PALAVRA DA FUNDAÇÃO

Pesquisa revela grande vontade em empreender nas favelas brasileiras

Superintendente executiva da Fundação Assis Chateaubriand, Mariana Borges, aborda o tema empreendedorismo nas favelas e reafirma objetivo da instituição de contribuir para formação de cidadãos preparados para a vida e o mundo profissional


Publicação: 31/03/2016 14:30 | Atualização: 31/03/2016 14:43


Por Mariana Borges, superintendente executiva da Fundação Assis Chateaubriand


A ocupação de espaços sem qualquer tipo de infraestrutura urbana caracterizou o processo de crescimento desordenado das cidades brasileiras. Hoje o Brasil tem 12,3 milhões de pessoas morando em favelas, e se elas se juntassem formariam o 5º maior estado do país em população, atrás de São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Bahia.

O Norte e o Nordeste têm o maior percentual de pessoas vivendo em favelas; o Rio de Janeiro tem mais de 10% da população nessa situação; e o Distrito Federal tem entre 3% e 5%. A apenas alguns quilômetros do centro de Brasília está o condomínio Sol Nascente, em Ceilândia, considerado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) como a maior favela da América Latina, ultrapassando a Rocinha e outras grandes comunidades carentes em Buenos Aires, na Argentina, e La Paz, na Bolívia.

Por sua vez, a Cidade Estrutural possui um dos mais baixos Índices de Desenvolvimento Humano (IDH) do Distrito Federal, utilizado para avaliar a oportunidade de ter uma vida longa e saudável, acesso ao conhecimento e um padrão de vida digno. Na região, 10% da população são analfabetos, 35% têm o ensino fundamental completo, 17%, o ensino médio completo, e 1%, o superior completo.

A média de idade do brasileiro é de 33 anos e as favelas têm um perfil etário geral de quatro anos mais jovem (29 anos). Na Estrutural, 45% dos jovens entre 15 e 17 anos possuem ensino fundamental completo contra 66% do Distrito Federal e apenas 25% na faixa etária entre 18 e 20 anos possuem ensino médio completo. Se perguntados se pretendem fazer faculdade no próximo ano, apenas 21% dos jovens entre 19 e 24 anos respondem que sim. Entre os mais novos, de 14 a 18 anos, a maioria pretende fazer um curso profissionalizante (62%). Dos ocupados profissionalmente, 45% têm apenas o fundamental completo.

Com mais trabalho e renda, nos últimos 10 anos os moradores das favelas brasileiras ascenderam economicamente. Ainda assim, na Cidade Estrutural a renda média per capita era de R$ 387,85 em 2010. 98% dos ocupados têm rendimento de até cinco salários mínimos.

Mas, apesar dos números desfavoráveis, a favela é jovem e otimista. A maioria (90%) da sua população se considera feliz. E 56% acham que a vida melhorou no último ano e esse progresso é creditado principalmente ao próprio esforço e à ajuda de Deus. Inclusive, a favela é mais otimista que o Brasil: 78% acreditam que a vida vai melhorar no próximo ano contra 42% do Brasil. Quanto mais jovem, maior o otimismo entre os moradores das favelas. Apesar da percepção de melhoria de vida e do otimismo, eles sabem que há muito para evoluir. As pessoas que vivem em comunidades sabem que progredir na vida dependerá muito delas.

Há uma grande vontade de empreender. Nas favelas brasileiras há 3,8 milhões de pessoas com vontade de possuir um negócio próprio. O perfil desses empreendedores é: 51% do sexo feminino; 73% classificados como pretos e pardos; 56% da classe média; 29% entre 25 e 34 anos e 28% entre 35 e 49 anos; e 51% casados. 63% querem empreender dentro da favela e a maior parte deseja abrir algo relacionado à alimentação. Essas pessoas têm forte senso de comunidade. A maioria afirma que mesmo se tivesse o dobro de dinheiro continuaria morando em sua comunidade.

No Centro Oeste, 35% dos moradores de favela têm vontade de empreender. 10% tomaram uma iniciativa nos últimos 12 meses para começar o próprio negócio. Na maioria dos casos (48%) a oportunidade é o que impulsiona os moradores das favelas a abrirem o seu próprio negócio.

A Fundação Assis Chateaubriand orgulha-se de estar a frente da gestão pedagógica de sete centros esportivos no Distrito Federal, dentre eles o da Cidade Estrutural. Desejamos contribuir para a formação de cidadãos mais preparados para a vida e o mundo profissional, indo além das atividades esportivas regulares oferecidas nos Centros Olímpicos e Paralímpicos.

O desenvolvimento de habilidades de criatividade, espírito de equipe e liderança é trabalhado com os alunos desde os 8 anos de idade. E cursos como Jovem Repórter e Jovem Árbitro possibilitam a qualificação massiva de jovens de baixa renda e propiciam àqueles com perfil empreendedor uma alternativa de sobrevivência por meio da prestação de serviços autônomos.

Todos os dias nós aprendemos com histórias de vida diversas e nos motivamos a contribuir com a formação integral dos jovens. Jovens que muitas vezes são sinônimos de ousadia, vontade de crescer, fazer o futuro e transformar a sua realidade.

Acreditamos que esta fase da vida é o momento ideal para estimular o desenvolvimento de sonhos possíveis de serem realizados de uma juventude que independentemente da trajetória de vida e de sua classe social não teme ser arrojada.

Fontes: Pesquisa realizada em 2014 em 63 favelas de todas as regiões do Brasil, com 2.000 entrevistados pela Data Popular, e Atlas do Desenvolvimento Humano – PNUD – 2010. Dados secundários do PNAD, Censo IBGE 2010, IPE.

Centro Olímpico e Paralímpico da Estrutural está sob gestão da Fundação  (Carolina Lobo/FAC/D.A Press)
Centro Olímpico e Paralímpico da Estrutural está sob gestão da Fundação


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