No Dia Mundial de Combate às Hepatites, nova terapia traz esperança e associações alertam pessoas acima dos 45
Novo medicamento é esperança de cura para pacientes com hepatite B. Segundo dados da OMS, 500 milhões de pessoas no mundo carregam algum dos cinco vírus da doença
Da redação
Publicação:28/07/2014 08:22Atualização: 28/07/2014 08:41
No Dia Mundial de Combate às Hepatites Virais lembrado nesta segunda-feira (28), especialistas alertam a população para cuidados rotineiros e simples capazes de evitar a contaminação dos tipos mais comuns da doença no Brasil: A, B e C.
A higiene pode prevenir a transmissão do tipo A, que ocorre por ingestão de água e alimentos contaminados. Sempre lavar as mãos com sabão depois de ir ao banheiro, ferver a água em locais onde não há água clorada, higienizar os alimentos são algumas dicas evitar esse tipo de hepatite, doença que atinge o fígado.
Os tipos B e C, mais virulentos – que têm como principal forma de transmissão o contato com sangue e as relações sexuais – também podem ser evitados com maior cuidado em atividades corriqueiras. A coordenadora estadual de Hepatites Virais da Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro, Clarice Gdalevici, lembrou que garantir instrumentos esterilizados na manicure é uma forma de evitar o contágio.
“[Isso ocorre com] todos os instrumentos de manicure, mesmo que não sejam cortantes, mesmo o palitinho, se tiver sangue na cutícula. O ideal é que o material seja de uso próprio”, informou. “[Com] tatuagens também, tanto a tinta como a agulha devem ser descartáveis ou esterilizadas para uso de mais de uma pessoa”, orientou ela.
Para o presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), Renato Kfouri, além dos cuidados com a higiene, a vacinação é fundamental para a prevenção, sobretudo no caso da hepatite B que pode ser tornar crônica e manter a circulação do vírus na comunidade.
“Quanto mais cedo a pessoa adquirir a hepatite B, maior a chance de que ela se torne portadora crônica”, explicou ele ao lembrar que a vacina contra o tipo B faz parte do Programa Nacional de Imunizações há 14 anos. “Na época, ela era oferecida apenas a recém-nascidos e hoje é oferecida para pessoas até 49 anos. Felizmente não há mais ocorrências em crianças. O desafio agora é universalizar o acesso, pois é uma doença que atinge todas as idades”, explicou Renato Kfouri.
Para ele, a baixa adesão de jovens e adultos à imunização da hepatite B se deve sobretudo à falta de informação. “Muitos não sabem sequer que existe vacina para essas faixas etárias. Há uma cultura muito forte de vacinação da criança, mas ainda estamos muito longe na cobertura vacinal de jovens, adultos e idosos”, destacou. “Com a universalização, mais informação e conscientização conseguiremos erradicar pelo menos as hepatites A e B”, acrescentou.
Não há vacina para prevenir a hepatite C – a mais severa desses três tipos mais comuns no Brasil, podendo causar câncer no fígado. A vacina contra a Hepatite A começou a ser fornecida, pelo Sistema Único Saúde (SUS), para crianças de 1 a 2 anos no mês passado. Crianças maiores, adolescentes e adultos podem ser vacinados em clínicas privadas.
A hepatite A é mais leve, mas existem alguns casos fulminantes. O tipo B é 100 vezes mais infeccioso do que o HIV, e "o infectado costuma portar o vírus mesmo depois de curado”, segundo Renato Kfouri. “As chances de um recém-nascido, filho de uma mulher com hepatite B, ser portador do vírus para o resto da vida é 90%.”
Nova terapia
Uma nova droga, ainda em aprovação nos Estados Unidos, pode representar a cura para cerca de 95% dos pacientes com hepatite C, forma mais grave da doença, segundo o presidente da Sociedade Brasileira de Hepatologia (SBH), Edison Roberto Parise.
A hepatite é a inflamação do fígado, causada por cinco vírus diferentes e que nem sempre apresenta sintomas. Os tipos B e C são a causa mais comum de cirrose hepática e câncer de fígado.
