ESPORTE E CIDADANIA

Especialistas avaliam o impacto da unidade esportiva na Estrutural

Romulado Dantas, Guillermo Diaz Alonso e Marcos Aurélio Sudário mostram como o Centro Olímpico e Paralímpico da Estrutural tem ajudado a transformar a vida na comunidade


Camila de Magalhães -

Publicação: 25/01/2017 10:09 | Atualização: 25/01/2017 18:12

Romualdo Dantas, gerente didático-pedagógico do Centro Olímpico e Paralímpico da Estrutural


 (Bruno Sellani/FAC/D.A Press)
 “O simples fato de ocupar o tempo dos meninos aqui no Centro já é ótimo. A gente ainda tem o trabalho que visa primeiro formar o cidadão e, se pintar um atleta, ajudamos para que ele possa ter a primeira base. É um trabalho de formiguinha que surte efeito. A gente percebe que tem muitas crianças que poderiam ter se envolvido com coisas erradas, mas, por permanecerem aqui, acabam ocupando o tempo e deixam de alimentar coisas ruins que temos aqui próximo do nosso centro. A Estrutural tem crianças envolvidas com tráfico, que acaba levando a roubos, brigas e até mortes. O Centro Olímpico e Paralímpico combate isso, dá a oportunidade de a criança ter uma vida social normal. Muitos alunos necessitam de um abraço e de carinho, já que muitos são criados por outros parentes que não os pais. Nossos professores participam da formação da identidade desses alunos e se tornam um exemplo positivo na hora de educar. Esse laço de amizade faz toda a diferença na vida deles.”

 

Guillermo Diaz Alonso, médico do Programa Saúde da Família

 

 

 (Arquivo pessoal do Guillermo Diaz Alonso)
 “Os principais problemas de saúde da comunidade da Estrutural são sociais, principalmente na Invasão Santa Luzia. O Centro Olímpico e Paralímpico, como intervenção social, contribui muito para diminuir o impacto dos problemas sociais, como alcoolismo, drogas, violência, problemas familiares. Esses problemas se expressam no ponto de vista biológico: pressão alta, diabetes, problemas de relacionamento e de conduta dos meninos, meninas grávidas. Se o Centro Olímpico não existisse, o que seria dessas pessoas? É preciso uma socialização guiada, com professores. A atividade física, mais do que melhorar o corpo, melhora o ânimo, a autoestima. Contribui muito para o desenvolvimento físico e psicológico da comunidade." 

 

Marcos Aurélio Sudário, Educador social do Centro de Orientação Socioeducativa (Cose)

 

 

 (Bruno Sellani/FAC/D.A Press)
 “Tanto o Cose quanto o Centro Olímpico e Paralímpico são maneiras de tirar essas crianças da rua. Aqui na Estrutural, o consumo de droga é muito alto. Temos casos de crianças que saíram do nosso apoio e estão presos, outros já morreram por tráfico, roubo, assalto. A gente se preocupa muito em continuar a prestar essa assistência. Hoje são poucos que estão indo para a marginalidade. Assim os meninos passam o dia inteiro em atividade. No Centro Olímpico, procuramos encaixá-los em todas as modalidades, com possibilidade de mudar a cada três meses. Se gostou, fica. Se não quiser, muda. É importante para a criança ter uma visão do esporte que gosta. Tem criança que não queria nem ver karatê e hoje não quer mais sair.”