SAIU NO CORREIO BRAZILIENSE

Exposição lança um novo olhar sobre a Aids no Brasil

Fotos com realidade aumentada desmistificam o estereótipo de pessoas que vivem com HIV e mostram que, mesmo sendo portadoras do vírus, elas têm sonhos, desejos e sentimentos e que podem viver em pé de igualdade


Camila de Magalhães -

Publicação: 27/11/2014 11:50 | Atualização: 27/11/2014 12:03

Angelo Della Croce, soropositivo há 15 anos: Tão ruim quanto a morte física é a morte social (Gabriel Mestrochirico/Divulgação)
Angelo Della Croce, soropositivo há 15 anos: Tão ruim quanto a morte física é a morte social

Com foco na qualidade de vida, o administrador e cientista social Angelo Della Croce, 48 anos, mantém uma rotina saudável. Pratica atividades físicas, cuida da alimentação, trabalha e, quando chega em casa, ganha o carinho do cachorro de estimação. A história dele e a de 23 pessoas de seis cidades brasileiras, que têm em comum o fato de viverem com o vírus HIV, será contada por fotos e depoimentos na exposição Um novo olhar sobre a Aids no Brasil. A mostra será lançada pela ONG Amigos da Vida, com apoio da Fundação Assis Chateaubriand, em 1º de dezembro, Dia Mundial de Luta Contra a Aids. A exposição fica aberta ao público de 2 a 15 de dezembro, na Biblioteca Nacional de Brasília.

No período, os visitantes poderão conferir imagens do cotidiano de soropositivos que vivem em Brasília, Rio de Janeiro, São Paulo, Manaus, Fortaleza e Porto Alegre, clicadas por Gabriel Mestrochirico, com curadoria de Clausem Bonifácio. Em 10 das 35 imagens, será possível ter uma experiência tecnológica de realidade aumentada. Basta baixar um aplicativo em smartphones e tablets, apontar para as fotos e conferir vídeos e perguntas de reflexão sobre o tema.

 

Luta contra o preconceito

Angelo Della Croce é soropositivo há 15 anos, mas sempre foi assintomático: procurou tratamento cedo e nunca teve doenças decorrentes da Aids. Com coragem para assumir a doença publicamente, fez questão de mostrar sua história para inspirar mais pessoas e alertar para a doença sem cura. “Hoje, a Aids não tem mais face: a pessoa do seu lado pode ter. Ela mudou de cara, as pessoas soropositivas não têm mais aquela cara de enfermas, debilitadas, magras, cadavéricas. Precisamos acabar com preconceito, afinal o vírus não se pega em um abraço, beijo ou no ônibus”, explica Angelo. “Já sofri muito preconceito com gente separando copo que eu usava, atravessando a rua para não me abraçar, amigos que não deixavam os filhos brincarem comigo, cuidados excessivos ao usar o banheiro na minha casa. Tão ruim quanto à morte física é a morte social, o que vivi foi um assassinato social”, conta.

Christiano Ramos: As pessoas precisam aprender a conviver pacificamente com os portadores (Camila de Magalhães/FAC/D.A Press)
Christiano Ramos: As pessoas precisam aprender a conviver pacificamente com os portadores
 

Casos assim são muito frequentes para quem convive com a Aids. Responsável pela concepção da exposição, o presidente da ONG Amigos da Vida, Christiano Ramos, também já sofreu muito com o preconceito e decidiu mostrar para o mundo que pessoas soropositivas levam uma vida como qualquer outra. “Só morre de Aids quem não adere ao tratamento. O mais letal é o vírus do preconceito e da discriminação”, observa. O índice de novos infectados pelo vírus cresceu 11% de 2005 para 2013 no Brasil, de acordo com relatório da UNAIDS, de julho de 2014. “Estudos fazem uma projeção de que, daqui a 20 anos, haverá um portador do vírus para cada núcleo familiar. As pessoas precisam aprender a conviver pacificamente com os portadores”, alerta Christiano.

 

Fique ligado

 

Exposição Um novo olhar sobre a Aids no Brasil – Uma realidade aumentada
Lançamento para convidados: 1º de dezembro, às 18h30
Visitação pública: de 2 a 15 de dezembro
Horários: Segunda a sexta-feira, das 8h às 19h45. Sábados e domingos, das 8h às 14h

Local: Biblioteca Nacional de Brasília

Informações: www.amigos.org.br/exposicao

O que é o HIV e a Aids

Causador da Aids, HIV significa vírus da imunodeficiência humana. Recebe esse nome, pois destrói o sistema imunológico. A doença se caracteriza pelo enfraquecimento do sistema de defesa do corpo e pelo aparecimento das doenças oportunistas. Ter o HIV não é a mesma coisa que ter a Aids. Há muitos soropositivos que vivem anos sem apresentar sintomas e sem desenvolver a doença. Mas, podem transmitir o vírus a outros. Por isso, é sempre importante fazer o teste e se proteger em todas as situações.

Formas de transmissão do vírus

Como o HIV está presente no sangue, sêmen, secreção vaginal e leite materno, a doença pode ser transmitida de várias formas:


• Sexo sem camisinha (vaginal, anal ou oral).
• De mãe infectada para o filho durante a gestação, o parto ou a amamentação - também chamado de transmissão vertical.
• Uso da mesma seringa ou agulha contaminada por mais de uma pessoa.
• Transfusão de sangue contaminado com o HIV.
• Instrumentos que furam ou cortam, não esterilizados.

Tratamento

Os medicamentos antirretrovirais, conhecidos como coquetéis antiaids, aumentam a sobrevida dos soropositivos. É fundamental seguir todas as recomendações médicas e tomar o medicamento conforme a prescrição. Há, também, outras atitudes que oferecem qualidade de vida, como praticar exercícios e ter uma alimentação equilibrada. Quem tem HIV namora, beija na boca e transa, mas deve usar camisinha sempre.
Fonte: Ministério da Saúde

 

Veja a matéria no site do Correio Braziliense.