ESPAÇO CHATÔ

Arte pós-contemporânea retrata novo ciclo na linguagem de Toninho de Souza

Obras inéditas com técnica de pintura digital podem ser conferidas gratuitamente até 5 de fevereiro


Publicação: 01/02/2016 18:05 | Atualização: 01/02/2016 18:26


  (Carolina Lobo/FAC/D.A. Press)
Com identidade própria e seguindo o seu instinto de pintor, Toninho de Souza resolveu assumir este ano a linguagem da arte pós-contemporânea, com obras produzidas por meios tecnológicos, como computador, iPad e celular. Suas criações artísticas com essa roupagem inovadora estão expostas ao público no Espaço Chatô, da Fundação Assis Chateaubriand, até 5 de fevereiro, com entrada gratuita.

Segundo o artista, essas obras inéditas são fruto de uma pesquisa realizada há alguns anos, mas apenas agora resolveu assumir publicamente este manisfesto, com pinturas digitais e tridimensionais.

Confira a entrevista com Toninho de Souza:

Toninho, você é pintor, escultor, desenhista, fotógrafo, cenógrafo, gravador, escritor, curador de arte, muralista, artista digital e poeta. Como você se define?
Como um artista multimídia. Tudo que é arte eu gosto e desde criança me identifico com as artes visuais. Sou um artista autodidata; nunca fiz nenhum curso de arte até mostrar meu trabalho ao público de forma profissional. No entanto, é muito difícil sobreviver somente de arte no Brasil, portanto me formei em Administração de Empresas e em paralelo ao serviço burocrático eu fazia minhas obras e promovia exposições em Brasília, outras cidades e até no exterior. Atualmente sou aposentado e me dedico exclusivamente à arte. E é muito gratificante. No ano passado mais de 15 escolas do Distrito Federal desenvolveram atividades com alunos de 6 a 12 anos utilizando a minha arte. Fico muito feliz de ver minha obra ser estudada na minha cidade (ele é baiano radicado no DF) e em mais quatro estados: SP, RJ, BA e RS.

Em 1993 você criou a linguagem do Melantucanarismo, abstraindo seus principais elementos compostos por melancias, tucanos e araras em um único ícone, uma pincelada em forma de bumerangue. Nos conte mais sobre esse manifesto. E apesar da sua nova abordagem, essa linguagem continua vigorando em suas obras?
Dentro da minha trajetória artística tive a oportunidade de ganhar, na década de 1990, um prêmio de viagem ao exterior – no Brasil o prêmio máximo que um artista plástico ganha é viagem a Europa dada através dos salões nacionais de governo do estado. Tive a chance de visitar dez países europeus, em 1992. A partir dessa experiência comecei a me preocupar em buscar uma arte essencialmente brasileira. Meu projeto como artista passou a ser: estar representando a genuína arte brasileira. Minha arte é característica minha, minha identidade; não estou sendo inspirado por nenhum artista internacional. Dez anos antes da viagem já havia criado uma outra linguagem, denonimada Melanciacultura. Eu pintava melancia, tucanos e araras de forma figurativa e resolvi abstrair esses três elementos, dando o nome a uma nova linguagem, o Melantucanarismo, que é a busca da essência da arte universal. Continuo trabalhando meus três elementos, minha abstração, em qualquer tema social ou político, mas a composição vai mudando. Esta exposição tem técnicas mescladas: a impressão direta na máquina e a minha interferência a tinta em cima. E é imperceptível.

O que te inspirou realizar esta mudança apresentada na atual exposição?
Hoje o pós-contemporâneo em relação a arte do passado é a arte digital. Por isso, estou lançando este manifesto dizendo que a arte digital é a essência da arte universal. Eu pego um iPad, desenho na hora, em segundos estou mandando para qualquer lugar do mundo, além de imprimir fisicamente quando quiser. E posso transformá-la em arte bidimensional ou tridimensional, vai depender de como eu quero naquele instante aquela obra que criei. Para mim isso é o pós-contemporâneo: uma arte que está fluindo no espaço em segundos. Sou talvez o artista precursor da arte digital no Distrito Federal, pois em 1996 já comecei a fazer arte no paintbrush. Na ocasião não estava consciente de que a arte digital já era essa cultura pós-contemporânea; sem querer já estava me preocupando.

Qual é o desafio da pintura digital?
Hoje ainda existe preconceito em relação a arte digital. Muitos dos meus colegas acham que é muito fácil. Mas eu considero a arte pós-contemporânea usando a tecnologia como sendo a arte do momento. A questão da rejeição é igual quando foram implantar o computador e muita gente ficou receosa. O artista está facilitando a forma de expressar seu trabalho, porque a facilidade que a ferramenta da obra digital dá ao artista é a praticidade e instantaneidade. Isso não atrapalha e nem diminui o processo criativo do artista. Só enriquece. A criação é o mais importante.

Esta é a sua terceira exposição no Espaço Chatô. Qual a visibilidade desse endereço das artes para você?
As outras duas foram Melantucanarismo – A magia da arte na comunicação, em 2008, e miniaturas das minhas criações artísticas com as cores do carnaval e da copa do mundo, em 2014. Na minha opinião o Espaço Chatô é um dos melhores espaços que o artista tem no Distrito Federal. Primeiro porque valoriza a arte, divulgando o trabalho do artista. A maior dificuldade atualmente é que sai divulgação na abertura e depois não tem mais nada; o artista fica esquecido. Segundo porque tem capacidade de lançar o artista no cenário nacional e internacional. É muito gratificante para o artista, para o espaço Chatô e para a comunidade como um todo saber que a instituição está valorizando o que o nosso Estado não está dando apoio. Praticamente todos os espaços culturais públicos estão fechados atualmente.

Exposição Arte pós-contemporânea de Toninho de Souza
De 5 de janeiro a 5 de fevereiro de 2016
Visitação de segunda a sexta-feira, das 10h às 18h
Espaço Chatô – SIG Quadra 2 lote 340 - térreo do bloco 1 – Brasília/DF
Entrada gratuita. Classificação livre.
Informações pelo telefone (61) 3214-1350

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