Atualmente, para todos os tipos da doença, o tratamento é com feito com antivirais, basicamente o interferon e a ribavirina, com duração de 48 semanas. Em alguns casos, esses medicamentos podem ser combinados com inibidores de protease, que tem muitos efeitos colaterais e cura cerca de 50% a 70% das pessoas infectadas.
Segundo Edison Parise, uma segunda série de medicamentos já está em aprovação pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária. “São dois novos medicamentos que têm uma baixa tremenda de efeito colateral, mas que ainda vão ser utilizados com interferon, em alguns casos”, disse ele, ao explicar que o tratamento deve durar 12 semanas, com um índice de cura de 80% a 90%.
Uma terceira geração de medicamentos, com o mínimo de efeito colateral, deve ser aprovada até o fim do ano nos Estados Unidos. “Nesse caso, o tratamento é totalmente sem interferon, mais curto, de oito semanas, e com um índice de cura de 90% a 100%. É uma mudança drástica no tratamento da hepatite neste ano, então precisamos aproveitar isso e captar o máximo de doentes.”
O tratamento contra a hepatite é feito pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e é bom, segundo o gerente de Projetos da Associação Brasileira dos Portadores de Hepatite (ABPH), Eduardo Tadeu Lima e Silva. “Tem todas aquelas coisas do setor público e as dificuldades de qualquer tratamento de alta complexidade, como aids, malária e câncer. Mas o paciente tem atendimento e acesso a medicamentos.”
Após a aprovação de novos medicamentos, a segunda fase é a inclusão do remédio no protocolo de tratamento do SUS. “O que nós vemos é que a hepatite C não tem o mesmo apelo da aids, por exemplo, mas é tão devastadora quanto, e o número de portadores é maior”, destacou Silva. “Nosso trabalho é tirar a hepatite do anonimato, divulgar que nós temos uma doença silenciosa, que, quanto mais tarde for descoberta, mais comprometido o fígado vai estar e maior vai ser o custo do tratamento para o Estado.”
De acordo ele, a hepatite C não é uma doença tão estigmatizada quanto a aids. “Fica essa coisa de achar que a pessoa que tem cirrose é alcoólatra, que tem vida sexual promíscua. Pelo contrário, a transmissão sexual é muito rara”. Já a hepatite B é considerada, sim, uma doença sexualmente transmissível.
>>Entenda os cinco tipos da doença:
A hepatite A, na maioria dos casos, é uma doença benigna e de contágio simples, pela água mal tratada ou alimentos mal lavados. A melhor forma de se evitar a doença é melhorando as condições de higiene e de saneamento básico. Existe vacina contra o vírus da hepatite A, mas só é recomendada em casos especiais.
Para a hepatite B também há vacina, disponibilizada na rede pública de saúde. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), 240 milhões de pessoas no mundo têm a doença, que pode se tornar crônica, dependendo da idade do infectado. As crianças são as mais afetadas. A hepatite B é considerada doença sexualmente transmissível e o vírus está presente no sangue, no esperma e no leite materno.
Cerca de 150 milhões de pessoas no mundo tem o tipo C da doença, que é o mais grave, pois não há vacina. A ação do vírus é lenta e silenciosa e, em 80% dos casos, torna-se crônica em pouco tempo.
A hepatite D é menos comum e depende da presença do vírus do tipo B para a infecção.
Já a hepatite E tem ocorrência rara no Brasil e é comum na Ásia e África. A transmissão é fecal-oral (patógenos das fezes tem contato com a boca), mais comum em áreas sem saneamento básico. A hepatite E pode induzir uma taxa de mortalidade de 20% entre as mulheres grávidas em seu terceiro trimestre, segundo a OMS.
Associações têm foco em pessoas acima dos 45 anos
As pessoas que tem 45 anos ou mais são o principal alvo das campanhas para a detecção do vírus da hepatite C no organismo, a forma mais grave da doença. A Associação Brasileira dos Portadores de Hepatite (ABPH) estima que cerca de 1,6% da população brasileira seja portadora da hepatite C, mas 90% dessas pessoas não sabem que carregam o vírus.
Segundo o gerente de Projetos da ABPH, Eduardo Tadeu Lima e Silva, até 1995 não era feito nenhum teste de hepatite em transfusões de sangue, “muitas pessoas foram contaminadas com hepatite C, não foram diagnosticadas e silenciosamente a doença foi progredindo e virou uma cirrose ou câncer hepático. Então, existe uma janela de portadores silenciosos que foram transfundidos e que não sabem que são portadores do vírus”.
