QUALIDADE DE VIDA

Vinda de Candy Chang ao Brasil inspira formas alternativas de diálogo

Projeto Before I die partilha esperanças, medos e histórias dos participantes do Festival da Gentileza, em Belo Horizonte. Iniciativa já passou por 70 países, com mais de 2mil painéis


Publicação: 28/10/2016 15:59 | Atualização: 01/11/2016 14:56

Público escreveu nos painéis frases sobre o que gostaria de fazer antes de morrer (Foto: Leonardo Melo)
Público escreveu nos painéis frases sobre o que gostaria de fazer antes de morrer (Foto: Leonardo Melo)
 

Principal atração do Festival da Gentileza, realizado de 26 a 30 de outubro em Belo Horizonte (MG), a artista taiwanesa americana Candy Chang inspirou muita gente em sua rápida passagem pelo Brasil. A vinda de Chang ao país foi viabilizada pela Fundação Assis Chateaubriand e pelo Consulado Americano.


O festival, sediado na Praça da Liberdade, é uma parceria entre o Sustentarte e verbogentileza, um projeto de ações digitais e de rua que tem o objetivo de inspirar um comportamento mais cuidadoso e gentil e contribuir para uma vida urbana melhor. Shows, palestras, projeção de poemas, dança, oficinas, feiras, piqueniques, entre outras atividades, complementam a programação do evento.

 

No último dia 26, Candy participou da abertura do painel Before I die, na Praça da Liberdade. Ao som de banda de New Orleans, sua cidade natal, ela abriu ao público seu projeto participativo de arte que convida as pessoas a contemplar a morte, refletir sobre a vida, e compartilhar suas aspirações pessoais em público.

 

Como surgiu a ideia

 

A ideia do painel surgiu depois de perder alguém que amava. Chang canalizou sua tristeza e depressão para este projeto em uma casa abandonada em seu bairro em Nova Orleans, para restaurar a perspectiva e encontrar consolo com seus vizinhos. Ela cobriu a casa em ruínas com a pintura escrito "Antes de morrer, eu quero _____." A parede rapidamente encheu-se com as respostas, a partir da profunda poética: Antes de morrer, eu quero ... Ver a minha filha graduada, abandonar todas as inseguranças, ter minha esposa de volta, comer todos os doces e sushis no mundo, ser uma sensação do YouTube, diga a minha mãe que eu a amo, estar completamente sozinho.

 

A parede ganhou a atenção global e muitas pessoas têm contatado Chang sobre a criação de uma parede em sua própria comunidade. Chang criou um site de projeto e, graças a apaixonados pessoas em todo o mundo, mais de 2 mil painéis “Before I Die” já foram criados em mais de 70 países, incluindo o Iraque, China, Cazaquistão e África do Sul.

 

Revelando anseios da comunidade, ansiedades, alegrias e lutas, o projeto explora como o espaço público pode cultivar a autoanálise e empatia entre os vizinhos e compassivamente nos preparar para a morte e tristeza. Também inspirou dezenas de reproduções que oferecem novas maneiras de se envolver com as pessoas ao nosso redor. O livro “Before I Die” é uma celebração destas paredes e as histórias por trás deles.

 

Inspiração para jovens e crianças

 

 (JL Barroso)
Além do Festival da Gentileza, Candy Chang abriu a agenda para outros encontros com o público mineiro. No dia 27, fez uma visita ao famoso museu ao ar livre Inhotim, próximo a Belo Horizonte. Lá, participou de um workshop interativo sobre arte, cultura e gentileza com cerca de 30 jovens entre 12 e 17 anos beneficiados pelo trabalho de uma ONG da comunidade de Brumadinho. À noite, foi painelista em um evento no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) sobre processos e projetos colaborativos e economia criativa.

 

 

 

 (JL Barroso)
A programação dela para esta sexta-feira (28/10) inclui conversa com estudantes de arquitetura da UFMG sobre mobilidade, planejamento urbano e sustentabilidade, visita ao projeto Jornada Solidária, com ações interativas para cerca de 30 crianças da creche (3 a 6 anos). À noite, a artista participa de um happy hour com representantes do Consulado Americano e da Fundação Assis Chateaubriand.

 

A passagem de Candy Chang pelo Brasil termina neste sábado (29/10), com visita aos principais pontos turísticos da cidade de Belo Horizonte.

 

Sobre a artista

 

Por meio da ativação de espaços públicos em todo o mundo, a artista taiwanesa-americana desenvolve um trabalho que estuda o limiar entre o isolamento e a comunidade, a psicologia do engajamento civil, e como práticas contemplativas pode mudar a forma das cidades. Ela se interessa pela relação entre espaço público e saúde mental, a dinâmica entre a liberdade individual e a coerência social.

 

Com experiência em planejamento urbano, Chang trabalhou com comunidades em Nairobi, New York, Helsínquia, Nova Orleans, Vancouver, e Joanesburgo, onde observou os desafios da democracia. Criou experimentos interativos no domínio público e ofereceu formas alternativas de diálogo local.

 

 (Leonardo Melo)
Depois de lutar contra a tristeza e depressão, ela canalizou suas questões emocionais em seu trabalho. Seu projeto participativo de arte pública “Before I Die” foi criado em mais de 2 mil cidades e mais de 70 países, incluindo a China, Iraque, Argentina, Rússia, Haiti, Cazaquistão e África do Sul.

 

Seu trabalho mais recente, The Atlas of Tomorrow, baseia-se em Carl Jung, nos surrealistas, e no I Ching para transformar um edifício em um dispositivo para a reflexão filosófica. Seu trabalho tem sido exibido na Bienal de Arquitetura de Veneza, New Museum, Tate Modern, San Francisco Museum of Modern Art, Ogden Museum of Southern Art, e Cooper-Hewitt National Design Museum.

 

Candy Chang participou do TED Senior Fellowship, Tulane University Urban Innovation Fellowship, Prêmio Visionary Artist Goldman Tony, e Art Production Fund Artist Residency. Foi nomeada uma das Top 100 líderes em design de interesse público pela Oprah Magazine, e como jovem líder global no Fórum Econômico Mundial.

 

Ela tem sido a principal palestrante em eventos como o Fórum de Criatividade Mundial, American Planning Association National Conference, e Global Health Summit. Candy Chang recebeu um mestrado em Planejamento Urbano pela Universidade de Columbia.

 

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