CULTURA

Equador e Amapá se encontram em Brasília no 17º Sarau Chatô

O Amapá também traz para a festa multicultural, o cantor e compositor José Miguel Cyrillo, considerado uma das principais vozes da região Norte do Brasil.


Publicação: 09/06/2014 17:41 | Atualização: 05/08/2014 12:08

 

O menor país da região andina é ilimitado quando o assunto é cultura. O Equador não se intimida com sua reduzida área territorial, extrapolando fronteiras com seu artesanato, seus sons, cheiros e manifestações culturais que derivam de uma fantástica diversidade de raças. Gigante em sua história - herança de espanhóis, indígenas e africanos - o Equador é o país homenageado da 17ª edição do Sarau Chatô. A festa, que também celebra o estado do Amapá, será no dia 13 de junho (sexta-feira), a partir das 19h, no Hípica Hall. O evento é promovido pela Fundação Assis Chateaubriand, que em 2014 celebra seus 25 anos de história, e tem o patrocínio da Petrobras.

O 17º Sarau Chatô traz a Brasília, traços de uma nação e de um estado que sabem preservar suas raízes. "Quito, a capital do Equador foi declarada Patrimônio da Humanidade pela UNESCO em 1970, por ter o centro histórico mais bem preservado e menos alterado da América Latina", lembra Márcio Cotrim, diretor cultural da Fundação Assis Chateaubriand. Ele observa que Equador e Amapá guardam semelhanças entre si. A mesma linha que divide o planeta em hemisférios norte e sul e que dá nome ao Equador também corta o território amapaense. "O Amapá também herdou influências indígenas e africanas. Seu povo absorveu, ao longo do tempo, um conjunto de tradições, lendas, crenças e costumes expressados por meio de uma cultura rica em folclore, culinária, dança e arte", relata o diretor cultural.

Festa de ritmos

O palco do Sarau Chatô abrirá espaço ao Marabaixo, uma das mais vivas e belas manifestações culturais deixadas pelos negros africanos que aportaram no Brasil. A dança tem uma coreografia que imita escravos com os pés presos por correntes, cadenciado e marcado por tambores chamados de "caixas". O canto lembra o lamento dos quem viviam na senzala e cultivavam a esperança de voltar à terra de origem. Durante as rodas de Marabaixo, as mulheres se vestem com saias rodadas, floridas, camisas brancas e colares. Em geral os homens tocam as caixas enquanto elas cantam os versos improvisados chamados de "ladrões".

O Amapá também traz para a festa multicultural, o cantor e compositor José Miguel Cyrillo, considerado uma das principais vozes da região Norte do Brasil. O trabalho do artista é marcado por belas reflexões, já que Cyrillo revela em suas letras e canções os encantos da Amazônia, remetendo, ao mesmo tempo, a um aspecto de responsabilidade socioambiental.

Artesanato, música e beleza feminina

O artesanato de Equador e Amapá não poderia ficar de fora. Trabalhos de artesãos das duas localidades estarão expostos ao público que prestigiar a festa. Os equatorianos reverenciam o Sarau com o chapéu Panamá. Sim, embora conhecido mundialmente com o nome do país da América Central, o acessório trançado com "paja toquilla" é tradicionalmente feito à mão por artesãos do Equador. A produção é recolhida por fábricas da cidade andina de Cuenca, que fica a 440 km ao sul de Quito, para receber um toque final. Em Cuenca também são produzidas bolsas e outros produtos a partir da palha toquilla, uma importante fonte de renda para inúmeras famílias da região.

Para celebrar a beleza amapaense, Neyelle Vales, professora de balé e passista da escola de samba Piratas da Batucada, mostra aos brasilienses o que as amapaenses têm. Eleita a Musa do Carnaval 2014 no Amapá, ela estará ao lado de Regyana Ramos, a "Mais Bela Negra do Amapá".

A noite também reserva um show especial de Reco do Bandolim com clássicos do choro e temas autorais. Em tempo de Copa, a presença do baiano mais apaixonado por Brasília no palco do Sarau tem uma boa justificativa. É que Pixinguinha compôs o delicioso chorinho "1 x 0", em 1919, depois da final do Campeonato Sul-Americano, disputada no estádio do Fluminense, nas Laranjeiras. "O Brasil ganhou por 1 x 0, com um espetacular gol de nosso atleta Arthur Friendereich. Sabedor dessa história, nosso querido Reco aceitou participar da festa e executar a famosa música do repertório popular brasileiro", explica Márcio Cotrim. Reco, presidente do Clube do Choro de Brasília e fundador da Escola Brasileira de Choro Raphael Rabello tem um estilo refinado, de interpretações elaboradas, emotivas e sensíveis. "Sou discípulo confesso de Jacob do Bandolim e trago a brasilidade em meu trabalho. Estamos na Copa! Com o Grupo Choro Livre, apresentarei ao público obras que exaltam o Brasil", diz o mestre do choro em Brasília.

Quem também encanta o 17º Sarau é Emília Monteiro. Filha de amapaenses, a cantora considera ser a representante da sonoridade do Norte na capital do País. "Preparei um show com ritmos como o Marabaixo, e o Batuque. Cantarei o Amapá! Apresentarei as músicas do meu CD, um trabalho que carrega as minhas referências, minha vivência com a cultura amazônica brasileira", promete a artista.

Cheiros, cores e sabores

Se você é daqueles que, ao conhecer diferentes culturas, não dispensa apetitosos comes e bebes, pode marcar a noite do dia 13 de junho na agenda. Em termos de gastronomia, o 17º Sarau terá delícias equatorianas e amapaenses. Pratos típicos como o tacacá e o tucupi serão trazidos pelos donos da sorveteria Saborela, que são do Amapá. Um chef virá especialmente do Equador para apresentar a culinária do país. Vale lembrar que a comida equatoriana tem como base sopas, caldos, arroz, ovos e vegetais e que os frutos do mar são excepcionais, mesmo fora do litoral. Entre as surpresas servidas pelo chef está um delicioso ceviche.

O projeto

Iniciado em dezembro de 2011, o projeto do Sarau Chatô consiste em uma série de eventos multiculturais gratuitos, realizada no DF, reunindo no mesmo espaço as mais variadas manifestações artísticas, como música, dança, teatro, artes plásticas e cinema. A cada edição, são homenageados um estado brasileiro e um país com embaixada em Brasília. A realização é da Fundação Assis Chateaubriand e o patrocínio, da Petrobras.

25 anos de história

Instituída em fevereiro de 1989, a Fundação Assis Chateaubriand (FAC) é uma fundação empresarial sem fins lucrativos que atua nas áreas de cultura, educação, esporte, saúde e turismo. Seus programas, projetos e ações oferecem oportunidades que utilizam o poder do conhecimento para contribuir com o desenvolvimento social e humano de comunidades localizadas prioritariamente nas regiões onde os Diários Associados estão presentes. Por acreditar que uma sociedade melhor é feita com a participação de todos, a FAC trabalha em parceria com organizações públicas, privadas e do terceiro setor.

SERVIÇO - 17º Sarau Chatô

Data: 13 de junho (sexta-feira)
Horário: 19h
Local: Hípica Hall - Setor Hípico Sul, Área Especial, lote 8 (ao lado da Sociedade Hípica de Brasília – próximo ao Zoológico de Brasília)
Entrada: Gratuita mediante doação de 1kg de alimento não perecível.
Classificação indicativa: Livre
Informações: (61) 3214-1350 e sarau@facbrasil.org.br