Entrevista: Atriz Maria Paula destaca redução das mortes infantis no país
Ela conta sua experiência com filhos e revela porque defende a causa do aleitamento materno há 11 anos
Desde 2004, quando nasceu a primeira filha, a psicóloga Maria Paula Fidalgo aposta na causa do aleitamento materno. Ela aproveitou a visibilidade como atriz, comediante e apresentadora de televisão para defender um assunto para o qual o Brasil precisava se atentar. A realidade brasileira, até então, era de muitas mortes de bebês por falta de leite materno. Com a chegada do segundo filho, Maria Paula passou a lutar também pela doação de leite e se tornou embaixadora da Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano.
No mês em que se celebra o Dia Mundial de Doação de Leite Humano (19 de maio), Maria Paula, que também é cronista do Correio Braziliense, concedeu entrevista à Fundação Assis Chateaubriand para falar sobre o que a move nessa causa e como vê o resultado de seu trabalho em tantas campanhas de conscientização refletido na redução da mortalidade infantil no Brasil, um dos primeiros objetivos de desenvolvimento do milênio alcançados no país. Confira.
Por que você considera importante defender essa causa?
Em 2004, quando tive a primeira filha, o Ministério da Saúde (MS) me convidou para protagonizar, junto com ela, a campanha de aleitamento materno exclusivo. Comecei a ser abordada na rua por mulheres que estavam amamentando. Na época, o MS recomendava 6 meses de aleitamento exclusivo, mas o Ministério do Trabalho só permitia uma licença maternidade de 4 meses. Foi aí que começou a campanha pelo aumento da licença para 6 meses. Viajei o país falando não só da importância nutricional e imunológica, mas o vínculo afetivo da amamentação. Quando se cria esse vinculo, evita-se não só doenças físicas, mas muitos problemas emocionais, criando cidadãos mais felizes, harmônicos e responsáveis.
Meu discurso convenceu a nível municipal, estadual e federal. Tivemos uma conquista muito expressiva. Me animei com os resultados e achei que poderia dar contribuição. Quando a Maria Luiza fez 2 anos, eu ainda estava amamentando e fiz a campanha de aleitamento complementar. Comecei a me envolver ainda mais nessas causas e a resposta do público era enorme, muito expressiva, informativa.
Depois me convidaram para ser embaixadora do banco de leite. Fiz trabalhos diplomáticos, recebi a princesa da Dinamarca, mostrei bancos de leite, expliquei como era pausterização e a distribuição para UTIs neonatais. Com três anos de antecedência, conseguimos reduzir a mortalidade infantil no Brasil. A princesa ficou mobilizada e entrou junto. Já tínhamos o Dia Nacional da Doação de Leite Humano e lutamos para que a data fosse internacional. A Inglaterra aderiu, todos os países do Mercosul, os países iberoamericanos. Queremos fazer com que o mundo todo pare para falar sobre o assunto.
É um trabalho contínuo. Uma coisa que independe de quem esteja no poder, é um trabalho maior. É uma parceria com quem for que estiver no poder. Um trabalho muito bonito, um grupo de pessoas que dão apoio à causa, inclusive na coleta de leite para que possa chegar aos bebês prematuros nas UTI neonatais.
Você também fez um trabalho em penitenciárias femininas e na mobilização de empresas pelo aumento da licença maternidade. Como foi?
Ano passado, elegi como objetivo principal o trabalho em penitenciárias femininas. Fiz várias palestras para mães grávidas ou com bebês. Falava da importância do aleitamento materno, do vínculo afetivo e propunha que as penitenciárias tivessem salas de amamentação.
Junto com a Sociedade Brasileira de Pediatria, fiz um vídeo para empresas. Aquelas que concordam com a licença maternidade de seis meses recebem um benefício fiscal. Eu não queria colocar apenas essa questão financeira, mas a humana mesmo. E tivemos a adesão de várias empresas. Depois, partimos para a criação de salas de amamentação. Em Brasília, o case de um maternário no serviço público. As mães deixam os bebês, amamentam e voltam a trabalhar. É a situação ideal para que mulher possa voltar ao mercado. É uma atitude que nem todas as empresas estão dispostas a bancar.
Como foi a sua experiência com aleitamento materno?
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