ESPORTE E CIDADANIA

Crianças têm nova visão do esporte após curso Jovem Árbitro de vôlei e fut7

Oportunidade de qualificação social gratuita para 90 alunos dos Centros Olímpicos e Paralímpicos desenvolve habilidades como liderança e mediação de conflitos em partidas de futebol e vôlei


Camila de Magalhães -

Publicação: 02/06/2017 19:50 | Atualização: 02/06/2017 20:10

Cerimônia de certificação reuniu alunos de Ceilândia, Riacho Fundo, Samambaia, São Sebastião e Sobradinho (Foto: Camila de Magalhães/FAC/D.A Press)
Cerimônia de certificação reuniu alunos de Ceilândia, Riacho Fundo, Samambaia, São Sebastião e Sobradinho (Foto: Camila de Magalhães/FAC/D.A Press)

 

Você já parou para pensar sob o ponto de vista de quem aplica as regras esportivas e apita uma partida? Nos últimos meses, 90 crianças e jovens de seis comunidades do Distrito Federal tiveram a oportunidade de expandir o olhar para o esporte e aprender mais sobre uma profissão que pouca gente lembra: a de juiz esportivo. Pelo segundo ano consecutivo, o curso Jovem Árbitro foi oferecido gratuitamente para alunos de alguns Centros Olímpicos e Paralímpicos do DF, de março a maio de 2017.

 

Desta vez, as unidades de Sobradinho e Ceilândia - Setor O tiveram aulas na modalidade fut7 (futebol society). Nas unidades de Ceilândia - Parque da Vaquejada, Riacho Fundo I, Samambaia e São Sebastião, a opção foi vôlei. A ideia do curso foi apresentar as regras esportivas e colocar tudo em prática, apitando jogos, assistindo partidas profissionais e estimulando o desenvolvimento de habilidades de disciplina, respeito, liderança, mediação de conflitos. Essa iniciativa de qualificação social é uma realização da Secretaria de Esporte, Turismo e Lazer do Distrito Federal e da Fundação Assis Chateaubriand.

 

Na noite da última quinta-feira (1º/6), a garotada se reuniu no Auditório do Correio Braziliense para a cerimônia de certificação. O evento contou com a participação de familiares, representantes da Secretaria de Esporte, Fundação Assis Chateaubriand, Brasília Vôlei e Confederação Brasileira de Futebol. O presidente do Brasília Vôlei, James Rocha, que já atuou como árbitro, compartilhou a experiência de vida com os meninos e os incentivou a seguir o caminho apitando. Rafael e Marconi, árbitros da CBF, falaram das dificuldades no caminho, contaram como é a correria de viagens para apitar jogos oficiais e defenderam a presença da família nas decisões da vida.

 

Senso de responsabilidade

 

Para o aluno Eduardo Rodrigues, 10 anos, foi uma emoção chegar ao fim desse ciclo de aprendizado. Morador de Sobradinho, ele conta que decidiu fazer o curso porque teve curiosidade de vivenciar a experiência de um árbitro em campo. “Nunca tive ideia de como o juiz deve agir numa partida, então eu quis saber como é essa experiência. Percebi que não é só o jogador, o juiz também é muito importante para o fut7. Aprendi também que a gente tem que ser sério com as regras”, comentou o garoto.

 

Já Estefane Pereira, 14 , aluna de vôlei no Centro Olímpico e Paralímpico de São Sebastião procurou se aprofundar para poder argumentar melhor com os árbitros quando estivesse jogando: “Nunca tinha parado para observar a função do primeiro e segundo árbitros e do juiz de linha. Comecei a observar como é ficar no lugar deles e vi que é muito interessante apitar um jogo de voleibol. Abriu muito minha visão. Além de ter mais disciplina, a gente se uniu mais e passou a ter mais diálogo.”

 

Os valores desenvolvidos durante a formação foram o maior ganho, na avaliação de João Pedro da Silva, 16 anos, aluno de vôlei em Riacho Fundo I. “ O que vou levar para a vida toda é a atenção que você tem que ter como árbitro, o foco que tem que ter no jogo. O primeiro árbitro não pode errar. Levei isso muito a sério e comecei a ter mais responsabilidade. Foi muito importante para mim. O trabalho em grupo também é importante. Afinal, o árbitro depende de todos os outros para o jogo acontecer. E tem a questão da liderança também. A opinião do árbitro é várias vezes questionada durante o jogo. Você tem que ter opinião e saber liderar, coordenar o jogo”, observou o jovem.

 

Trabalho socioeducativo no esporte

 

Fazer um trabalho socioeducativo por meio do esporte é a proposta do programa da Secretaria de Esporte, Turismo e Lazer do DF, frisou Marco Aurélio Guedes, coordenador dos Centros Olímpicos e Paralímpicos. “A proposta é agregar esse tipo de atividade para, aos poucos, capacitar e aperfeiçoar essas crianças por intermédio do esporte. A gente não quer tratar só essas crianças como atletas, mas como cidadãs”, destacou.

 

Alinhado a isso, a Fundação Assis Chateaubriand, que é parceira da Secretaria e responsável pela gestão pedagógica de 7 Centros Olímpicos, idealizou o curso Jovem Árbitro. “O que temos buscado é oferecer uma maior gama de atividades vinculadas ao esporte. Como a arbitragem é algo fundamental ao esporte, foi um dos focos que começamos a trabalhar no passado. Queremos mostrar a esses meninos que nem sempre é possível ser um atleta, mas que se pode seguir no esporte em outras profissões, como a de árbitro. A expectativa agora é expandir para outras modalidades”, ressaltou Eduardo Gay, gerente de projetos da Fundação. Segundo um dos instrutores do curso, Bruno Sérgio Silva Teixeira, acompanhar a evolução dos alunos a cada dia foi gratificante. “O mais importante que percebemos foi a superação. Eles tentaram se ajudar uns aos outros, se corrigir uns aos outros, ao final todos sairam com gostinho de querer melhorar e seguir adiante”, disse.

 

Esporte e Cidadania

 

Em parceria com a Secretaria de Esporte, Turismo e Lazer do Distrito Federal, a Fundação Assis Chateaubriand é responsável pela gestão pedagógica de 7 dos 11 Centros Olímpicos e Paralímpicos do Distrito Federal: Ceilândia (Parque da Vaquejada e Setor O), Estrutural, Riacho Fundo I, Samambaia, São Sebastião e Sobradinho. Além das aulas esportivas regulares, são desenvolvidos eventos comemorativos e esportivos, além de cursos de qualificação social. Saiba mais sobre esse trabalho de Esporte e Cidadania.

 

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