A ABPH sobrevive de doações e trabalha há três anos no acompanhamento e apoio a pacientes com hepatite.
“Hoje, há um controle maior nas transfusões. Com a chegada da AIDS e da hemofilia, os centros de doações passaram a fazer uma testagem mais específica. Então, o portador dificilmente vai transmitir, mas essas pessoas morrem se não identificadas a tempo”, disse Silva, explicando que a hepatite C só é reconhecidamente transmitida pelo sangue, em transfusões e compartilhamento de material perfurocortante.
O presidente da Sociedade Brasileira de Hepatologia (SBH), Edison Roberto Parise, explica que todas as pessoas que nasceram entre 1945 e 1970 devem realizar o teste para hepatite C. “Estamos lançando essa campanha tanto para a população quanto para os médicos pedirem o exame a seus pacientes”, disse Parise.
Ele conta que, na década de 70 e 80 era muito comum a automedicação em farmácias com antigripais e estimulantes por via endovenosa com seringas de vidro. Além das drogas injetáveis, a utilização de material não esterilizado por manicures, acupunturistas e até dentistas também ajudou a espalhar o vírus,. “Então, mudamos a estratégia e chamamos na campanha todos as pessoas com mais de 45 anos, independente do histórico de exposição ao vírus”.
O dia 28 de julho foi instituído pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como o Dia Mundial de Luta Contras as Hepatites Virais. Segundo dados da organização, 500 milhões de pessoas no mundo carregam algum dos cinco vírus da doença. A hepatite é a inflamação do fígado, uma doença que nem sempre apresenta sintomas. Os tipos B e C, são as causas mais comuns de cirrose hepática e câncer de fígado. As hepatites virais são responsáveis por 1,4 milhão de mortes todos os anos no mundo. No Brasil, o Ministério da Saúde divulga esta semana informações e dados atualizados sobre a doença.
Com informações da Agência Brasil
Durante as obras de construção do estádio Mané Garrincha, operários participaram de campanha de diagnóstico da hepatite: teste é rápido
A higiene pode prevenir a transmissão do tipo A, que ocorre por ingestão de água e alimentos contaminados. Sempre lavar as mãos com sabão depois de ir ao banheiro, ferver a água em locais onde não há água clorada, higienizar os alimentos são algumas dicas evitar esse tipo de hepatite, doença que atinge o fígado.
Os tipos B e C, mais virulentos – que têm como principal forma de transmissão o contato com sangue e as relações sexuais – também podem ser evitados com maior cuidado em atividades corriqueiras. A coordenadora estadual de Hepatites Virais da Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro, Clarice Gdalevici, lembrou que garantir instrumentos esterilizados na manicure é uma forma de evitar o contágio.
“[Isso ocorre com] todos os instrumentos de manicure, mesmo que não sejam cortantes, mesmo o palitinho, se tiver sangue na cutícula. O ideal é que o material seja de uso próprio”, informou. “[Com] tatuagens também, tanto a tinta como a agulha devem ser descartáveis ou esterilizadas para uso de mais de uma pessoa”, orientou ela.
Saiba mais...
Escovas de dente, aparelho de barbear, brincos, entre outros acessórios pessoais, não devem ser compartilhados, pois também podem ser transmissores da doença. No Rio de Janeiro, foram registrados 5.261 casos de hepatite B e 6.162 casos de hepatite C, entre 2005 e 2012. Anualmente, são ocorrem cerca de 700 novos registros. A hepatite C é a que mais atinge a população do Rio. “Estamos investindo em campanhas de testes rápidos de 30 minutos nas regiões de maior incidência”, frisou a médica. “Muitas pessoas não sabem que têm a doença, que demora a se manifestar”, completou.- Pacientes com hepatite C aguardam revolução terapêutica
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Para o presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), Renato Kfouri, além dos cuidados com a higiene, a vacinação é fundamental para a prevenção, sobretudo no caso da hepatite B que pode ser tornar crônica e manter a circulação do vírus na comunidade.
