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Empresa cria cabine sem janela para evitar amamentação em público

Pesquisa realizada em nove países mostra que a maioria das mulheres considera perfeitamente natural amamentar em público. No Brasil, o índice é 55%

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Valéria Mendes - Saúde Plena Publicação:07/04/2015 14:00Atualização:07/04/2015 14:33

Já vimos uma recordista em doação de leite materno virar piada em rede nacional, uma mãe ser chamada de vagabunda por amamentar seu filho em público, shoppings proibirem o aleitamento materno em praça de alimentação, mulheres serem expulsas de ônibus, lanchonete, igreja e restaurantes por oferecerem o seio aos seus bebês. Também já ficamos sabendo da censura do Facebook a imagens de mulheres amamentando - apesar de a rede social ter voltado atrás e mudado a política em relação a fotos de amamentação - e o Papa Francisco se manifestar em defesa da amamentação em público.

Se é um ato natural, por que tanta polêmica? Uma resposta simples é o fato de vivermos em uma sociedade machista que objetifica e hipersexualiza o corpo da mulher. E essa parece não ser uma realidade apenas no Brasil, já que a amamentação em público motiva discordâncias mundo afora. Tanto é que Nova York adotou uma nova medida que pretende “melhorar a experiência da amamentação” nos aeroportos da cidade. A empresa Mamava projetou cabines criadas especialmente para a hora de a mãe ‘dar o peito’. O site oficial da empresa afirma que os compartimentos têm espaço para bagagem, carrinho de bebê, mesa dobrável e cadeira acolchoadas. Só que sem janelas, já que a ideia é dar “privacidade” para mãe e filho. O Milwaukee's General Mitchell International Airport anunciou a compra e instalação de três cabines.

Post na página do Mamava no Facebook: "Orgulho de compartilhar a imagem da unidade Mamava instalada em Tucson, Arizona. Uma agência federal à frente de seu tempo e fazendo a coisa correta para mamães merecedoras."

So proud to share a picture of a Mamava unit installed at the VA's CMOP in Tucson, Arizona. A federal agency ahead of the curve and doing the right thing for deserving mamas.

Posted by Mamava on Quarta, 6 de agosto de 2014


Coordenadora do Grupo Círculo Materno de Poços de Caldas e uma das moderadoras do Grupo Virtual de Amamentação (GVA) que conta com mais de 40 mil mulheres, Bia Câmara diz que iniciativas como essa causam um efeito inverso no estímulo ao aleitamento materno. “Além de isolar a mulher, propaga a cultura de que a mãe precisa ficar ‘escondida’ na hora de amamentar, mistifica o momento como sagrado sendo que o que é preciso ser entendido pela sociedade é que amamentar é natural. De vez em quando o bebê vai chorar no meio da rua ou em um local público e a mãe terá que dar o leite onde estiver para suprir a necessidade da criança”, diz.


Enquete: a amamentação em público deve ser restrita?

A ativista diz ainda que Poços de Caldas está próximo de aprovar uma lei que garanta o direito da amamentação em público. No mês passado, a Câmara Municipal de São Paulo aprovou em segunda votação um projeto de lei que prevê uma multa de R$ 500 para estabelecimentos que proibirem o aleitamento ou constrangerem a mulher enquanto amamenta. No caso de reincidência, o valor será de R$ 1 mil. O projeto vai para a sanção do prefeito Fernando Haddad.

Opiniões mundo afora
Pesquisa recente realizada pela Lansinoh mostrou que a maioria das brasileiras (55%) acha perfeitamente natural amamentar em público; 22% considera inevitável, 21% constrangedor e apenas 2% acha errado. O estudo foi realizado com 13.169 mães e gestantes em nove países no primeiro semestre de 2014 e pode ser lido na íntegra aqui. No Brasil, foram entrevistadas 2 mil pessoas.

Além do Brasil, foram ouvidas mulheres de China, França, Alemanha, Hungria, México, Turquia, Reino Unido e Estados Unidos. No país de Barack Obama - onde as cabines do Mamava serão instaladas - 57% acha perfeitamente natural amamentar em público. O Reino Unido é o país em que essa porcentagem alcançou o maior número: 63%. Na China, apenas 19% considera o ato natural e, para 20% das mães turcas amamentar em público é errado. Veja os dados completos:



A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda que até os seis meses de idade a criança só se alimente do leite da mãe, ressalta a qualidade do alimento produzido pelo corpo da mulher, os benefícios para as crianças e recomenda a amamentação até os 2 anos de idade ou mais.

A pesquisa mostra também que à medida que o bebê cresce, a aceitação do aleitamento materno como algo natural cai nos países pesquisados. Mesmo assim, a porcentagem das brasileiras que considera o gesto como 'fantástico' prevalece: 44%. Veja o que acontece nos outros países quando a pergunta é: “se você visse uma mãe amamentando seu filho de dois anos em público, o que você pensaria”?



Veja imagens internas da cabine:





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