “Se a pessoa atualiza os lugares onde gostaria de ir nas férias, você não verá automaticamente se usar apenas SMS.” Mas qual seria a verdadeira utilidade de um aplicativo usado apenas por duas pessoas? Segundo eles, não há maneira mais eficiente para registrar a história dos dois, com a localização dos restaurantes em que o casal esteve, por exemplo. “O e-mail também não é um amigo do casal, porque todos sabem quão fácil é mandar a mensagem para várias pessoas acidentalmente.”

Há quem use a internet para lidar com impasses. Ainda de acordo com o levantamento da Pew Research Center, cerca de 9% dos entrevistados admitiram já ter resolvido uma briga on-line ou por mensagem (após tentativa frustrada de resolvê-la pessoalmente). Mas os aplicativos também têm seu lado ruim. Um quarto dos entrevistados acha que seus parceiros dão mais atenção ao celular do que a eles, quando o casal está junto. Cerca de 8% tiveram uma briga por conta do tempo que o outro passa com os olhos na telinha do aparelho, enquanto 4% confessaram terem se magoado quando a cara-metade compartilhou no celular algo com outra pessoa.

Tapas e beijos
Mark McGonigle, terapeuta de casais americano e idealizador do aplicativo Fix a Fight (“conserte uma briga”, em tradução livre do inglês), conta que criou a ferramenta para unir realidade e tecnologia na resolução de problemas. O aplicativo é baseado em sua experiência profissional e em pesquisas realizadas pelo Gottman Institute. “A pesquisa é um método testado e comprovado para ajudar casais a trabalhar o conflito, preservando a intimidade e a proximidade”, resume.

De acordo com McGonigle, o aplicativo “guia os casais através de um processo de comunicação para reparar o relacionamento depois de uma interação infeliz”. A ideia é encorajar os dois a “dividir e ouvir o outro em um nível mais profundo.” Ele também se propõe a medir o “sucesso” e arquivar o trabalho já feito, para revisão posterior. A ferramenta, contudo, não serve como substituto para uma consulta de verdade. Segundo o terapeuta, o objetivo é que os casais percebam se precisam ou não de ajuda profissional. “Geralmente, os casais deixam seus problemas se arrastarem por muito tempo antes de obter ajuda, e isso contribui para elevados níveis de insucesso nos relacionamentos”, justifica.

Kézia Galdino, psicóloga clínica e terapeuta de casais, explica que usar aplicativos para resolver problemas ou para interagir com o parceiro tem um lado bom e um lado ruim. No caso dos que criam uma rede social só do casal, ela acredita que a restrição ao acesso às informações pode ajudar com parceiros ciumentos. “Mas, de alguma forma, isso também pode ser ruim, porque é no conflito que a pessoa se mostra”, frisa. Um mundo virtual só para dois também poderia impedir que o casal de conversar sobre os problemas, perdendo a oportunidade de amadurecer a relação e se conhecer melhor.

Resolver conflitos por meio de aplicativos também tem vantagens e desvantagens. Para quem acha mais fácil escrever do que verbalizar o que sente, por exemplo, a ferramenta pode ser útil. “Acredito que, na hora do conflito, tudo pode ajudar”, defende Kézia Galdino. Uma palavra motivacional, segundo a especialista, pode ser a salvação na hora que o sangue ferve. “Claro que tudo depende de como a pessoa absorve isso. Mas acho que, desde o início da relação, seria interessante uma ajuda psicológica.”

O problema é aprender a respeitar o espaço do outro e se lembrar de que uma relação tem que ser vivida, também, ao vivo. “É comum casais brigarem por causa de internet”, completa. “A rede gera ciúmes e desconfiança, mas acredito que as pessoas têm que ter redes sociais, se relacionar, ter amizades.” Resgatar a confiança na relação e no parceiro também é imprescindível para manter o namoro saudável.