“Quanto mais cedo a pessoa adquirir a hepatite B, maior a chance de que ela se torne portadora crônica”, explicou ele ao lembrar que a vacina contra o tipo B faz parte do Programa Nacional de Imunizações há 14 anos. “Na época, ela era oferecida apenas a recém-nascidos e hoje é oferecida para pessoas até 49 anos. Felizmente não há mais ocorrências em crianças. O desafio agora é universalizar o acesso, pois é uma doença que atinge todas as idades”, explicou Renato Kfouri.
Para ele, a baixa adesão de jovens e adultos à imunização da hepatite B se deve sobretudo à falta de informação. “Muitos não sabem sequer que existe vacina para essas faixas etárias. Há uma cultura muito forte de vacinação da criança, mas ainda estamos muito longe na cobertura vacinal de jovens, adultos e idosos”, destacou. “Com a universalização, mais informação e conscientização conseguiremos erradicar pelo menos as hepatites A e B”, acrescentou.
Não há vacina para prevenir a hepatite C – a mais severa desses três tipos mais comuns no Brasil, podendo causar câncer no fígado. A vacina contra a Hepatite A começou a ser fornecida, pelo Sistema Único Saúde (SUS), para crianças de 1 a 2 anos no mês passado. Crianças maiores, adolescentes e adultos podem ser vacinados em clínicas privadas.
A hepatite A é mais leve, mas existem alguns casos fulminantes. O tipo B é 100 vezes mais infeccioso do que o HIV, e "o infectado costuma portar o vírus mesmo depois de curado”, segundo Renato Kfouri. “As chances de um recém-nascido, filho de uma mulher com hepatite B, ser portador do vírus para o resto da vida é 90%.”
Nova terapia
Uma nova droga, ainda em aprovação nos Estados Unidos, pode representar a cura para cerca de 95% dos pacientes com hepatite C, forma mais grave da doença, segundo o presidente da Sociedade Brasileira de Hepatologia (SBH), Edison Roberto Parise.
A hepatite é a inflamação do fígado, causada por cinco vírus diferentes e que nem sempre apresenta sintomas. Os tipos B e C são a causa mais comum de cirrose hepática e câncer de fígado.
Atualmente, para todos os tipos da doença, o tratamento é com feito com antivirais, basicamente o interferon e a ribavirina, com duração de 48 semanas. Em alguns casos, esses medicamentos podem ser combinados com inibidores de protease, que tem muitos efeitos colaterais e cura cerca de 50% a 70% das pessoas infectadas.
A Associação Brasileira dos Portadores de Hepatite (ABPH) estima que cerca de 1,6% da população brasileira seja portadora da hepatite C, mas 90% dessas pessoas não sabem que carregam o vírus
Uma terceira geração de medicamentos, com o mínimo de efeito colateral, deve ser aprovada até o fim do ano nos Estados Unidos. “Nesse caso, o tratamento é totalmente sem interferon, mais curto, de oito semanas, e com um índice de cura de 90% a 100%. É uma mudança drástica no tratamento da hepatite neste ano, então precisamos aproveitar isso e captar o máximo de doentes.”
O tratamento contra a hepatite é feito pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e é bom, segundo o gerente de Projetos da Associação Brasileira dos Portadores de Hepatite (ABPH), Eduardo Tadeu Lima e Silva. “Tem todas aquelas coisas do setor público e as dificuldades de qualquer tratamento de alta complexidade, como aids, malária e câncer. Mas o paciente tem atendimento e acesso a medicamentos.”
Após a aprovação de novos medicamentos, a segunda fase é a inclusão do remédio no protocolo de tratamento do SUS. “O que nós vemos é que a hepatite C não tem o mesmo apelo da aids, por exemplo, mas é tão devastadora quanto, e o número de portadores é maior”, destacou Silva. “Nosso trabalho é tirar a hepatite do anonimato, divulgar que nós temos uma doença silenciosa, que, quanto mais tarde for descoberta, mais comprometido o fígado vai estar e maior vai ser o custo do tratamento para o Estado.”
De acordo ele, a hepatite C não é uma doença tão estigmatizada quanto a aids. “Fica essa coisa de achar que a pessoa que tem cirrose é alcoólatra, que tem vida sexual promíscua. Pelo contrário, a transmissão sexual é muito rara”. Já a hepatite B é considerada, sim, uma doença sexualmente transmissível.
