Pesquisas revelam o que os jovens pensam sobre a Aids
Falta de informação é a maior vilã da banalização da doença. Preconceito contra quem tem o vírus também preocupa. Especialistas avaliam a situação
Quatro entre 10 jovens brasileiros acreditam não ser necessário usar camisinha em um relacionamento estável, de acordo com o estudo Juventude, Comportamento e DST/Aids (veja a pesquisa completa). Além disso, mostrou-se falta de conhecimento sobre as forma de transmissão do HIV/Aids: um em cada cinco considera ser possível contrair a doença se usar os mesmos talheres e/ ou copos de outras pessoas. E 15% acham que doenças como dengue, malária, hanseníase ou tuberculose são Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs). Muitos acreditam que o vírus não é transmitido na primeira relação sexual, entre outros mitos.
Barreira para o desenvolvimento sustentável
A falta de informação é preocupante, na opinião de Alice Scartezini. “Muitos jovens não têm nível crítico de prevenção. A saúde sexual é uma das grandes barreiras para o desenvolvimento sustentável no mundo, pois há um conservadorismo muito forte e políticas de saúde esvaziadas”, avalia. “O contexto dificulta tratar o assunto e tem impacto direto na saúde mental, com jovens deprimidos, isolados, sem estrutura de apoio para enfrentar problemas. O suicídio é a terceira causa de morte no país, assunto que não pode ser falado. É algo bastante complicado de administrar.”
A coordenadora defende a necessidade de se focar em diálogos com a juventude, serviço de prevenção, informação de qualidade e dados científicos que ofereçam o empoderamento para o sexo seguro. “Espera-se da juventude um comportamento que ainda não é fomentado. Não se fala na família, na escola, fica entre os pares. Quando o jovem é estimulado, ele traz informação e questiona. Para exigir direitos, ele precisa ter informação segura”, afirma Alice. Ela reforça que é ainda é preciso muito esforço cognitvo, propositivo e mais envolvimento dos vários setores da sociedade, com fomento a parcerias.