Um dia para ver de perto e tietar alguns dos ídolos do esporte brasileiro. Assim foi a tarde desta terça-feira (18/3) no Centro Olímpico de Samambaia, que recebeu a visita da ginasta olímpica Daniele Hypólito, do nadador paralímpico Clodoaldo Silva e do escalador e atleta de high line Caio Afeto. Eles contaram um pouco de suas histórias de vida e se aproximaram dos alunos para conversas e fotos com cada um. A garotada ainda presenciou uma apresentação especial de Daniele, com direito a piruetas no ar, e teve a oportunidade de se equilibrar no slackline, com a ajuda de Caio Afeto, que defendeu ser preciso acreditar nos sonhos e não desanimar com as quedas. "A melhor forma de o ídolo passar alguma coisa para o seu fã é estar perto, para ele sentir que você é real, principalmente em comunidades carentes, para mostrar que a gente passou pelas mesmas dificuldades que eles", destacou Daniele Hypólito, que viu vários sorrisos, como o de Isabela Sampaio, 8 anos, aluna de ginástica rítmica. "Fiquei muito feliz. Quero ser igual a ela", comentou a pequena Isabela.
A aluna de natação adaptada Daiana Kelly Rodrigues, 30 anos, chorou ao abraçar o ídolo Clodoaldo Silva, maior medalhista paralímpico brasileiro. "É uma emoção. Meu objetivo é mostrar para as pessoas que eu sou capaz de evoluir na natação como ele", comentou Daiana.
O paratleta ficou contente com as manifestações de carinho. "Muito melhor do que as medalhas de ouro que consegui nas Paralimpíadas é estar aqui, passando ensinamentos a essas pessoas, compartilhando todos esses desafios que tivemos e conseguimos superar." O evento foi realizado pela Secretaria de Esporte do Distrito Federal em parceria com o projeto Equipe Furnas por Furnas, que leva grandes atletas a compartilharem experiências em comunidades carentes de vários estados brasileiros.
Confira a íntegra dos depoimentos dos atletas:
Daniele Hypólito: "A melhor forma de o ídolo passar alguma coisa para o seu fã é estar perto, para ele sentir que você é real, principalmente em comunidades carentes, estar perto, mostrar que a gente passou pelas mesmas dificuldades. Podendo ter a experiência de escutar e ao mesmo tempo, um pouquinho da vivência, ver o que cada um faz. Eu me sinto muito honrada de poder estar perto de energias positivas para a gente poder recarregar durante o ano de competições que a gente vai ter."
Clodoaldo Silva: "Eu que sou de Natal (RN), nasci com paralisia cerebral, falta de oxigenação durante o parto. Até os 7 anos de idade, para onde eu tinha que ir, ia me arrastando ou era carregado pelos meus quatro irmãos. A natação entrou na minha vida por acaso e hoje sou um grande campeão. Participei de vários campeonatos nacionais e internacionais, em Paralimpíadas tenho 6 ouros, 5 pratas e 2 bronzes. Mas o mais recompensador que eu consegui com essas medalhas foi transformá-las em visitas a projetos sociais. Fico muito feliz, pois quando olho todas essas crianças, fico me imaginando em Natal, sem condição nenhuma, sonhando. Naquela época, eu assistia às corridas do Ayrton Senna muitas vezes sentado no chão, porque não tinha uma cadeira ou um sofá para sentar. Muitas vezes, quando eu via ele no alto do pódio, ficava imaginando se um dia eu conseguiria ser uma Ayrton Senna. Não consegui ser o Ayrton Senna das pistas porque sou muito ruim de roda, mas acredito que estou sendo um Ayrton Senna das águas, trazendo alegria e muita emoção, no lugar mais alto do pódio, e passando toda essa vivência a esses futuros atletas, para mostrar que a gente tem que sonhar para conseguir grandes objetivos. E é isso que eu, Daniele e Caio tentamos passar. Essa mensagem de superação e de otimismo. Muito melhor do que as medalhas de ouro que consegui nas Paralimpíadas é estar aqui, passando esses ensinamentos, compartilhando todos esses desafios que tivemos e conseguimos superar. Essa é a maior e melhor medalha já conseguida."
Caio Afeto: "Mostrar um pouquinho do nosso esporte também motiva. Com a inclusão de novos esporte, é possível proporcionar muitas outras habilidades a pessoas que não têm acesso. O slackline agora virou moda e é muito bacana mesmo. É um esporte que trabalha todo o corpo, flexibilidade, força na perna. Para crianças, que gostam de pular, é uma coisa lúdica, meio circense, de equilíbrio e ajuda na coordenação motora. Quando você está na fita e concentrado naquilo, esquece todos os seus problemas e aproveita aquele momento. Sou escalador também, conheci o slackline um ano depois que comecei no Festival de Escalada, em 2007, no Espírito Santo. Juntei o slackline, a escalada e o que me chama mesmo é a altura. Atravesso de uma montanha para outra, de um prédio para outro, de um lado da ponte para o outro. Acho que a altura, o medo e a superação são um sentimento muito diferente e que te proporciona muitas outras sensações. Faz a gente ficar muito bem com a gente mesmo. Quando começa a fazer o esporte nas alturas, você chega a um certo nível de concentração e aprende a se conhecer melhor. É uma coisa que me faz me sentir melhor, oportunidade de mostrar aqui para as pessoas é uma oportunidade muito bacana."