A hepatite A, na maioria dos casos, é uma doença benigna e de contágio simples, pela água mal tratada ou alimentos mal lavados. A melhor forma de se evitar a doença é melhorando as condições de higiene e de saneamento básico. Existe vacina contra o vírus da hepatite A, mas só é recomendada em casos especiais.
Para a hepatite B também há vacina, disponibilizada na rede pública de saúde. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), 240 milhões de pessoas no mundo têm a doença, que pode se tornar crônica, dependendo da idade do infectado. As crianças são as mais afetadas. A hepatite B é considerada doença sexualmente transmissível e o vírus está presente no sangue, no esperma e no leite materno.
Cerca de 150 milhões de pessoas no mundo tem o tipo C da doença, que é o mais grave, pois não há vacina. A ação do vírus é lenta e silenciosa e, em 80% dos casos, torna-se crônica em pouco tempo.
A hepatite D é menos comum e depende da presença do vírus do tipo B para a infecção.
Já a hepatite E tem ocorrência rara no Brasil e é comum na Ásia e África. A transmissão é fecal-oral (patógenos das fezes tem contato com a boca), mais comum em áreas sem saneamento básico. A hepatite E pode induzir uma taxa de mortalidade de 20% entre as mulheres grávidas em seu terceiro trimestre, segundo a OMS.
Associações têm foco em pessoas acima dos 45 anos
As pessoas que tem 45 anos ou mais são o principal alvo das campanhas para a detecção do vírus da hepatite C no organismo, a forma mais grave da doença. A Associação Brasileira dos Portadores de Hepatite (ABPH) estima que cerca de 1,6% da população brasileira seja portadora da hepatite C, mas 90% dessas pessoas não sabem que carregam o vírus.
Segundo o gerente de Projetos da ABPH, Eduardo Tadeu Lima e Silva, até 1995 não era feito nenhum teste de hepatite em transfusões de sangue, “muitas pessoas foram contaminadas com hepatite C, não foram diagnosticadas e silenciosamente a doença foi progredindo e virou uma cirrose ou câncer hepático. Então, existe uma janela de portadores silenciosos que foram transfundidos e que não sabem que são portadores do vírus”.
A ABPH sobrevive de doações e trabalha há três anos no acompanhamento e apoio a pacientes com hepatite.
“Hoje, há um controle maior nas transfusões. Com a chegada da AIDS e da hemofilia, os centros de doações passaram a fazer uma testagem mais específica. Então, o portador dificilmente vai transmitir, mas essas pessoas morrem se não identificadas a tempo”, disse Silva, explicando que a hepatite C só é reconhecidamente transmitida pelo sangue, em transfusões e compartilhamento de material perfurocortante.
O presidente da Sociedade Brasileira de Hepatologia (SBH), Edison Roberto Parise, explica que todas as pessoas que nasceram entre 1945 e 1970 devem realizar o teste para hepatite C. “Estamos lançando essa campanha tanto para a população quanto para os médicos pedirem o exame a seus pacientes”, disse Parise.
Ele conta que, na década de 70 e 80 era muito comum a automedicação em farmácias com antigripais e estimulantes por via endovenosa com seringas de vidro. Além das drogas injetáveis, a utilização de material não esterilizado por manicures, acupunturistas e até dentistas também ajudou a espalhar o vírus,. “Então, mudamos a estratégia e chamamos na campanha todos as pessoas com mais de 45 anos, independente do histórico de exposição ao vírus”.
O dia 28 de julho foi instituído pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como o Dia Mundial de Luta Contras as Hepatites Virais. Segundo dados da organização, 500 milhões de pessoas no mundo carregam algum dos cinco vírus da doença. A hepatite é a inflamação do fígado, uma doença que nem sempre apresenta sintomas. Os tipos B e C, são as causas mais comuns de cirrose hepática e câncer de fígado. As hepatites virais são responsáveis por 1,4 milhão de mortes todos os anos no mundo. No Brasil, o Ministério da Saúde divulga esta semana informações e dados atualizados sobre a doença.
Com informações da Agência Brasil