Nascer em BH: 75% dos partos da rede particular são cesáreas
Pesquisa realizada pela UFMG indica que 45% dos partos feitos em Belo Horizonte são cesarianas. Na rede pública o índice cai para 30%
Publicação:23/07/2015 15:09
O alto índice de cesarianas realizados no Brasil tem sido o foco de muitos debates sobre saúde no país no último ano, desde a divulgação dos dados da pesquisa Nascer no Brasil. Agora uma pesquisa com a mesma metodologia, realizada pela UFMG, analisou os dados referentes a nascimentos em Belo Horizonte. O resultado é tão preocupante quanto os números nacionais: 45% dos partos realizados na capital mineira, entre novembro de 2011 a março de 2013, ocorreram por cesárea. O número é menor que o observado no país (52%), mas ainda assim se encontra bem acima dos 15% recomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
O levantamento, que entrevistou 1.088 mulheres em 11 maternidades de BH, também mostrou uma diferença socioeconômica entre as gestantes que buscaram a rede pública e a privada. Nas particulares, 41% das mulheres ouvidas tinham curso superior, 74% tinham trabalho remunerado, 59% pertenciam às classes econômicas A ou B, e 9% procuraram atendimento em outra instituição antes de serem internadas para a assistência ao parto. Na rede do SUS, esses números caíram respectivamente para 6%, 44%, 15% e 29%.
O medo e a influência médica são tidos como os principais fatores que estimulam essa tendência no Brasil. “Parto com muita intervenção é causa de sofrimento para a mulher e em uma cultura assim, ele se torna um momento de horror”, afirma a pediatra e coordenadora da Comissão Perinatal e dos Comitês de Prevenção de Óbito Materno e Infantil da Secretaria de Saúde de Belo Horizonte Sônia Lansky. De acordo com a pediatra, apenas três a cada dez mulheres começa a gravidez considerando a cesariana, mas oito delas acabam optando por esse tipo de parto.
O excesso no número de cesáreas é um dos motivos que dificulta a redução nos índices de mortalidade materna no país. Segundo a pediatra, a cesariana aumenta em até sete vezes o risco de complicações em relação ao parto normal. “Em Belo Horizonte, todo ano temos uma morte por cesariana desnecessária”, revela. O procedimento também aumenta o risco de complicações em futuras gestações. “A cicatriz da cesariana no útero dificulta e aumenta o risco de implantação anormal da placenta (acretismo placentário) na gestação seguinte. Como consequência, na hora do parto, a mulher pode ter uma hemorragia”, explica.
Além de afetar as mães, as cesáreas também trazem riscos aos bebês, sendo o principal deles a prematuridade. Uma vez que o tempo de gravidez não é algo exato, o agendamento do parto pode resultar no nascimento antes da hora. A prematuridade é a principal causa de mortalidade infantil no primeiro mês de vida das crianças. (Com informações de Valéria Mendes e Gabriella Pacheco)
Apesar de altos, os números na capital mineira foram melhores que os dados nacionais
O alto índice de cesarianas realizados no Brasil tem sido o foco de muitos debates sobre saúde no país no último ano, desde a divulgação dos dados da pesquisa Nascer no Brasil. Agora uma pesquisa com a mesma metodologia, realizada pela UFMG, analisou os dados referentes a nascimentos em Belo Horizonte. O resultado é tão preocupante quanto os números nacionais: 45% dos partos realizados na capital mineira, entre novembro de 2011 a março de 2013, ocorreram por cesárea. O número é menor que o observado no país (52%), mas ainda assim se encontra bem acima dos 15% recomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
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A pesquisa também confirma que, como no restante do país, existe uma tendência maior de busca por cesáreas na rede privada. Enquanto os dados nacionais indicam que 84% dos partos realizados foram cesarianas, em BH o número representou 75% dos nascimentos. A média da rede pública belohorizontina é melhor que a nacional, mas ainda longe do satisfatório com 30% dos partos sendo cesáreas. O estudo ainda indicou que para quase metade das mulheres pesquisadas, essa escolha pelo tipo de parto não foi feita no pré-natal.- Novas regras de partos não garantem fim da 'cultura da cesárea' no Brasil
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O levantamento, que entrevistou 1.088 mulheres em 11 maternidades de BH, também mostrou uma diferença socioeconômica entre as gestantes que buscaram a rede pública e a privada. Nas particulares, 41% das mulheres ouvidas tinham curso superior, 74% tinham trabalho remunerado, 59% pertenciam às classes econômicas A ou B, e 9% procuraram atendimento em outra instituição antes de serem internadas para a assistência ao parto. Na rede do SUS, esses números caíram respectivamente para 6%, 44%, 15% e 29%.
O medo e a influência médica são tidos como os principais fatores que estimulam essa tendência no Brasil. “Parto com muita intervenção é causa de sofrimento para a mulher e em uma cultura assim, ele se torna um momento de horror”, afirma a pediatra e coordenadora da Comissão Perinatal e dos Comitês de Prevenção de Óbito Materno e Infantil da Secretaria de Saúde de Belo Horizonte Sônia Lansky. De acordo com a pediatra, apenas três a cada dez mulheres começa a gravidez considerando a cesariana, mas oito delas acabam optando por esse tipo de parto.
O excesso no número de cesáreas é um dos motivos que dificulta a redução nos índices de mortalidade materna no país. Segundo a pediatra, a cesariana aumenta em até sete vezes o risco de complicações em relação ao parto normal. “Em Belo Horizonte, todo ano temos uma morte por cesariana desnecessária”, revela. O procedimento também aumenta o risco de complicações em futuras gestações. “A cicatriz da cesariana no útero dificulta e aumenta o risco de implantação anormal da placenta (acretismo placentário) na gestação seguinte. Como consequência, na hora do parto, a mulher pode ter uma hemorragia”, explica.
Além de afetar as mães, as cesáreas também trazem riscos aos bebês, sendo o principal deles a prematuridade. Uma vez que o tempo de gravidez não é algo exato, o agendamento do parto pode resultar no nascimento antes da hora. A prematuridade é a principal causa de mortalidade infantil no primeiro mês de vida das crianças. (Com informações de Valéria Mendes e Gabriella Pacheco)