PALAVRA DA FUNDAÇÃO

É preciso refletir sobre impacto social e sustentabilidade nos negócios

Em artigo, vice-presidente da Fundação estimula reflexão sobre investimento social privado e seu impacto no desenvolvimento da sociedade


Publicação: 30/06/2016 15:04 | Atualização: 30/06/2016 15:05

Por Paulo César Marques, vice-presidente da Fundação Assis Chateaubriand

É sabido que o processo de desenvolvimento de uma sociedade é dinâmico, porém, complexo. E resultado de diversos fatores ou fenômenos de natureza ambiental, tecnológico, social etc. Na esteira desse processo, os hábitos e costumes se modificam e/ou evoluem na medida em que novas necessidades vão surgindo, ou sendo atendidas.

Muitas vezes as sociedades evoluem em razão de uma crise ou pelo contraditório ao que está vigente. Governos, empresas públicas e privadas, bem como organizações da sociedade civil são importantes agentes de transformação social. Porém, as sociedades se desenvolvem independentemente destes. Elas têm seus próprios mecanismos para tal fim.

Está nas mãos desses agentes colaborar para que as mudanças possam ser sustentáveis no longo prazo, mais ágeis e de amplo alcance, mas nunca impedir que elas ocorram.

Fazer a leitura adequada do ecossistema em que vivemos, buscando entender qual o papel que cabe a cada agente transformador, é a chave para uma correta definição de programas, recursos e parcerias que possam promover mais impactos sociais.

Nessa direção, cada vez mais se consolida a conscientização das empresas para a realização de investimento social privado (ISP). Contudo, é fundamental mais e mais empresas aderirem a esse propósito, nas diversas regiões brasileiras e em diferentes temáticas. Até aqui, por mais que o ISP venha alcançando volumes significativos, não é o bastante para gerar as mudanças sociais necessárias.

Para isso, é essencial que muito mais empresas tomem conhecimento sobre investimento social privado. O que isso significa? Por que é necessário ela se envolver na geração de impactos sociais positivos? Como isso afeta os negócios? Como fazê-lo? Como fazê-lo em momentos de crise? Portanto, a questão não é convencer o empresário, mas estimulá-lo a uma reflexão sobre a vinculação entre impacto social e a sustentabilidade dos negócios.

 

'Para começar, é necessário dialogar e debater, promover encontros, criar um grupo formador de opinião guiado simplesmente pela determinação de fazer algo diferente para o futuro da nossa capital, dos seus cidadãos e do setor produtivo', destaca Paulo César Marques (Freepik)
"Para começar, é necessário dialogar e debater, promover encontros, criar um grupo formador de opinião guiado simplesmente pela determinação de fazer algo diferente para o futuro da nossa capital, dos seus cidadãos e do setor produtivo", destaca Paulo César Marques
 


É preciso ressaltar que o setor privado, bem como as organizações da sociedade civil, não são implementadores de políticas públicas. A não ser quando essas últimas são contratadas pelos governos para tal fim, via convênios ou contratos de prestação de serviço. Mas, hoje, as bases legislativas já foram traçadas para sustentar uma atuação conjunta e integrada entre o setor público e o privado.

Em 2012, 0 Brasil foi anfitrião da Rio + 20, a maior conferência da história das Nações Unidas. O evento chamou a atenção do mundo para a importância de pensar o desenvolvimento de forma integrada. As discussões ratificaram a consciência de que não pode haver prosperidade sem respeito à dignidade humana e ao nosso planeta.

A ONU definiu os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), com metas a serem alcanças até 2030. Os objetivos envolvem temas sociais, de infraestrutura, ambientais, de produção e consumo, inovação e crescimento econômico, entre outros. Isso tudo encoraja a participação das empresas, em função da convergência de suas prioridades e desafios individuais com aqueles apresentados pelos ODS. Há muito o que fazer. Há muito o que aprender. Há muito o que compartilhar. Em Brasília, é fundamental ampliar essa discussão. Estimular o diálogo.

Governo e empresas devem fomentar uma articulação em prol dos ODS, incluindo também a sociedade civil. Promover o debate sobre esses objetivos, no intuito de adequar os resultados pretendidos, por cada um, em direção a uma convergência com os almejados pelos ODS.

Olhando para o Distrito Federal, precisamos adotar uma visão mais coletiva, uma agenda única e metas tangíveis a serem perseguidas por todos. Construir, portanto, um foco comum entre os diversos atores, para garantir uma convergência de ação.

Com o investimento social, é possível solucionar questões de natureza estruturante que, por vezes, emperram o desenvolvimento de uma cidade, estado ou país. Um relevante objetivo de uma parceria entre governos e instituições privadas seria o despertar das empresas para que elas possam contribuir para a produção e implementação de políticas públicas de maior qualidade por parte dos governos.

Hoje é o momento mais oportuno para que seja construída uma união por um Distrito Federal melhor. Há um ambiente fértil para a sociedade civil, empresas privadas e governos criarem uma agenda de desenvolvimento sustentável para as nossas cidades e, consequentemente, para as nossas empresas. E para começar é necessário apenas dialogar e debater, promover encontros, criar um grupo formador de opinião guiado simplesmente pela determinação de fazer algo diferente para o futuro da nossa capital, dos seus cidadãos e do setor produtivo.

Vamos todos dialogar?

 

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