A pedido da reportagem, Amanda e Alessandro testaram dois aplicativos voltados para casal: reprovados (Janine Moraes/CB/D.A Press)
A pedido da reportagem, Amanda e Alessandro testaram dois aplicativos voltados para casal: reprovados
O casal de bombeiros Amanda Arielle Pereira, 26 anos, e Alessandro Ricardo Barbosa, 27 anos, nunca havia testado nenhum aplicativo voltado para casais. À pedido da Revista, eles usaram dois que criam redes sociais alternativas, o Avocato e o Couple. Para eles, contudo, as ferramentas não foram de muita utilidade. “Achei tudo muito lento. As mensagens demoram para atualizar, não há sons de notificação quando uma mensagem chega”, reclama a namorada. A opção de fazer listas conjuntas, contudo, agradou. “Temos muitas ideias juntos, de viagens, então, achamos bacana a ideia de criar uma lista juntos”, reforça Alessandro.

As vantagens, porém, param por aí, segundo o casal. “Acho tudo um exagero. Tudo o que eles têm já é suprido por outros aplicativos mais conhecidos”, critica Amanda. Resolver brigas pelos aplicativos está fora de cogitação, na opinião dos dois. “Um relacionamento é complexo demais para se resumir a um aplicativo, um conjunto de dados”, analisa Alessandro. “Não é como uma conta de matemática. Acho que o que pode acontecer é o relacionamento já estar com problemas e o próprio casal não perceber. Não tem como colocar todos os detalhes em um aplicativo.”

Na prática
Dispostos a testar os aplicativos para casais? Conheça os mais populares.


Couple (antigo Pair)
Para criar uma linha do tempo exclusiva para o casal. Os dois podem postar fotos, vídeos, mensagens, localização e outras atividades. O aplicativo permite também que o casal compartilhe imagens, agenda e até um “beijo de dedo”: quando um pressiona alguma parte da tela, o outro vê o local pressionado em seu celular.

Avocado
O aplicativo cria uma rede de compartilhamento de informações exclusiva do casal, com fotos, vídeos, mensagens e outras ferramentas, além de um histórico com os melhores momentos do relacionamento.

Love Widget
Sem tantas funcionalidades, o aplicativo cria um atalho em forma de coração na tela do celular. Assim, é possível ligar para a cara-metade instantaneamente.

Postage
O aplicativo permite o envio de cartões eletrônicos de temática romântica.

Fingle
Para casais que gostam de jogar juntos, o Fingle funciona como um Twister para os dedos.

Red Stamp Cards
Feito para enviar cartões personalizados, notas e lembretes. Os cartões podem ser enviados por Facebook, Instagram, Twitter e até pelo correio (analógico!).

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Por 7 dias, o usuário pode jogar minijogos românticos e descobrir aplicativos para baixar gratuitamente.

Fix a fight
Um guia com perguntas e respostas em que o casal pode avaliar a intensidade do desentendimento e também se o casal está progredindo na resolução do problema.

Love Maps
Criado pelos terapeutas americanos John e Julie Gottman, o aplicativo traz uma lista de perguntas para que o casal se conheça melhor.

Pesquisa
Veja outros dados do levantamento da Pew Research Center

 

- Os mais jovens, como era de se esperar, gostam mais de tecnologia: 41% dos entrevistados de 18 a 29 anos alegaram que a internet e as mensagens de texto fazem com que eles se sintam mais próximos.

- 29% das pessoas nessa faixa etária também acham mais fácil resolver problemas virtualmente.

- Ao mesmo tempo, os jovens apresentaram maior tendência a relatar tensões em seus relacionamentos causadas pelo excesso do uso de tecnologia: 42% acham que o outro se distrai demais com o celular enquanto o casal está junto e 18% já brigaram com a cara-metade por conta do tempo gasto no smartphone.

- 74% dos que acreditam que a internet tem impacto no casamento ou namoro creem que esse impacto foi positivo.

- 67% dos entrevistados dividem a senha de uma ou mais contas on-line com o(a) parceiro(a).

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