ESPORTE E CIDADANIA

A caminho de se tornar referência no esporte de base

Metodologia inovadora da Fundação Assis Chateaubriand sistematiza ensino esportivo de base, avalia resultados, empodera jovens a construírem seu desenvolvimento e deve transformar Centros Olímpicos e Paralímpicos em celeiro de atletas


Camila de Magalhães -

Publicação: 30/03/2017 19:12 | Atualização: 30/03/2017 19:43

Futebol é uma das modalidades esportivas abrangidas pela metodologia neste primeiro momento (Foto: Camila de Magalhães/FAC/D.A Press)
Futebol é uma das modalidades esportivas abrangidas pela metodologia neste primeiro momento (Foto: Camila de Magalhães/FAC/D.A Press)

Brasília é reconhecida como um celeiro de atletas. Daqui, já saíram muitos destaques nacionais e internacionais em diversos esportes. Porém, para que mais talentos surjam e comecem a brilhar, é preciso investir na base, na formação esportiva dos pequenos. A partir de abril, milhares de crianças e jovens de diversas regiões do Distrito Federal terão a oportunidade de se desenvolver melhor, encarar novos desafios e ter um aprendizado ainda mais direcionado no esporte.

Em parceria com a Secretaria de Esporte, Turismo e Lazer do DF, a Fundação Assis Chateaubriand desenvolveu um projeto piloto inovador para padronizar e avaliar o ensino de esportes nos sete Centros Olímpicos e Paralímpicos onde a entidade é responsável pela gestão pedagógica: a Metodologia de Ensino Desportivo (Mede). A iniciativa é pioneira no DF e, em se tratando de parceria público-privada, é pioneira no país. Nos próximos anos, cerca de 7,5mil alunos de 9 a 17 anos terão um ganho significativo em qualidade e eficiência. As unidades participantes são as de Ceilândia (Parque da Vaquejada e Setor O), Estrutural, Riacho Fundo I, Samambaia, São Sebastião e Sobradinho.

Após a fase inicial de testes, aplicada no final do ano passado, a etapa piloto vai abranger seis modalidades esportivas: atletismo, basquete, natação, vôlei, fut7 (futebol society) e futsal. A ideia é, ainda este ano, começar a construção da metodologia para outras modalidades a fim de que, em 2018, amplie-se a aplicação do Mede.

Na avaliação de Márcio Falcão, profissional de educação física e gerente de COP pela Fundação Assis Chateaubriand (FAC), o projeto é transformador. “O Mede contribui para o ensino do esporte de forma que os alunos evoluam nas modalidades esportivas, respeitando sua individualidade, seu objetivo, seu gosto pelo esporte e melhoria nos fundamentos. De forma sistematizada e monitorada com avaliações periódicas, os jovens ganham autonomia e são empoderados a buscar o seu desenvolvimento no esporte”, explica. Segundo Falcão, a metodologia incentiva o professor não só a ser um transmissor de conhecimento, mas um tutor, que está aberto a ouvir a opinião do aluno e contribuir com a construção de valores e habilidades que vão refletir na formação cidadã de cada um. Com isso, acredita ele, a chance de se identificar talentos é maior do que como vinha acontecendo, com um esporte subjetivo. E os centros devem se tornar uma referência no esporte.

Lançamento oficial

A metodologia foi lançada oficialmente esta semana no Centro de Convenções Ulysses Guimarães e contou com a presença de dezenas de professores dos centros, representantes da Secretaria de Esporte e convidados, como a ex-tenista Claúdia Chabalgoity e João Sena, treinador de atletismo e pai do destaque olímpico Caio Bonfim. Eles participaram de um debate sobre o esporte de base nas visões do atleta e do treinador.

Para o vice-presidente da FAC, Paulo César Marques, é um orgulho apresentar uma proposta inovadora como o Mede. “O atleta pode até nascer com talento e vocação, mas tem que aprimorar para subir o primeiro degrau. Quanto mais o país espere que os próprios atletas se formem sozinhos, menos atletas de qualidade nós vamos ter. Só teremos atletas de qualidade e em quantidade, se houver um trabalho bem estruturado na base.”

 (Bruno Sellani/FAC/D.A Press)
 A ex-atleta de vôlei Ricarda Lima, secretária adjunta de Esporte, encara a iniciativa da metodologia como uma alavanca. “Vejo esse momento como uma oportunidade para a nossa cidade e para os Centros Olímpicos e Paralímpicos, de dar um passo além. A Fundação, com toda a sua experiência e seus especialistas, traz uma metodologia que vai inovar, trazer uma qualidade grande, tendo todo o cuidado com o esporte de base, com os alunos que estão iniciando. O resultado virá a médio e longo prazo e todos nós sairemos ganhando”, observa Ricarda.

Uma das instituições que contribuíram com a construção da metodologia, no aspecto avaliativo, foi o Instituto Tênis, que tem como um dos coordenadores o ex-tenista Carlos Chabalgoity. “O esporte de base tem que ser trabalhado e deve seguir um método de controle para avaliação e identificação dos resultados. Essa proposta é sensacional, não tem estrutura melhor do que a dos Centros Olímpicos e Paralímpicos, com essa quantidade de crianças abertas a oportunidades. Não tenho dúvidas de que será um celeiro de formação de jogadores para o alto rendimento”, afirma Chabalgoity.

Outros pontos de vista

 

"O trabalho de base é importante para todo mundo, considerando o trabalho de base como um crescimento do potencial, uma motivação para aquilo que as pessoas não estão muito boas. Você tem potencial, mas precisa melhorar. Isso é importante se quiser ter um futuro com rendimento. Mas o trabalho de base serve para toda e qualquer profissão, pois traz o equilíbrio, várias coisas que servem para o atleta definir ser ou não de alto rendimento. Na nossa visão, é um trabalho integrado, na base da pessoa, e não só no esporte." Claúdia Chabalgoity, ex-tenista e responsável pelo projeto Tô no jogo, que trabalha o tênis integrativo voltado para o crescimento integral

 

"O primeiro ponto é que a metodologia significa que vamos falar a mesma língua. Ter a mesma iniciação, o mesmo critério, o mesmo pensamento. Se ficarmos com políticas diferentes de ensino, cria-se uma animosidade ou um não entendimento do objetivo principal. É muito válido, temos que nos reunir, nos ajudar, saber aprender. Isso tudo é válido. Fica o agradecimento de ter essa iniciativa porque a gente faz parte do processo e isso é importante. Trabalhei por 33 anos na Secretaria de Educação e nunca nos reunimos para trocar ideias, padronizar o nosso trabalho e falarmos a mesma língua. Isso trouxe vários problemas porque nunca sabíamos o que os outros faziam. Uns pensavam que você trabalhava demais e outros de menos. A metodologia vai dar uma estabilidade, todo mundo sabe o que está fazendo. Sabendo o que é preciso fazer, o produto final é melhor. Isso é muito importante." João Sena, treinador de atletismo do programa Futuro Campeão no Centro Olímpico e Paralímpico de Sobradinho. Participou da construção de conteúdo no Mede

 

Experiência de quem já experimentou a metodologia

 

"Através dos novos métodos, vamos poder avaliar o aluno em cima do trabalho feito e captar os acertos e erros para serem trabalhados. Vamos descobrir novos pontos para trabalhar em cima. A princípio, a fase de teste foi meio complicada porque os alunos na hora da avaliação. Mas acabaram se adaptando e se interessaram mais. Eles viram que terão novos testes. Isso gerou expectativa e eles estão levando mais a sério. Melhorou bastante." José Eduardo Amaral, professor de vôlei da Estrutural

 

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