ESPORTE E CIDADANIA

Psicopedagoga revela benefícios da robótica educacional para crianças

Em entrevista à Fundação, Fabiana Moura destaca que curso leva os pequenos a descobrirem caminhos para resolver problemas, lidar com conflitos, trabalhar valores e sair do convencional


Camila de Magalhães -

Publicação: 30/10/2015 17:51 | Atualização: 30/10/2015 18:01

 (Camila de Magalhães/FAC/D.A Press)
 

Desde 2014, centenas de alunos dos quatro Centros Olímpicos e Paralímpicos do Distrito Federal que estão sob a gestão pedagógica da Fundação Assis Chateaubriand têm a oportunidade de aprender brincando e desenvolver uma série de habilidades importantes para sua formação integral. Crianças e jovens de 7 a 15 anos de Ceilândia, Riacho Fundo I, Samambaia e São Sebastião têm acesso a um curso gratuito de robótica educacional, antes oferecido somente em algumas escolas particulares do DF. A metodologia aplicada é a Lego Education, que utiliza as peças do famoso brinquedo de montar para estimular a criatividade e o espírito de liderança entre os pequenos. As inscrições estão abertas nas unidades de Riacho Fundo I e Samambaia.

Consultora da Fundação Assis Chateaubriand, Fabiana Moura concedeu uma entrevista sobre os benefícios da robótica educacional para crianças e jovens. Formada em pedagogia, psicopedagogia, gestão e orientação educacional, Fabiana conta que a metodologia chegou ao Brasil há pouco mais de uma década e está em Brasília há cerca de cinco anos. Segundo ela, as mudanças de comportamento dos alunos são visíveis após o curso. Confira a entrevista:

De que forma a robótica pode contribuir com a educação desse público?

As peças de Lego foram criada com o intuito de serem uma brincadeira de montar. Mas, com o tempo, as pessoas que presenteavam, montavam Lego ou tinham contato com as peças, percebiam que as crianças desenvolviam algumas habilidades nítidas quando interagiam com o brinquedo. Foi então que os estudiosos da área de educação começaram a levar essas peças para chegar às crianças. E perceberam que a melhor maneira de a criança aprender é brincando, pois não sente o peso de um aprendizado e de um conteúdo denso que os projetos exigem que seja assimilado. Os pequenos aprendem de maneira lúdica, entrando em contato com o outro, descobrindo e errando.

 

Se a criança erra, pode construir e desconstruir, e assim descobrir o seu aprendizado. É uma forma de se ter contato com um brinquedo que já encanta e de se conseguir descobrir caminhos para a resolução de problemas, lidar com conflitos, trabalhar valores, descobrir respostas diferentes das convencionais. A robótica faz muito bem esse papel.

Qual é a diferença do trabalho de acordo com a faixa etária?

O material foi desenvolvido na linguagem de cada faixa etária. Com as crianças menores, trabalham-se temas corriqueiros numa vertente de textos curiosos sobre animais, trazendo para a realidade da criança. A linguagem é mais infantil, há mais colorido. Temos situações problemas para criar e montar robôs, descobrir curiosidades sobre os animais, esportes. As crianças desenvolvem atividades motoras, mentais, valores, comunicam-se com o mundo.

 

Nessa etapa, preparamo-nas para receber uma robótica mais avançada num futuro breve. Utilizando essa ideia de resolução de problemas, conseguem perceber outras respostas, já que as coisas não são amarradas. Podem chegar a respostas por meio de outros caminhos, desenvolvem atividade motora, raciocínio lógico (habilidades mentais, por meio da programação), criatividade, trabalho em equipe, relações interpessoais, importantíssimas no mundo atual, além de terem contato com um material totalmente tecnológico.

Já nas aulas com adolescentes, as histórias possuem personagens com a mesma idade dos que estão fazendo curso. As situações problemas são voltadas para a idade, cria-se uma identificação com os personagens e temas abordados, tecnologia e valores. São aventuras que as crianças vão vivendo de acordo com tema central, como poluição, pólos da Terra e uma viagem pelo oceano. As equipes vivem problemas entre elas para os alunos discutirem, analisarem, identificarem como agiriam se estivessem na posição de um personagem. Também desenvolvem robôs, aprendem a usar sensor de som, de toque, de movimento, aprendem a programar robôs e passar por missões com eles. Em todas as aventuras, temos personagens que assumem a posição de líder, tomam atitudes a serem discutidas em sala. São as posições de um verdadeiro líder, como não impor, deixar de discutir. Também há a questão do empreendedorismo, que não é só sonhar, mas saber como concretizar uma boa ideia.

Como tem sido o retorno dos alunos e pais após o curso?

Tive vários feedbacks de como o curso atingiu essas crianças, com mudanças de comportamento, acesso à questão tecnológica. Nos Centros Olímpicos e Paralímpicos, muitos nunca tinha entrado em contato com o brinquedo Lego. A médio e longo prazo, a ação vai levar os participantes a perceberem que também são agentes de mudança por meio da tecnologia. As crianças começam a enxergar possibilidades de cursos de tecnologia, engenharia. É um incentivo para mudanças.

 

As habilidades e competências desenvolvidas vão influenciá-los nas decisões futuras, inclusive na escolha da profissão. Temos casos incríveis, com depoimentos de crianças que enfrentam chuva para ir às aulas e escolas das regiões atendidas que gostariam de levar alunos para participar. É muito grandioso o projeto dentro dos Centros Olímpicos.

 

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