Entrevista - Andréia Porto fala sobre a exposição Trans-feridas-marcas
Obras da artista brasiliense ficam em cartaz no Espaço Chatô até 20 de março
Fruto da nova geração artística do Distrito Federal, a exposição Trans-feridas-marcas traz ao Espaço Chatô diversas obras assinadas pela artista plástica brasiliense Andréia Porto. Ela mistura técnicas de desenho com canetas esferográficas e colagens. Em entrevista concedida à Fundação Assis Chateaubriand, Andréia fala sobre os significados de sua arte, inspirações e como começou sua história no mundo dos desenhos. Confira!
Por que o nome Trans-feridas-marcas?
São significados partidos. Seria pegar o que dói, magoa e não satisfaz, e transferir isso para uma tela. A ideia é refletir a história dos sentimentos. No decorrer da vida, a gente traz muitas marcas, vamos experimentando muitas coisas. E esse experimentar deixa marcas. Muitos desenhos têm redemoinhos, parece uma tridimensionalidade, mas são marcas. São cortes que não sangram, flutuam bolinhas que chamo de oxigênio. São marcas que a gente tem que digerir e soltar.
As bonecas são marcantes em suas obras. O que elas representam?
Comecei a criar as personagens em 2008. Com esse olhinho mais redondo, num cenário mais melancólico, preto e branco. Comecei a desenhá-las por questões emocionais, relacionamentos mal resolvidos. Na verdade, foi um fora mesmo. Todas tinham faces melancólicas. Depois que passou essa fase do abalo, comecei a pensar nas questões de infância, no ambiente escolar. Aquele sentimento de que se eu fosse adulta, não faria.
Tive uma professora que apresentava para a gente a história de arte. Eu ficava fascinada com os desenhos e pinturas, mas não imaginava o que eu poderia estudar. Me apaixonei porque gostava muito de história. Decidi que queria fazer artes. Acabei me matriculando no curso da Faculdade Dulcina de Morais. Percebi que a arte não era só o estudo do contexto histórico. Fazer arte era uma coisa muito pessoal. É uma sensação que só quem produz artes sabe, é algo muito íntimo, muito pessoal, tem muitos significados. A compreensão é um processo só seu.
Qual é a importância do incentivo de espaço culturais como o Espaço Chatô para apresentar sua arte ao público?
Esses espaços são significativos porque a gente quer ser percebido como artista e poucos espaços fazem isso. A gente tem vários espaços, mas poucos que pensam no artista de casa, com uma forma de igualdade. Este é um início de reconhecimento. É um trabalho meu, significativo para mim, e tenho a possibilidade de mostrar para outros.
Pode ser agora uma exposição, pode ser o início de uma história e é legal a gente participar disso. O trabalho é colorido, tem muitas questões para se refletir. Todo mundo tem um ponto para se identificar. Basta querer olhar, apreciar e refletir algo significativo para si.
Exposição Trans-feridas-marcas | Por Andréia Porto
De 4 a 20 de março de 2015
Visitação de segunda a sexta-feira, das 10h às 18h
Espaço Chatô – SIG Quadra 2 lote 340, térreo do bloco 1, Brasília-DF
Entrada gratuita. Classificação livre.
Informações: (61) 3214-1350
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